O artigo que segue após este prólogo é do médico Milton Pires. Para que não conhece, Pires além de exercer a medicina em Porto Alegre, é também escritor e possui um blog o Ataque Aberto. Também colabora em vários sites e blogs, como o Mídia Sem Máscara. Seus artigos têm grande repercussão nas redes sociais. Recentemente participou de um hangout com o Lobão, que também está aqui no blog.
Milton Pires costuma ser ferino e direto em seus artigos na intransigente defesa do Estado de Direito democrático, seriamente ameaçado no Brasil pelo Foro de São Paulo, organização comunista fundada por Lula e Fidel Castro em 1990 e dirigida pelo PT. Com a morte de caudilho Hugo Chávez, que deu vida ao seu sucessor, o desastrado assassino sanguinário Nicolás Maduro, aumentou o protagonismo de Lula e seus sequazes no continente latino-americano, envolvendo, por conseguinte, o Brasil, já que o PT está há 11 anos no poder.
O artigo de Milton Pires analisa a situação atual brasileira e os recentes seguidos apelos pelas redes sociais conclamando uma intervenção militar para evitar a venezuelização do Brasil, ou seja, impedir a transformação do nosso país em mais uma república comunista do século XXI.
O título original do artigo é “Exército Fantasma”. Na verdade, é quase uma carta aberta aos militares brasileiros. A análise de Milton Pires é interessante. Face à forma do assédio comunista deste século XXI, o articulista levanta algumas questões muito importantes. O ataque comunista no século XXI é completamente diferente do que ocorreu há meio século, como é diferente a situação das Forças Armadas neste momento.
Vale a pena ler:
O EXÉRCITO FANTASMA
Em 1964 as forças armadas “escolheram” intervir no Brasil. Com frase simples inicio esse artigo que espero chegar aos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica.
O que aqui vai ser dito entra em total oposição com um texto anterior de minha autoria que chamei de “Oração às Forças Armadas”. Escrevo essas linhas em função da proximidade dos 50 anos da Revolução de 64 e dos apelos que agora proliferam nas redes sociais pedindo, mais diretamente ao Exército, a tomada do poder no Brasil.
Não é minha intenção defender o que foi feito no passado, exaltar o papel dos militares ou lamentar o que está acontecendo no país. Começo, retomando a primeira frase, numa tese muito simples e pretendo que seja ela o próprio corpo dessa argumentação. Afirmei na primeira linha que as forças armadas “escolheram” intervir no Brasil; hoje essa escolha não existe mais.
Tudo que tem sido dito na internet, todas as manifestações dos militares da reserva e de uma população civil desesperada com aquilo que o PT está fazendo no Brasil partem, portanto, de uma premissa absolutamente errada: a idéia de que seus apelos, como aquele que fiz no artigo que chamei de “Oração”, possam determinar um ato de vontade, uma tomada de decisão. Uma espécie de resolução militar para salvar o Brasil do destino da Venezuela.
Isso simplesmente não vai acontecer por dois motivos:
primeiro pela covardia e egoísmo de uma parte dos militares que pensa, como qualquer funcionário público brasileiro, na sua aposentadoria.
Segundo, e esse é o motivo mais perigoso, por uma pequena parcela (pequena, mas poderosa e muito bem informada) deles que vem apostando numa política de terra arrasada... Uma lógica do “quanto pior melhor” no sentido de garantir perante à população civil o respaldo à futura tomada de poder.
Quero aqui me dirigir aos três comandantes, sendo eu mesmo um militar da reserva, para dizer que os dois grupos hão de fracassar. Nós não estamos mais em 1964. Não há tempo suficiente para entrar para reserva ou obter respaldo popular.
Não se trata mais de impedir, como há 50 anos, que os comunistas cheguem ao poder. Os comunistas, senhores comandantes, ESTÃO no poder. São eles os seus chefes. São a eles que devem vocês prestar continência.
Dia após dia, ano após ano, os senhores tem visto batalhões de fronteira na penúria e agora desativados. Bases aéreas e, num futuro próximo navais, tem sido em sequência desativadas. O orçamento destinado aos senhores não cobre mais o rancho e o fardamento. Não há no Exército munição para sustentar um dia de guerra total.
Pergunto-lhes, pois: não concordam vocês que não trata-se mais aqui de salvar o Brasil de coisa alguma mas sim da própria existência das forças armadas como instituição?
Todos nós, senhores comandantes, estamos cansados das manifestações da reserva...de certos “Rambos de pijama” que não percebem que aproxima-se o fim do Exército e que pensam, numa lógica que desconhece totalmente o pensamento revolucionário, ser possível negociar com o PT.
Sobre isso afirmo o seguinte: meu posto é de segundo tenente da reserva. Jamais trabalhei em qualquer serviço de informação e pouco me importa o conhecimento da inteligência militar brasileira. Escrevo aqui como quem conhece, e muito bem, a inteligência petista: Não se enganem, senhores, com a promessa de novos caças, de mais porta-aviões ou de um submarino nuclear.
Não acreditem em mais tanques ou no soldo melhor para os oficiais generais porque o que se aproxima é a penúria total. Entendam que em 1964 vocês tomaram o poder porque “queriam” salvar o país do comunismo.
Em 2014 ou depois, terão que fazê-lo para salvar a própria pele.
O verdadeiro exército petista está entre os integrantes do MST e da gigantesca massa carcerária brasileira, hoje mais de meio milhão de condenados, que esse Partido criminoso controla com mão de ferro.
Senhores comandantes, até hoje nada do que os senhores viram foi suficiente para lhes convencer da necessidade de intervenção. Tudo continua parecendo uma questão de “decisão”...de “momento certa". E de respaldo da população civil como se estivéssemos nós todos em 1964 quando foi por um ato de vontade própria que o Exército colocou-se no poder.
Vossa vontade, senhores, não mais está em questão. Aceitem meu aviso quando digo que dessa vez não é “só o Brasil” que está ameaçado mas o próprio Exército que aproxima-se, ainda que seja lentamente, da própria extinção.
Ou os senhores compreendem isso e tomam a atitude que, salvando a si próprios há de salvar a democracia brasileira, ou em breve não serão mais que um Exército Fantasma.
(Porto Alegre, 10 de março de 2014.)
11 de março de 2014
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