Nada como um dia atrás do outro. Quando o Indulto de Natal se transformou em escândalo, o presidente Michel Temer imediatamente escalou o ministro da Justiça, Torquato Jardim, para divulgar a informação de que se tratava de gesto liberal e magnânimo do chefe do governo, que não estaria interessado em beneficiar nenhum réu da Lava Jato. É claro que ninguém acreditou nesta desculpa esfarrapada, que deixou Jardim mais uma vez desmoralizado. E o mais surpreendente foi o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) ter tentado reforçar o pífio argumento, repetindo que Temer não quis ajudar ninguém.
Jardim e Maia perderam boas oportunidades de ficar calados, porque a Agência Estado divulgou neste fim de semana uma explosiva reportagem apontando que um dos incisos do decreto de indulto de Natal, derrubado pela presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, beneficiava pelo menos seis réus da Lava Jato.
INDICADOS POR Temer -O levantamento feito pela reportagem da Agência Estado, em referência aos 11 réus da Lava Jato já condenados em segunda instância no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, aponta que seriam imediatamente soltos o ex-deputado Luiz Argôlo (ex-PP) e um dos operadores de propina do PMDB na Petrobras, João Henriques.
Mais adiante, no decorrer de 2018, se mantidos os mesmos critérios estipulados no decreto de Temer, também seriam libertados o ex-senador Gim Argello (ex-PTB), o ex-deputado André Vargas (ex-PT), o operador de propinas Adir Assad e o ex-diretor de Internacional da Petrobrás, Jorge Zelada, que também atuava no esquema de corrupção da estatal.
Ou seja, dos onze réus da Lava Jato que cumprem pena condenados em segunda instância, mais da metade seriam soltos pela generosa canetada do presidente da República.
DELCÍDIO DENUNCIOU – Como recordar é viver, devemos lembrar que o ex-senador petista Delcídio Amaral, em sua delação premiada, denunciou que em 1997, durante o primeiro mandato do então presidente Fernando Henrique Cardoso, Temer foi responsável pela indicação de João Henriques para a diretoria da BR Distribuidora, em que foram constatadas irregularidades referentes à compra de etanol.
Na mesma delação, o senador afirmou que posteriormente, em 2007, já no segundo governo de Lula, Temer indicou Henriques para uma diretoria da Petrobras e que, ao não ser atendido, teria então apoiado a nomeação de Jorge Zelada para o cargo.
O inusitado decreto previa indulto aos condenados por crimes sem violência que já tivessem cumprido um quinto da pena (20%), se não fossem reincidentes. E os dois, Henriques e Zelada, que foram indiciados no mesmo inquérito e pouparam Temer em seus depoimentos, estão justamente entre os agraciados pelo indulto “liberal” do presidente, nas palavras de seu ministro Torquato Jardim.
###
P. S. 1 – Então, fica combinado assim. Como diziam os antigos filmes de Hollywood, qualquer semelhança com fatos da vida real é mera coincidência.
P. S. 1 – Então, fica combinado assim. Como diziam os antigos filmes de Hollywood, qualquer semelhança com fatos da vida real é mera coincidência.
P. S. 2 – E se confirma também a suspeita de que o presidente Temer só assinou este decreto porque é um governante muito capaz – quer dizer, é capaz de tudo… (C.N)
31 de dezembro de 2017
Carlos Newton
Nenhum comentário:
Postar um comentário