Sobre a atuação do desembargador Rogério Favreto, o ex-ministro Gilson Dipp disse que “havendo Câmara preventa, a regra é que o plantonista não se meta, até por cortesia profissional e ética”. Em seguida, perguntado se cabe abertura de processo administrativo para apurar a conduta do desembargador federal que quis soltar Lula, assim respondeu: “Eu abriria, mas…”
Essa é a covardia que reina na elite do Poder Judiciário, a que tenho me referido aqui na Tribuna da Internet. Em nome de uma “ética”(?), os nobres juristas preferem não punir os bandidos de toga, permitem que continuem trabalhando e a pena máxima é a aposentadoria precoce, um prêmio a juiz que descumpre a lei.
ANTIÉTICA – Os magistrados dos tribunais superiores e do Conselho Nacional de Justiça preferem fechar os olhos aos criminosos “erros” dos seus colegas de gabinete e palácios, aceitam ver inocentes serem condenados e culpados serem absolvidos, e permanecem inertes para não se tornarem “malvistos” e “antiéticos”.
Esse mesmo tipo de “ética” foi argumentada pelo empresário Marcelo Odebrecht quando disse que não iria fazer delação premiada contra seus pares. E o Beira-Mar, quando depôs no Senado, disse a mesma coisa, usando outras palavras. Tudo é uma questão de ética! Mas é a ética dos ladrões, dos assaltantes, dos traficantes e, aparentemente, até dos magistrados!
Por isso reina tanta baderna e esculhambação nesta raça do canto do mundo: por aqui é mais “ético” defender o assaltante do que o assaltado. Por aqui quem quer ver estuprador na cadeia é acusado de fazer apologia ao estupro e quem quer vê-lo solto é considerado defensor das mulheres.
CADEIA NELES – O que impede que um funcionário público sem caráter continue a cometer crimes é a cadeia. Quando ele apenas é removido ou troca de setor, continuará a cometer os mesmos delitos. Só isso. O resto é conversa fiada, para se alegar que algo foi feito a respeito, prática que comprova que o Brasil não se transformou em uma zona por fruto e obra do acaso.
O que você acharia de um policial que, ao ser apanhado cometendo assaltos, apenas fosse transferido de quartel ou de cidade? Ou se um agente penitenciário, pego soltando do presídio um traficante amigo, apenas mudasse de presídio e continuasse exercendo sua má influência?
A mesma analogia pode ser aplicada a todo e qualquer funcionário público, desde ao carteiro da rua até à autoridade máxima desta fazenda, o capataz Gilmar Mendes. E ainda dizem que todos são iguais perante a lei.
16 de julho de 2018
Francisco Vieira
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