Se o cenário que me cerca esse fim de semana comportasse um fundo musical como nos filmes, o apropriado seria um tango, não de Piazzolla que é algo mais elaborado com tendências jazzísticas, seria um tango “raiz”, Carlos Gardel, como “ Esta noche me emborracho” ou “Cuesta abajo” sofridos, sombrios, com os acordes do bandoneon lacerando a carne como golpes de navalha.
Mesmo cercado por uma natureza exuberante, essa se apaga e parece dormir com a falta de um céu azul para emoldurá-la, brindar-lhe com a alegria dos dias de verão, falta o canto das cigarras; o horizonte montanhoso e verde, se esconde em um manto de névoa que oculta ideias suicidas.
Apesar disso, estou livre leve e solto, nada devo a ninguém, a não ser o respeito a meus amigos e a sociedade à qual pertenço.
Envolto nesse clima melancólico, lembrei do “muar de São Bernardo” preso em Curitiba.
Cidade linda, (o que não faz muita diferença para ele pois está preso) mas fria como ela só no inverno.
Embora a figura repugnante do prisioneiro não me inspire absolutamente nenhuma pena, talvez o entorno soturno, já mencionado, tenha amolecido meu coração, fazendo-me sentir alguma compaixão pelo pusilânime indivíduo.
Lembrei então da campanha humanitária lançada pelo meu querido e brilhante amigo jornalista Jorge Serrão aqui do Alerta Total: “Cana para Lula”.
Campanha divulgada também em vários dos programas “Três Neurônios” no You Tube.
Abandonando o duplo sentido e o óbvio propósito sarcástico da frase, de repente pensei, que talvez o juiz Moro em um ato de bondade, pudesse vir a permitir a entrada de bebida alcoólica para o muar na detenção. Um gesto humanitário para ajudá-lo a passar o resto de sua vida trancado, como o animal perigoso que é. Quem sabe quantas vidas ceifou direta ou indiretamente enquanto esteve de dono da caneta?
Não seria nada sofisticado como os vinhos que tomava, de mais de oito mil reais a garrafa, enquanto mulheres davam à luz nas calçadas, às portas dos SUS sucateados para manter o custo das benesses da “nomenklatura” política que o mantinha no poder.
Falo de fornecer ao indivíduo apenas uma pinga barata para se aquecer e ajudar a suportar a solidão, sem limite de quantidade.
Tal atitude seria “Win Win” (não existem perdedores, todos ganham) como dizem nossos irmãos do norte.
O delinquente eventualmente se sentiria melhor, com seu cérebro oblinubilado envolto na névoa alcoólica provocada pela bebida.
Ele estaria feliz, pararia de encher o saco e de gastar nosso dinheiro com recursos e mais recursos fúteis, pedindo em vão sua soltura.
Em pouco tempo, talvez contraísse uma cirrose hepática e abandonaria feliz esse mundo, poupando-nos de ter de sustentar o imprestável, durante anos com todo aparato necessário para manter a tropa de burros zurrantes, longe da população que vive nas imediações de sua cela.
Como disse anteriormente, é ganhar e ganhar. Todos ficam felizes no final.
14 de maio de 2018
H. James Kutscka é Escritor e Publicitário.
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