"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 4 de agosto de 2018

LULA FOI CONDENADO COM PROVAS ABUNDANTES. NÃO CAIA NA CONVERSA DE QUEM TÁ COM O DELE NA RETA


Há uma narrativa de que "Lula foi condenado sem provas". Conversa de petistas para tapear eleitores: não faltam provas documentais no caso.

A narrativa atual feita pelos petistas e pela esquerda diante da condenação de Lula pelo juiz Sérgio Moro, já que o mito do “Lula dos pobres” foi desfeito, é a de que o ex-presidente teria sido condenado “sem provas”, tão somente usando-se a força da lei para impedir que Lula disputasse as eleições de 2018.

A narrativa (e tudo o que importa em política, como em boa parte da vida, são narrativas) é complementada com tentativas de associar o juiz Sérgio Moro aos adversários eleitorais do PT, o PSDB (que só apoiou o impeachment de Dilma depois de toda a sociedade), além da Rede Globo, que é incalculavelmente mais pró-PT do que anti-PT.

Assim, petistas tentam comparar a condenação de Lula, com as provas documentais do caso do triplex (incluindo documentos na casa de Lula em São Bernardo, que são provisoriamente “esquecidos” na hora de engabelar o povo), com as provas contra Aécio e Temer. O primeiro é uma anta o suficiente para deixar pastas com a sigla “cx 2” em sua casa (sic). O segundo tem contra si, justamente, a Rede Globo, que fez um auê desgraçado sobre uma frase de Temer gravada por Joesley Bastista, que nem comprovou tanto o sentido que aGlobo (e o país) queria que tivesse.

Mas, bem ao contrário da típica narrativa petista, abundam provas documentais, além das testemunhais e circunstanciais, no caso da condenação de Lula. O que a Justiça tem de fazer é montar um todo coerente, mostrando que qualquer outra visão (como a de que Lula não usufruiu do triplex) possui incoerências. E assim o fez

decisão do juiz Sérgio Moro possui 218 páginas. É hilariante pensar que qualquer petista a tenha lido em 2 minutos antes de sair esbravejando no Twitter que “Moro condenou sem provas” para a militância roboticamente repetir, no conhecido processo de dog whistle. Até falando do “terno preto cafona” e da “voz que não combina com a cara” de Sérgio Moro. E olha que era ninguém menos do que o breguíssimo Big Brother Jean Wyllys tentando dar lição de elegância.

Jean Wyllys diz que Moro condenou o Lula a 9 anos porque o Lula tem 9 dedos

QUE? pic.twitter.com/IWOsBiaACC

Há provas que precisam tão somente de contextualização. Por exemplo, Lula ter informado à Justiça Eleitoral que pagou R$ 47.695,38 pelo apartamento. Um vizinho pagou em torno de R$ 925 mil pelo mesmo apartamento, mostrando que Lula foi beneficiado através de desconto na folha de propina da OAS. Não é preciso muito esforço para entender o caso, seria uma questão de matemática no vestibular que até quem faz Letras acertaria.

Há prova documental de memorial descritivo que aponta a uma reforma estrutural do triplex, mostrando que é o único com elevador privativo. Além de prova documental sobre a instalação da cozinha.

Algumas outras só precisam ser analisadas pelas circunstâncias, decorrendo das provas materiais para que sejam entendidas. Por exemplo, o fato de o triplex nunca ter sido colocado à venda (então, quem teria mandado fazer a reforma? quem seria “o chefe” e quem seria “a madame”?), a um só tempo em que Lula nunca tenha negociado, em momento algum, o preço do triplex.

Há ainda documentos apreendidos na sede da Bancoop, cooperativa aboletada de petistas que deu o calote em mais de 3 mil famílias, que pagaram por casas que nunca tiveram, enquanto Lula achava que um triplex no Guarujá era um apartamento “muito apertado” para sua família passar um fim de semana (presidente dos pobres que tirou trilhões da miséria etc, sem ressarcimento e condenações até hoje). É a Bancoop que faz a triangulação e passa o imóvel para a OAS.

É por isso que jornalistas safados, apostando na ignorância de seus próprios leitores, soltam manchetes recortadas da realidade, como “Moro usou reportagem do Globo como prova”, crendo muito acertadamente que seus leitores são ignaros estúpidos, sem dizer que a citação só comprova que Lula usava o triplex como seu, e não que isto foi usado como “documento”.

Apenas para corroborar as provas documentais vão sendo adicionadas outras provas, como os testemunhos, mensagens, manuscritos com códigos etc. É aí que são analisadas, por exemplo, mensagens no celular de Paulo Gordilho, arquiteto e ex-executivo da OAS, citando reformas em “sítio” e “praia”. Ou no celular de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, se referindo ao projeto do “chefe” e para marcar com a “madame”. Ou ainda testemunhos de funcionários da OAS e do edifício Solaris declarando que Lula e Marisa eram tratados como donos do apartamento, e não “prováveis compradores que nunca adquiriram o triplex”.

A defesa de Lula insiste em uma tese para chamar a patuléia ignorante para as ruas, sabendo que os eleitores de Lula são ignorantes e se surpreendem com palavras, sem conhecer seu significado. É a tese de que o apartamento está em nome da OAS, portanto, “não é de Lula”. Jornalistas do porte de colunistas do Estadão, ao invés de estudar minimamente mais do que uma criança, compram e espalham a advocacia de Lula.


04 de agosto de 2018
Flávio Morgenstern

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