Alex Carreiro abriu crise na agência, mas não aceitou a demissão anunciada pelo chanceler Ernesto Araújo e foi trabalhar normalmente
Brasília – A demissão repentina do presidente da Apex, Alex Carreiro, transformou-se em mais uma crise do governo de Jair Bolsonaro, com a recusa de deixar o cargo e um mal-estar entre o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o Palácio do Planalto.
Os relatos feitos à Reuters por pessoas que acompanham a crise apontam para um impasse criado pela decisão de Carreiro de recusar a demissão.
O presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações) teve sua demissão anunciada por Araújo no Twitter, ainda com a indicação do embaixador Mauro Vilalba para substituí-lo.
Carreiro chegou a ir ao Planalto na manhã desta quinta-feira tentar um encontro com o presidente, mas não foi recebido. O presidente da Apex pretendia apelar a Bolsonaro por sua permanência no cargo.
Segundo relatos ouvidos pela Reuters, o presidente da Apex foi trabalhar normalmente e teria dito a pessoas que estiveram com ele que só poderia ser demitido por Bolsonaro. Na verdade, fontes ouvidas pela Reuters afirmam que o chanceler, como presidente do Conselho da Apex, poderia sim demitir Carrreiro, apesar de a demissão ter que ser assinada pelo presidente.
No Planalto, o desconforto seria causado pelo fato de Araújo não ter avisado previamente Bolsonaro de que iria demitir Carreiro. O presidente da Apex, que foi assessor do PSL na Câmara, teria sido uma indicação dos filhos de Bolsonaro.
No Itamaraty, a reação de Carreiro causou apreensão no gabinete. De acordo com uma das fontes ouvidas, havia o temor de que o próprio Araújo perdesse o cargo no embate com Carreiro por estar sendo responsabilizado por mais um bate-cabeça no governo.
Oficialmente, o Planalto manteve o silêncio. Procurado, não respondeu de imediato às indagações da Reuters. Da mesma forma, a Apex também não respondeu o pedido de informações.
Araújo creditou, em sua conta no Twitter, o afastamento a um pedido do próprio Carreiro. Fontes confirmam, no entanto, que o presidente da Apex não aceitou pedir demissão, e Araújo o comunicou que teria de sair mesmo assim, forçando o anúncio pelas redes sociais.
O estopim da crise teria sido a decisão de Carreiro de demitir 17 pessoas em sua chegada e estar planejando o afastamento de mais 19, inclusive funcionários com mais de 10 anos de casa. As reclamações chegaram aos gabinetes do Palácio do Planalto e Araújo teria sido cobrado pela crise na Apex.
De acordo com uma fonte, a empresária Letícia Castellari, indicada para a diretoria de Negócios da Agência, teve uma briga pública com Carreiro na agência ao assumir o cargo e descobrir que boa parte dos servidores da sua diretoria tinha sido demitida. Afastada do PSL durante a campanha por ter se indisposto com dirigentes do partido, Castellari se aproximou de Araújo durante a transição e se tornou um dos braços direitos do chanceler.
10 de janeiro de 2019
Revista Exame, Lisandra Paraguassu, da Reuters
Alex Carrero, estopim da crise na agência do governo responsável por promoção comercial (Montagem/EXAME) |
Brasília – A demissão repentina do presidente da Apex, Alex Carreiro, transformou-se em mais uma crise do governo de Jair Bolsonaro, com a recusa de deixar o cargo e um mal-estar entre o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o Palácio do Planalto.
Os relatos feitos à Reuters por pessoas que acompanham a crise apontam para um impasse criado pela decisão de Carreiro de recusar a demissão.
O presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações) teve sua demissão anunciada por Araújo no Twitter, ainda com a indicação do embaixador Mauro Vilalba para substituí-lo.
Carreiro chegou a ir ao Planalto na manhã desta quinta-feira tentar um encontro com o presidente, mas não foi recebido. O presidente da Apex pretendia apelar a Bolsonaro por sua permanência no cargo.
Segundo relatos ouvidos pela Reuters, o presidente da Apex foi trabalhar normalmente e teria dito a pessoas que estiveram com ele que só poderia ser demitido por Bolsonaro. Na verdade, fontes ouvidas pela Reuters afirmam que o chanceler, como presidente do Conselho da Apex, poderia sim demitir Carrreiro, apesar de a demissão ter que ser assinada pelo presidente.
No Planalto, o desconforto seria causado pelo fato de Araújo não ter avisado previamente Bolsonaro de que iria demitir Carreiro. O presidente da Apex, que foi assessor do PSL na Câmara, teria sido uma indicação dos filhos de Bolsonaro.
No Itamaraty, a reação de Carreiro causou apreensão no gabinete. De acordo com uma das fontes ouvidas, havia o temor de que o próprio Araújo perdesse o cargo no embate com Carreiro por estar sendo responsabilizado por mais um bate-cabeça no governo.
Oficialmente, o Planalto manteve o silêncio. Procurado, não respondeu de imediato às indagações da Reuters. Da mesma forma, a Apex também não respondeu o pedido de informações.
Araújo creditou, em sua conta no Twitter, o afastamento a um pedido do próprio Carreiro. Fontes confirmam, no entanto, que o presidente da Apex não aceitou pedir demissão, e Araújo o comunicou que teria de sair mesmo assim, forçando o anúncio pelas redes sociais.
O estopim da crise teria sido a decisão de Carreiro de demitir 17 pessoas em sua chegada e estar planejando o afastamento de mais 19, inclusive funcionários com mais de 10 anos de casa. As reclamações chegaram aos gabinetes do Palácio do Planalto e Araújo teria sido cobrado pela crise na Apex.
De acordo com uma fonte, a empresária Letícia Castellari, indicada para a diretoria de Negócios da Agência, teve uma briga pública com Carreiro na agência ao assumir o cargo e descobrir que boa parte dos servidores da sua diretoria tinha sido demitida. Afastada do PSL durante a campanha por ter se indisposto com dirigentes do partido, Castellari se aproximou de Araújo durante a transição e se tornou um dos braços direitos do chanceler.
10 de janeiro de 2019
Revista Exame, Lisandra Paraguassu, da Reuters
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