No final do primeiro turno, estamos assistindo a uma reta de chegada espetacular, como se diz no linguajar turfístico. A primeira colocada Dilma Rousseff segue com folga, mas se acirra a luta pelo segundo posto, com Marina Silva caindo de produção e o terceiro colocado Aécio aparecendo por fora, numa atropelada em busca de fazer a dupla exata e se inscrever para o Grande Prêmio Governo do Brasil, a corrida final e decisiva, mano a mano, no segundo turno.
Em meio a essa arrancada dos últimos metros, com decisão de segundo lugar no photochart, os torcedores se perguntam por que Marina, que chegara a ser favorita nas apostas, caiu tanto em relação aos outros dois concorrentes. Ninguém consegue entender esse vaivém das pesquisas, porque parece não haver um motivo consistente.
O fato é o seguinte: quando ela se tornou candidata e passou a subir rapidamente nas pesquisas, os outros candidatos começaram a atacá-la de todas as maneiras. Essa reação já era esperada, faz parte do jogo, a política brasileira ainda é feita assim, de uma forma sórdida, sem debate de ideias ou programas de governo. A baixaria come solta.
É claro que Marina e seu marqueteiro Diego Brandy tinham de estar preparados para isso. Brandy é um sociólogo argentino que trabalhou nas duas campanhas vitoriosas de Campos ao governo de Pernambuco, em 2006 e 2010. Mas será que Marina ouviu as indicações dele? Provavelmente, não.
ATAQUES DE DILMA E AÉCIO
O certo é que a estratégia de Dilma Rousseff e Aécio Neves passou a ser o ataque direto a Marina Silva. Ao adotar essa postura agressiva, demonstraram disposição, força e empenho para ganhar a eleição. Enquanto isso, Marina aceitava passivamente essas agressões, não quis atacar os erros de Lula, chegou a chorar em público lembrando a antiga amizade. Sua equivocada estratégia limitou-se a se defender, adotando uma atitude passiva, passando por vítima, enquanto os outros dois candidatos mostravam-se proativos e aguerridos.
Marina demorou a aprender que ninguém gosta de líder fraco. O candidato precisa ter o estilo de Euclides da Cunha – ser, antes de tudo, um forte. O resultado é que parte dos eleitores de Marina voltou a pender para Dilma e outra parte preferiu refluir para Aécio Neves, que mostra grande poder de recuperação e voltou a disputar com chances a passagem para o segundo turno.
É claro que Marina sentiu o golpe e subiu o tom da campanha, mas ainda está longe de falar o que se espera de uma candidata de oposição ao mais corrupto dos governos brasileiros, em todos os tempos. O próprio Aécio, em nome da “velha amizade”, também é comedido nas críticas a Lula, mas na política não se aceita esse tipo de vacilação. Não se pode contemporizar com um adversário de tamanho porte. É um erro.
DEBATE NA TV
Candidato precisa tomar posições e falar claro, para ser bem entendido. A realidade brasileira não admite dúvidas: há 12 anos no poder, o PT tornou-se uma quadrilha e o cappo chama-se Luiz Inácio. O país vai mal. Até as contas públicas passaram a ser maquiadas e perderam a confiabilidade. Qualquer outro governo deve ser preferível para os brasileiros.
“Além da corrupção, é a economia, estúpido!”, podemos adaptar ao Brasil de hoje a frase genial de James Carville, estrategista de Bill Clinton na campanha americana de 1992.
O debate da TV Globo, hoje à noite, a partir de 22h45m, deve decidir quem disputará o segundo turno. Aí vai começar uma outra eleição, que parte do zero, com mesmo espaço na TV. E daqui até lá, 26 de outubro, o que vai sair de denúncia de corrupção não está no gibi. E ninguém se compara ao governo do PT nesse quesito de repúdio eleitoral. Podem acreditar.
02 de outubro de 2014
Carlos Newton
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