Quem quase faliu o país nos quatro anos não tem condições de continuar. A ‘reeleição é corruptora’, assevera o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa
Outro dia, falei da existência dos rinocerontes na política. Falo deles como símbolos, não aos seres humanos: a certos seres políticos. Sempre existiram e não é como a dos animais, espécie extinta. Exigindo pesquisa mais apurada nos documentos que relatam nosso passado. Basta observarmos melhor e eles aparecem, com ou sem os coruscantes chifres. E vão-se delineando mais no transcorrer do tempo, que se assemelha a uma “história da noite”, como a do argentino Jorge Luis Borges. Sua lista é visível, quase mágica, às vezes lógica e com incrível realidade. Sobretudo, revelam-se pelo crescer vertiginoso do abdômen, a ponto de Machado de Assis, conhecedor da alma, afirmar que “o abdômen é a expressão mais positiva da gravidade humana”. Ou a gravidade mais humana do rinoceronte. E, curiosamente, um ou outro deles é confiante no vindouro testemunho do povo, pois sabe que não há tribunal que, por simples suspeita ou mesmo indício, o condene. Firmaram a reputação além da velocidade ou da investida. E não se iludam na moeda do mando, a cara de um é o focinho de outro. A arte deles é a do que, avisado, se oculta. Os rinocerontes estão convictos de que escreverão o último capítulo da historiografia nacional. E se não essa, ao menos a deles. Nietzsche aconselhava, ardorosamente, não se olhar o abismo, para não ser visto por ele. Os rinocerontes preferem os verdejantes prados do bem comum, aos precipícios. Ainda que o real em política seja o que não se quer ver.
Entretanto, cada rinoceronte que se preza há de resguardar a torre ebúrnea de sua biografia, pensando no triunfante porvir das patas ou do pedregoso focinho. E descabe a nós, habitantes da grei, julgá-los, com “o incerto sal do espírito”, por pisarem o sal, afanosamente. Apesar de poderem ter um sequioso sepulcro, já que a terra não escolhe os seus postulantes, os rinocerontes carecem de muito espaço para o pouso da tão penosa carcaça. É verdade, há quem os distinga, através da esvoaçante fumaça dos partidos ou instituições. E mais claramente do que Champollion desvendou nos hieróglifos egípcios. Porque entrevemos o vulto deste portentoso animal no balbuciar das frases, no emendar de pensamentos, nas entrevistas de tevê, no vínculo inalterável entre o que vai no secreto ou nas catacumbas e o que emerge à luz, testemunhando a ferocidade das ambições, ou a ambição da ferocidade, que não conhece limites, escapando tal raça ao obsedante domínio da lei.
Voltaire afirmava ser “a história um mito reescrito em cada geração”. E a história se aperfeiçoa no quotidiano mito, no escuro território dos acontecimentos que são filhos da noite, ali, onde os efeitos são mais valiosos do que as causas. Mas a única segurança a nos proteger dessa espécie predadora é a lisura das consciências, diante do que nada se amoita. E a força da Imprensa, que, segundo Arthur Miller, “é uma nação falando aos seus botões”. Agora no segundo turno das eleições sabemos, com a luz do dia, os rinocerontes agrupados, no zoo de um partido, são o PT e aliados, novos bárbaros, que, com rara exceção, indóceis, buscam a retomada do poder nesses anos todos, não o bem da República, que desconhecem. Tendo a ganância corruptiva de engolir a Petrobras, para bolsos ávidos (diz a presidente que todos os partidos possuem corruptos, mas nenhum, como o dela), com uso da máquina a seu favor, desencadeando ruinosa e crescente inflação, com entusiasmo frenético pela incompetência administrativa, trazendo o fervor da mentira sob um velho fantasma, decadente, e mais, o PIB baixíssimo, o descuido do exterior, a cubanização do Estado, o ódio à classe média, extravio de dinheiro público em obras inócuas, o que era para a educação, saúde, cultura, estradas, cuidando muito de si mesmos, engordando patrioticamente. Quem quase faliu o país nos quatro anos não tem condições de continuar. A “reeleição é corruptora”, assevera o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa. E é o momento de unir forças pelo voto e enfrentar esses rinocerontes da coisa pública, aliando-se ao senador Aécio Neves, que é homem íntegro, capaz de, nesta hora, mudar o Brasil, junto à Marina, guerreira, que perdeu seu companheiro Eduardo Campos, em acidente até agora inexplicável. Há que arrancar a nação do caos, onde nos achamos, o fundo do poço. E deve lutar toda a oposição, como uma só alma. E um basta. Porque o tempo dos rinocerontes está acabado, exauriu. Basta sepultá-los! Capturando-os exatamente no lugar em que catam alimento ou saciam a sede. E a história deles é, sim, a história universal da noite.
