Quanto mais converso por aí, mais percebo que é inútil acreditar em verdades absolutas e fórmulas ideais de convivência. Cada pessoa tem familiares que influenciaram suas escolhas, medos herdados e medos adquiridos, sonhos altos demais ou mesmo nenhum, e um número incalculável de perguntas sem respostas, de desejos embaraçosos, de mágoas vitalícias. Quem vai decretar para mim o que é melhor para mim? E quem vai dizer o que é melhor para você? Com que topete?
A melhor vida não é aquela que atende os mandamentos universais, as ordens celestes e os clichês eternizados, mas a que se tornou possível, a que você vem construindo a despeito de todas as suas dúvidas.
A melhor vida seria a da Gisele Bündchen, pensa a menina feia. A melhor vida seria a da Dilma, pensa a vereadora de uma cidadezinha do interior. Enquanto isso, vivem a vida possível, sem perceber o quanto deveriam ser gratas por não precisarem arcar com consequências que desconhecem.
A melhor vida para mim é bem diferente da melhor vida para você. Reúna o planeta inteiro e não se encontrará duas pessoas que planejem possuir a mesma vida, porque uns não querem ter horário para nada, outros se envaidecem de ter suas atitudes comentadas por estranhos, há os que se paralisam à primeira frustração, os que estão sempre inventando novos desafios, e a vida possível de cada um torna-se impossível para os demais, o que não deixa de ser uma piada termos que conviver intimamente uns com os outros apesar desse tabuleiro inesgotável de escolhas e destinos.
Se eu almejar uma vida ideal, terei que me basear na vida dos outros, pois o ideal é fruto de uma racionalização coletiva e consagrada, enquanto que se eu me contentar com uma vida possível, volto a assumir algum controle sobre os royalties das minhas decisões.
O que não impede que ela seja ótima, a mais adequada para o fôlego que tenho, a mais realizável dentro de minhas ambições, a menos sofrida, já que regulada pelo autoconhecimento que adquiri até aqui. Tenho como manejar uma vida possível de um jeito que jamais teria de manejar uma vida perfeita, até porque vida perfeita não é deste mundo, e o sobrenatural é matéria que não domino.
A melhor vida não é a focada em suposições, fantasias, esperas, surpresas e demais previsões que raramente se confirmam. A melhor vida não é aquela que é cumprida feito um pagamento de dívida, como um acerto de contas com nossos antigos anseios juvenis.
A melhor vida não é a que desenhamos quando criança na folha do caderno, a casinha de venezianas abertas, a fumaça saindo pela chaminé e os girassóis protegidos por uma cerquinha branca, e tudo o que isso sugere de proteção e vizinhança com os desejos comuns a todos. A melhor vida possível é aquela que você ainda vem desenhando, mesmo já com algumas pontas de lápis quebradas.
A melhor vida não é aquela que atende os mandamentos universais, as ordens celestes e os clichês eternizados, mas a que se tornou possível, a que você vem construindo a despeito de todas as suas dúvidas.
A melhor vida seria a da Gisele Bündchen, pensa a menina feia. A melhor vida seria a da Dilma, pensa a vereadora de uma cidadezinha do interior. Enquanto isso, vivem a vida possível, sem perceber o quanto deveriam ser gratas por não precisarem arcar com consequências que desconhecem.
A melhor vida para mim é bem diferente da melhor vida para você. Reúna o planeta inteiro e não se encontrará duas pessoas que planejem possuir a mesma vida, porque uns não querem ter horário para nada, outros se envaidecem de ter suas atitudes comentadas por estranhos, há os que se paralisam à primeira frustração, os que estão sempre inventando novos desafios, e a vida possível de cada um torna-se impossível para os demais, o que não deixa de ser uma piada termos que conviver intimamente uns com os outros apesar desse tabuleiro inesgotável de escolhas e destinos.
Se eu almejar uma vida ideal, terei que me basear na vida dos outros, pois o ideal é fruto de uma racionalização coletiva e consagrada, enquanto que se eu me contentar com uma vida possível, volto a assumir algum controle sobre os royalties das minhas decisões.
O que não impede que ela seja ótima, a mais adequada para o fôlego que tenho, a mais realizável dentro de minhas ambições, a menos sofrida, já que regulada pelo autoconhecimento que adquiri até aqui. Tenho como manejar uma vida possível de um jeito que jamais teria de manejar uma vida perfeita, até porque vida perfeita não é deste mundo, e o sobrenatural é matéria que não domino.
A melhor vida não é a focada em suposições, fantasias, esperas, surpresas e demais previsões que raramente se confirmam. A melhor vida não é aquela que é cumprida feito um pagamento de dívida, como um acerto de contas com nossos antigos anseios juvenis.
A melhor vida não é a que desenhamos quando criança na folha do caderno, a casinha de venezianas abertas, a fumaça saindo pela chaminé e os girassóis protegidos por uma cerquinha branca, e tudo o que isso sugere de proteção e vizinhança com os desejos comuns a todos. A melhor vida possível é aquela que você ainda vem desenhando, mesmo já com algumas pontas de lápis quebradas.
02 de fevereiro de 2014
Martha Medeiros, Zero Hora
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