Acabei descobrindo esta entrevista concedida pelo ex-senador Jaison Barreto, à TV da Assembléia Legislativa de Santa Catarina. Não posso dizer que passei batido porque não vejo televisão. Entretanto, faço esta postagem em homenagem ao grande Jaison Barreto que reputo como um dos políticos mais brilhantes do Estado de Santa Catarina, e sem favor nem exagero barato, do Brasil.
Conheci melhor Jaison Barreto na histórica campanha ao governo do Estado de Santa Catarina em 1982. Nessa época era editor de política do jornal O Estado, aqui de Florianópolis, o mais importante e influente da época. Lamentavelmente, não existe mais. Apesar de tudo e sem as enormes facilidade que a tecnologia hoje oferece, O Estado ainda era mil vezes melhor do que os pasquins tecnológicos do século XXI.
Nesse tempo me perfilava à esquerda, como também o próprio Jaison Barreto. O PMDB de então era uma espécie de frente ampla contra o regime militar e não tinha nada a ver com o que é hoje em dia.
Os quadros mais consistentes desse partido fundaram o PSDB que o próprio Jaison, como explica nesta entrevista, a ele se filiou-se, enquanto eu fui, inclusive, fundador nacional do PSDB, tendo participado como membro suplente do diretório nacional e secretário da comissão executiva provisória em Santa Catarina. Participei da grande reunião em Brasília de fundação desse partido, mas há muito tempo estou fora da política partidária.
Esta entrevista de Jaison está muito interessante. E mostra que o tempo é inclemente. Não só no que se relaciona à velhice que chega a todos quantos são longevos. Me refiro mais à inclemência do tempo no que respeita ao fato de que os episódios pregressos, em muitos casos, ou na maioria deles, perdem significado em termos de “sentido”. Difícil é conceituar o que é sentido.
Todavia é aquele conjunto de fatos que operam novos fatos em conexão lógica no período de tempo em que ocorreram. Fazem sentido na época em que se deram, em sua maioria. Quem tem a graça - ou a desgraça - de alcançar da longevidade com boa memória, como é o caso de Jaison, pode ter duas reações: ou se emociona ou permanece indiferente quando é levado a relembrar o passado.
No caso de Jaison, as lágrimas escorrem de seus olhos. Isto, sinaliza, sem dúvida, a personalidade do ex-Senador que viveu intensamente toda a sua vida, particularmente no que se refere à política, já que vivenciou um dos períodos mais tensos da história republicana. Em grande parte deles foi personagem atuante.
Mas antes de mais nada, o ato de se emocionar combina com o perfil de Jaison Barreto, que sempre foi um tipo despojado e generoso. Em vez de se mostrar amargo com as vicissitudes da própria vida e sobretudo da política, evoca a grandeza do perdão e mantém o bom humor com o sorriso largo que lhe é peculiar.
Jaison Barreto está com 80 anos de idade, porém mantém excelente memória e voz, embora seus olhos - uma ironia do destino, já que é médico oftalmologista - estejam prejudicados conforme ele mesmo explica, fato que o obriga a usar uma lupa para ler os jornais.
E, mesmo apesar dessa funesta adversidade, Jaison grava seus artigos e notas que são escritos posteriormente por sua secretária. “Sou um animal político” - admite Jaison, que não conseguiu até hoje desvencilhar-se da política, mesmo com a aposentadoria e a moléstia ocular.
Devo assinalar que incluo Jaison Barreto entre os políticos mais inteligentes e preparados que conheci ao longo da minha carreira jornalística. Dono de uma oratória vibrante, consistente e contundente, Jaison Barreto cativava até mesmo seus oponentes e, para os jornalistas que o entrevistavam, sempre era capaz articular alguma novidade.
Das entrevistas com Jaison sempre saía um “lead” de qualidade. Dependendo das circunstâncias políticas em que se dava a entrevista, invariavelmente rendia manchete.
Assinale-se, contudo, que quando Jaison Barreto foi candidato ao Governo do Estado de Santa Catarina não teve o apoio do PT e nem do PDT, que lançaram candidatos próprios.
Foi quando percebi que a democracia, a alternância do poder, a educação e a grandeza política não seriam, como de fato não foram, as características do PT e do PDT, este último aliado ao 'sapo barbudo', como definira Brizola.
É bom que se frise, que o PT que se negou a apoiar Jaison, foi capaz recentemente de fazer aliança e abraçar Paulo Maluf, José Sarney, Renan Calheiros e figuras correlatas.
Desde aquela época, no raiar da abertura política com a eleição direta para Governador, o PT se arvorava como o paladino da ética e da moralidade pública. Hoje tem seus principais quadros ocupando um cela da Papuda, enquanto o livro Assassinato de Reputações, do ex-Secretário de Justiça do governo Lula, revela que o falastrão de Garanhuns era informante do DOPS e conhecido pelo codinome "Barba".
De lá para cá nunca mais se fez um só político da estatura de Jaison Barreto. Nesta entrevista se pode constatar o que estou afirmando.
Saúde e força, Jaison! Continuamos apoiando você, como em 1982! Poucos têm lugar na história. Você está entre esses poucos, raríssimos homens de valor e inteligência.
A honradez, o culto à moralidade e à boa ética desapareceram da cena política para abrigar todos os tipos de amorais, estúpidos, ladravazes e coveiros da democracia e da liberdade. O PT puxa o cordão.
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