Muitos de nós deixaremos a soberba, o egoísmo e a vaidade de lado por pelo menos uma semana. Seremos bem mais flexíveis com o próximo, reataremos amizades há muito esquecidas, colocaremos em nosso dicionário a palavra "caridade", seremos capazes de perdoar e teremos a exata medida do valor da família. Daremos mais importância ao espiritual, ao ser, em detrimento do material, o ter. Pelos próximos dias, nossos corações serão tomados por uma chama inexplicável de paz e de harmonia. Mesmo quem não é religioso consegue sentir essa força, ainda mais intensa na noite de Natal.
Quem dera esse sentimento inundasse os nossos políticos durante os 365 dias do ano. Alguns engravatados, que se julgam acima do bem e do mal, olhariam para os eleitores com respeito e, sobretudo, com gratidão, por terem conquistado deles, seus verdadeiros patrões, um voto de confiança.
Tomados pelo espírito natalino, cumpririam suas agendas no Congresso Nacional com a dedicação de um ourives que lapida um diamante. Proporiam projetos de lei que valorizassem o bem-estar social e não a própria conta bancária, ante interesses escusos e mesquinhos de empreiteiras e de lobistas. Teriam a noção de que uma sociedade que tem assegurados os direitos à saúde, à educação e à moradia conhece o valor real da democracia legítima e não se perde no antro da corrupção.
Do conforto de seus gabinetes nos palácios, os governantes perceberiam que nosso Brasil está à beira de uma guerra civil - na qual criminosos impõem a sentença de morte a muitos cidadãos inocentes, trabalhadores e dignos. E fariam valer a Constituição, tantas vezes tratada como um punhado de leis utópicas e inalcançáveis. Muitos deles teriam vergonha dos altos salários que recebem ante a péssima produtividade.
Com o país ameaçado por uma possível recessão econômica, com os juros galopantes e a inflação em curva ascendente, e a despeito da publicidade positiva do governo federal, talvez precisemos nos apegar à esperança, outro sentimento bem presente no Natal. Vale acreditar que seremos agraciados com dias melhores e que sobreviveremos, mesmo perdidos em uma selva de ganância, cobiça e desprezo pela vida humana. Um feliz Natal.
18 de dezembro de 2013
Rodrigo Craveiro, Correio Braziliense
Quem dera esse sentimento inundasse os nossos políticos durante os 365 dias do ano. Alguns engravatados, que se julgam acima do bem e do mal, olhariam para os eleitores com respeito e, sobretudo, com gratidão, por terem conquistado deles, seus verdadeiros patrões, um voto de confiança.
Tomados pelo espírito natalino, cumpririam suas agendas no Congresso Nacional com a dedicação de um ourives que lapida um diamante. Proporiam projetos de lei que valorizassem o bem-estar social e não a própria conta bancária, ante interesses escusos e mesquinhos de empreiteiras e de lobistas. Teriam a noção de que uma sociedade que tem assegurados os direitos à saúde, à educação e à moradia conhece o valor real da democracia legítima e não se perde no antro da corrupção.
Do conforto de seus gabinetes nos palácios, os governantes perceberiam que nosso Brasil está à beira de uma guerra civil - na qual criminosos impõem a sentença de morte a muitos cidadãos inocentes, trabalhadores e dignos. E fariam valer a Constituição, tantas vezes tratada como um punhado de leis utópicas e inalcançáveis. Muitos deles teriam vergonha dos altos salários que recebem ante a péssima produtividade.
Com o país ameaçado por uma possível recessão econômica, com os juros galopantes e a inflação em curva ascendente, e a despeito da publicidade positiva do governo federal, talvez precisemos nos apegar à esperança, outro sentimento bem presente no Natal. Vale acreditar que seremos agraciados com dias melhores e que sobreviveremos, mesmo perdidos em uma selva de ganância, cobiça e desprezo pela vida humana. Um feliz Natal.
18 de dezembro de 2013
Rodrigo Craveiro, Correio Braziliense
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