Outro dia, falei da existência dos rinocerontes na política. Falo deles como símbolos, não aos seres humanos: a certos seres políticos. Sempre existiram e não é como a dos animais, espécie extinta. Exigindo pesquisa mais apurada nos documentos que relatam nosso passado. Basta observarmos melhor e eles aparecem, com ou sem os coruscantes chifres. E vão-se delineando mais no transcorrer do tempo, que se assemelha a uma “história da noite”, como a do argentino Jorge Luis Borges. Sua lista é visível, quase mágica, às vezes lógica e com incrível realidade. Sobretudo, revelam-se pelo crescer vertiginoso do abdômen, a ponto de Machado de Assis, conhecedor da alma, afirmar que “o abdômen é a expressão mais positiva da gravidade humana”. Ou a gravidade mais humana do rinoceronte. E, curiosamente, um ou outro deles é confiante no vindouro testemunho do povo, pois sabe que não há tribunal que, por simples suspeita ou mesmo indício, o condene. Firmaram a reputação além da velocidade ou da investida. E não se iludam na moeda do mando, a cara de um é o focinho de outro. A arte deles é a do que, avisado, se oculta. Os rinocerontes estão convictos de que escreverão o último capítulo da historiografia nacional. E se não essa, ao menos a deles. Nietzsche aconselhava, ardorosamente, não se olhar o abismo, para não ser visto por ele. Os rinocerontes preferem os verdejantes prados do bem comum, aos precipícios. Ainda que o real em política seja o que não se quer ver.
Entretanto, cada rinoceronte que se preza há de resguardar a torre ebúrnea de sua biografia, pensando no triunfante porvir das patas ou do pedregoso focinho. E descabe a nós, habitantes da grei, julgá-los, com “o incerto sal do espírito”, por pisarem o sal, afanosamente. Apesar de poderem ter um sequioso sepulcro, já que a terra não escolhe os seus postulantes, os rinocerontes carecem de muito espaço para o pouso da tão penosa carcaça. É verdade, há quem os distinga, através da esvoaçante fumaça dos partidos ou instituições. E mais claramente do que Champollion desvendou nos hieróglifos egípcios. Porque entrevemos o vulto deste portentoso animal no balbuciar das frases, no emendar de pensamentos, nas entrevistas de tevê, no vínculo inalterável entre o que vai no secreto ou nas catacumbas e o que emerge à luz, testemunhando a ferocidade das ambições, ou a ambição da ferocidade, que não conhece limites, escapando tal raça ao obsedante domínio da lei.
Voltaire afirmava ser “a história um mito reescrito em cada geração”. E a história se aperfeiçoa no quotidiano mito, no escuro território dos acontecimentos que são filhos da noite, ali, onde os efeitos são mais valiosos do que as causas. Mas a única segurança a nos proteger dessa espécie predadora é a lisura das consciências, diante do que nada se amoita. E a força da Imprensa, que, segundo Arthur Miller, “é uma nação falando aos seus botões”. Agora no segundo turno das eleições sabemos, com a luz do dia, os rinocerontes agrupados, no zoo de um partido, são o PT e aliados, novos bárbaros, que, com rara exceção, indóceis, buscam a retomada do poder nesses anos todos, não o bem da República, que desconhecem. Tendo a ganância corruptiva de engolir a Petrobras, para bolsos ávidos (diz a presidente que todos os partidos possuem corruptos, mas nenhum, como o dela), com uso da máquina a seu favor, desencadeando ruinosa e crescente inflação, com entusiasmo frenético pela incompetência administrativa, trazendo o fervor da mentira sob um velho fantasma, decadente, e mais, o PIB baixíssimo, o descuido do exterior, a cubanização do Estado, o ódio à classe média, extravio de dinheiro público em obras inócuas, o que era para a educação, saúde, cultura, estradas, cuidando muito de si mesmos, engordando patrioticamente. Quem quase faliu o país nos quatro anos não tem condições de continuar. A “reeleição é corruptora”, assevera o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa. E é o momento de unir forças pelo voto e enfrentar esses rinocerontes da coisa pública, aliando-se ao senador Aécio Neves, que é homem íntegro, capaz de, nesta hora, mudar o Brasil, junto à Marina, guerreira, que perdeu seu companheiro Eduardo Campos, em acidente até agora inexplicável. Há que arrancar a nação do caos, onde nos achamos, o fundo do poço. E deve lutar toda a oposição, como uma só alma. E um basta. Porque o tempo dos rinocerontes está acabado, exauriu. Basta sepultá-los! Capturando-os exatamente no lugar em que catam alimento ou saciam a sede. E a história deles é, sim, a história universal da noite.
17 de outubro de 2014
Carlos Nejar, O Globo
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