"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 13 de maio de 2014

DEUS NOS AJUDE

 

 
“Não importa se o gato é preto ou branco, desde que ele pegue os ratos”. Inicio com essa frase, de Deng Xiaoping, o líder chinês que substituiu Mao Zedong no poder, esse breve texto sobre o utilitarismo e justifico esse esforço em virtude da emergência desse discurso entre um grande número de opositores ao PT no Brasil.
 
Diz Nicola Abbagnano no seu monumental Dicionário de Filosofia que, embora a identificação do bom com o útil remonte a Epicuro, o utilitarismo é uma corrente do pensamento ético, político e econômico inglês do séculos XVIII e XIX. Stuart Mill teria sido o primeiro a usar a palavra “utilitarista” no sentido de transformar a ética em ciência positiva da conduta humana. De uma maneira geral, poderia resumir-se o utilitarismo na ideia da “maior felicidade possível compartilhada pelo maior número possível de pessoas”. 
 
Embora não explícita nesse princípio, fácil é deduzir-se dele a mesma conclusão no seguinte axioma: “a menor infelicidade possível para o menor número possível de pessoas”. Parto pois, dessa última forma, para fazer a interligação necessária com a incipiente tentativa de oposição à ditadura petista no Brasil e para, desde já, dizer que tal apelo à “aritmética da felicidade” só nos pode levar ao fracasso.
 
Tenho conversado com pessoas muito sinceras e que, justificadamente desgostosas com o rumo do país, vem caindo na tentação do voto útil...no princípio do mal menor e na ideia da “redução de danos”. Insensivelmente o que fazem é aceitar uma espécie de “morte da filosofia política” pois comungam com o princípio geral que reza que “de todos os sistemas a democracia é o menos injusto e perigoso”.

Tal afirmação não encontra respaldo na história recente e deveria nos fazer, imediatamente, recordar que a emergência do fenômeno totalitário no século XX deu-se em virtude de uma democracia doente onde, antes de tudo , uma visão quantificável, científica e supostamente racional dos problemas humanos possibilitou encontrar no modelo de Estado ou de Raça Superior a solução para o problema da felicidade na Terra.
 
Encontra-se o Brasil Petista num estado de “desespero filosófico”. Nada mais restou do pensamento nacional que seja capaz de encontrar na história um sentido de ordenamento transcendental que tantas vezes Eric Voegelin mostrou faltar à moderna ciência política.
Renasce pois, entre os brasileiros do século XXI, a teoria requentada da “redução de danos” em que admite-se o voto útil, a utilização de verbas para cultura conforme os planos do partido, e a censura silenciosa dos meios de comunicação em massa em que, calada uma apresentadora de telejornal, retornam os subsídios do governo petista à empresa que deles precisa.
 
Há nas palavras acima, um sério aviso...uma advertência velada no que se refere ao pensamento utilitário e que muitas vezes despercebida passa para aquele que se aventura em seus princípios.
Todo utilitarismo é, meus amigos, em certa medida uma espécie de “consequencialismo”...uma forma de posicionamento moral na qual admite-se que uma ação pode, sendo praticada originalmente com má intenção, levar à consequências “boas”. Num certo sentido, aceita-se pois dentro do pensamento utilitário, a ideia de que “os fins justificam os meios” - frase que certamente teria entra seus apoiadores homens como Adolf Hitler e Josef Stalin.
 
Sem ter a mínima ideia a respeito de quais as soluções para livrar o Brasil do governo criminoso do PT, encerro pois esse breve arrazoado como severa advertência àqueles que pensam que, independentemente da cor, o gato precisa matar os ratos de qualquer maneira. Antes de “soltar o gato” é bom ter certeza de que não se trata um filhote de tigre ...que vai crescer e um dia matar o seu próprio tratador.
O Brasil está, há décadas, cheio de ratos...nós não temos gato algum...e agora não sabemos mais sequer a diferença entre um gato e um filhote de tigre...Deus nos ajude...

13 de maio de 2014
Milton Simon Pires é Médico.

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