Talvez o sr. nem se lembre da minha carta do ano passado (Estado, 25/12/2012, B2), na qual arrolei vários pedidos, entre os quais ajudar o País a levar a sério a educação e os governantes a respeitarem a população desatendida por serviços públicos de péssima qualidade, que só se explicam pelo descaso das autoridades.
Nesses pontos o sr. não me atendeu. Para mim, a pior notícia do ano é que 50% dos jovens de 15 anos não compreendem o que leem e 2 entre 3 são incapazes de entender porcentuais, frações e de interpretar gráficos simples. Na Matemática, que é a linguagem da ciência moderna, nossos jovens continuam tropeçando nas quatro operações. Quanto à qualidade dos serviços públicos, é melhor não chover no molhado, porque a temporada de chuvas já tem feito grandes estragos, a maioria previsível e evitável, se houvesse pelo menos uma pitada destes ingredientes tão importantes para a democracia: respeito ao povo e receio do seu julgamento. As manifestações de junho chegaram a assustar e nos deram alguma esperança de mudança, mas logo tudo voltou a ser como dantes no quartel de Abrantes.
Confesso que hoje lhe escrevo com sentimentos divididos. Celebramos o pleno-emprego (que é explicado pela baixíssima produtividade do trabalho), a elevação do consumo doméstico e o desempenho da agricultura e do agronegócio, cujas exportações chegaram a US$ 94 bilhões e evitaram o colapso das contas externas. Mas não dá para esquecer que o País não cresceu, que a indústria continua minguando e que mantivemos uma política de remendos, mais voltada para manter a máquina em marcha lenta do que resolver os problemas que restringem o desenvolvimento.
Quando olho para o lado, vejo que o mundo progride muito mais do que nós e que vamos ficando para trás em todas as áreas relevantes. Outro dia li que, em 2012, a China superou os EUA em registros de patentes, com pedidos cem vezes superiores ao número de registros feitos pelo Brasil, e lembrei-me de que há apenas 20 anos nós estávamos à frente e exportávamos inovações para a China. É essa a medida do nosso atraso relativo.
Seria injusto não reconhecer uma mudança que, do meu ponto de vista, foi a melhor coisa que aconteceu no ano em matéria de economia, e que certamente contou com sua intervenção, já que constava da lista de pedidos da minha última cartinha: que o governo federal aceitasse suas dificuldades para enfrentar os desafios da infraestrutura e definisse regras claras e condições adequadas para atrair o investimento privado. Valeu, Papai Noel! Finalmente o governo cedeu, as obras nos aeroportos "concedidos" estão aceleradas, as riquezas do pré-sal serão exploradas, rodovias serão melhoradas, portos modernizados e quem sabe este tardio pacote de investimentos não seja a semente de um novo ciclo de crescimento, agora mais sustentável?
Papai Noel, meu pedido para 2014 é que o sr. nos ajude a ter mais Estado e menos governo. Sei que não é fácil, mas o brasileiro acredita em Papai Noel e temos de manter as esperanças para o ano-novo. Que nossas agências reguladoras regulem de fato os prestadores de serviços e protejam os cidadãos dos abusos diários que são cometidos. Por exemplo, já imaginou se a Anatel assegurasse o funcionamento dos celulares e que a banda larga comprada, paga e prometida fosse de fato entregue aos usuários? E que tal se a Aneel exigisse das distribuidoras de energia, que nos cobram uma fortuna por kw/hora, os investimentos para assegurar um fornecimento estável e que resista às chuvas e trovoadas que, não se sabe por que, insistem em tumultuar a vida do País a cada verão. E se os planos de saúde funcionassem como prometem? E se as políticas públicas fossem executadas pensando mais no cidadão e menos na eleição, a eficiência e os resultados não seriam bem melhores?
Querido Papai Noel, sei que é muito pedido para um Natal só, mas não posso deixar de incluir um último: que o Verdão, que acaba de ser campeão da segundona, volte glorioso para celebrar o centenário com muitos títulos.
Nesses pontos o sr. não me atendeu. Para mim, a pior notícia do ano é que 50% dos jovens de 15 anos não compreendem o que leem e 2 entre 3 são incapazes de entender porcentuais, frações e de interpretar gráficos simples. Na Matemática, que é a linguagem da ciência moderna, nossos jovens continuam tropeçando nas quatro operações. Quanto à qualidade dos serviços públicos, é melhor não chover no molhado, porque a temporada de chuvas já tem feito grandes estragos, a maioria previsível e evitável, se houvesse pelo menos uma pitada destes ingredientes tão importantes para a democracia: respeito ao povo e receio do seu julgamento. As manifestações de junho chegaram a assustar e nos deram alguma esperança de mudança, mas logo tudo voltou a ser como dantes no quartel de Abrantes.
Confesso que hoje lhe escrevo com sentimentos divididos. Celebramos o pleno-emprego (que é explicado pela baixíssima produtividade do trabalho), a elevação do consumo doméstico e o desempenho da agricultura e do agronegócio, cujas exportações chegaram a US$ 94 bilhões e evitaram o colapso das contas externas. Mas não dá para esquecer que o País não cresceu, que a indústria continua minguando e que mantivemos uma política de remendos, mais voltada para manter a máquina em marcha lenta do que resolver os problemas que restringem o desenvolvimento.
Quando olho para o lado, vejo que o mundo progride muito mais do que nós e que vamos ficando para trás em todas as áreas relevantes. Outro dia li que, em 2012, a China superou os EUA em registros de patentes, com pedidos cem vezes superiores ao número de registros feitos pelo Brasil, e lembrei-me de que há apenas 20 anos nós estávamos à frente e exportávamos inovações para a China. É essa a medida do nosso atraso relativo.
Seria injusto não reconhecer uma mudança que, do meu ponto de vista, foi a melhor coisa que aconteceu no ano em matéria de economia, e que certamente contou com sua intervenção, já que constava da lista de pedidos da minha última cartinha: que o governo federal aceitasse suas dificuldades para enfrentar os desafios da infraestrutura e definisse regras claras e condições adequadas para atrair o investimento privado. Valeu, Papai Noel! Finalmente o governo cedeu, as obras nos aeroportos "concedidos" estão aceleradas, as riquezas do pré-sal serão exploradas, rodovias serão melhoradas, portos modernizados e quem sabe este tardio pacote de investimentos não seja a semente de um novo ciclo de crescimento, agora mais sustentável?
Papai Noel, meu pedido para 2014 é que o sr. nos ajude a ter mais Estado e menos governo. Sei que não é fácil, mas o brasileiro acredita em Papai Noel e temos de manter as esperanças para o ano-novo. Que nossas agências reguladoras regulem de fato os prestadores de serviços e protejam os cidadãos dos abusos diários que são cometidos. Por exemplo, já imaginou se a Anatel assegurasse o funcionamento dos celulares e que a banda larga comprada, paga e prometida fosse de fato entregue aos usuários? E que tal se a Aneel exigisse das distribuidoras de energia, que nos cobram uma fortuna por kw/hora, os investimentos para assegurar um fornecimento estável e que resista às chuvas e trovoadas que, não se sabe por que, insistem em tumultuar a vida do País a cada verão. E se os planos de saúde funcionassem como prometem? E se as políticas públicas fossem executadas pensando mais no cidadão e menos na eleição, a eficiência e os resultados não seriam bem melhores?
Querido Papai Noel, sei que é muito pedido para um Natal só, mas não posso deixar de incluir um último: que o Verdão, que acaba de ser campeão da segundona, volte glorioso para celebrar o centenário com muitos títulos.
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