Ministra de Minas e Energia e chefe da Casa Civil durante o governo Lula, além de responsável por uma peça de ficção conhecida como Programa de Aceleração do Crescimento, a presidente Dilma Rousseff jamais se constrangeu em praticar o mais desabrido populismo sempre que tratou do setor elétrico. Em janeiro de 2013, em rede nacional, a petista anunciou que o Brasil teria "energia cada vez melhor e mais barata" e que não haveria "nenhum risco de racionamento ou de qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo".
Um ano depois, o cenário é bem menos promissor do que o discurso edulcorado de campanha.
Com a falta de chuva dos últimos meses, o nível dos reservatórios baixou e o acionamento das usinas térmicas, que produzem energia mais cara, fez com que as distribuidoras aumentassem seus custos. Atordoado diante do rombo no setor, o governo do PT decidiu socorrer as empresas com a liberação de R$ 12 bilhões: R$ 4 bilhões do Tesouro e mais R$ 8 bilhões em forma de empréstimos por meio de bancos públicos e privados.
Além desse montante, o governo já previa no orçamento de 2014 um aporte de R$ 9 bilhões para ressarcir as empresas que aderiram ao pacote anunciado por Dilma para a redução das tarifas. O setor receberá cerca de R$ 30 bilhões até o fim deste ano e, para não variar, a fatura será cobrada dos consumidores por meio de reajuste na conta de luz e elevação de impostos.
Como a presidente só pensa na reeleição e lidera um governo cuja desfaçatez não tem limites, o aumento da tarifa ficou "pendurado" para 2015. A sete meses de enfrentar as urnas, Dilma optou novamente pelo populismo barato em nome das conveniências eleitorais, mas o mero adiamento do reajuste não resolverá o problema, pois o contribuinte pagará uma taxa ainda maior no próximo ano.
Ao vender aos brasileiros a ilusão da conta de luz mais barata, Dilma e o PT alimentaram uma fantasia e potencializaram o desperdício de energia. Quando a estiagem tomou conta do país, a presidente se absteve de encampar um movimento pelo consumo consciente. O resultado, inapelável, é a média de cinco apagões por mês desde o início de seu governo.
O estelionato eleitoral nos remete ao fracasso do Plano Cruzado, lançado pelo presidente José Sarney em 1986 para combater a inflação. Na época, o governo congelou os preços, o que levou ao controle inflacionário nos primeiros meses. O congelamento não foi revisto justamente por causa do processo eleitoral, contrariando as recomendações de muitos economistas, inclusive de alguns ligados ao governo. Com o passar do tempo, começou a faltar mercadoria nos supermercados - já que muitos empresários retiraram seus produtos das prateleiras porque não podiam reajustá-los -, resultando em desabastecimento e na escalada da inflação. Ao fim e ao cabo, o uso político da economia trouxe um enorme prejuízo ao país.
O setor elétrico enfrenta, há anos, uma crise agravada recentemente pela falta de chuvas. O PT chegou ao poder como crítico implacável dos equívocos cometidos por FHC na área de energia, mas revelou despreparo e incompetência como nunca antes neste país - para usar expressão ao feitio de Lula. Dilma, preocupada em não perder votos, só adia uma tragédia anunciada, mas cedo ou tarde a bomba explodirá. E quem pagará a conta, literalmente, será o povo brasileiro.
Um ano depois, o cenário é bem menos promissor do que o discurso edulcorado de campanha.
Com a falta de chuva dos últimos meses, o nível dos reservatórios baixou e o acionamento das usinas térmicas, que produzem energia mais cara, fez com que as distribuidoras aumentassem seus custos. Atordoado diante do rombo no setor, o governo do PT decidiu socorrer as empresas com a liberação de R$ 12 bilhões: R$ 4 bilhões do Tesouro e mais R$ 8 bilhões em forma de empréstimos por meio de bancos públicos e privados.
Além desse montante, o governo já previa no orçamento de 2014 um aporte de R$ 9 bilhões para ressarcir as empresas que aderiram ao pacote anunciado por Dilma para a redução das tarifas. O setor receberá cerca de R$ 30 bilhões até o fim deste ano e, para não variar, a fatura será cobrada dos consumidores por meio de reajuste na conta de luz e elevação de impostos.
Como a presidente só pensa na reeleição e lidera um governo cuja desfaçatez não tem limites, o aumento da tarifa ficou "pendurado" para 2015. A sete meses de enfrentar as urnas, Dilma optou novamente pelo populismo barato em nome das conveniências eleitorais, mas o mero adiamento do reajuste não resolverá o problema, pois o contribuinte pagará uma taxa ainda maior no próximo ano.
Ao vender aos brasileiros a ilusão da conta de luz mais barata, Dilma e o PT alimentaram uma fantasia e potencializaram o desperdício de energia. Quando a estiagem tomou conta do país, a presidente se absteve de encampar um movimento pelo consumo consciente. O resultado, inapelável, é a média de cinco apagões por mês desde o início de seu governo.
O estelionato eleitoral nos remete ao fracasso do Plano Cruzado, lançado pelo presidente José Sarney em 1986 para combater a inflação. Na época, o governo congelou os preços, o que levou ao controle inflacionário nos primeiros meses. O congelamento não foi revisto justamente por causa do processo eleitoral, contrariando as recomendações de muitos economistas, inclusive de alguns ligados ao governo. Com o passar do tempo, começou a faltar mercadoria nos supermercados - já que muitos empresários retiraram seus produtos das prateleiras porque não podiam reajustá-los -, resultando em desabastecimento e na escalada da inflação. Ao fim e ao cabo, o uso político da economia trouxe um enorme prejuízo ao país.
O setor elétrico enfrenta, há anos, uma crise agravada recentemente pela falta de chuvas. O PT chegou ao poder como crítico implacável dos equívocos cometidos por FHC na área de energia, mas revelou despreparo e incompetência como nunca antes neste país - para usar expressão ao feitio de Lula. Dilma, preocupada em não perder votos, só adia uma tragédia anunciada, mas cedo ou tarde a bomba explodirá. E quem pagará a conta, literalmente, será o povo brasileiro.
21 de março de 2014
Roberto Freire, Brasil Econômico
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