José Louzeiro (São Luís do Maranhão, 19 de setembro de 1932 – Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 2017), criador do gênero romance-reportagem no Brasil, partiu antes do combinado. O velório será realizado hoje (30), a partir das 12:30 horas, na capela (G) do Cemitério São Francisco Xavier, conhecido como Cemitério do Caju, localizado no bairro do Caju, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O enterro será às 16 horas.
O repórter JL como preferia ser chamado, é autor de reportagens que mexeram com os interesses escusos de certos figurões que maltratavam os mais pobres, que o perseguiram e quiseram matá-lo.
NA CAPITAL – Chegou ao Rio em 1954 e trabalhou em “O Jornal” e “Diários Associados”, onde brilhavam Danton Jobim e Pompeu de Souza. Ingressou no Jornal “Última Hora”, pelas mãos do jornalista Pinheiro Júnior que após ler o livro de contos, “Depois da Luta”, 1958, defendeu junto a Samuel Wainer a sua contratação, tendo se tornado um dos seus melhores amigos.
JL morou na Casa do Estudante do Brasil, onde escreveu a novela: “Acusados de homicídio”, obra que originou três pequenos contos, todos premiados em um concurso realizado na “Tribuna da Imprensa”.
Escreveu artigos e fez reportagens em defesa dos índios, negros e operários, alguns publicados em parceria com outros jornalistas no livro “Assim Marcha a Família” que lhe valeu um inquérito junto a Polícia Militar, o famigerado IPM. José Louzeiro foi preso com Carlos Heitor Cony, na ditadura empresarial militar iniciada em 1º de abril de 1964.
NO CINEMA E NA TV – JL levou a experiência do romance-reportagem, ao cinema e à TV. Escreveu o livro “Araceli Meu Amor”, revelando quem estava por trás da sua morte. Assinou a autoria de filmes e novelas sobre o trágico mundo em que vivemos como, por exemplo: “Os Amores da Pantera”; “Pixote – a Lei dos mais Fracos”; “Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia”; “Fruto do Amor”; “Parceiros da Aventura”; “Amor Bandido”; “O Caso Cláudia”; “O Seqüestro” e; “O Homem da Capa Preta”. Na TV escreveu os roteiros de “Corpo Santo” (premio de melhor novela e melhor autor, concedido pela Associação dos Críticos de Arte de São Paulo”) e “Olho por Olho”, dentre outras novelas e mini-séries.
JL assumiu a presidência do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro depois da gestão de Antônio Houaiss, com a idéia de lançar o “Jornal do Escritor”, com o qual deu corpo à proposta de mobilizar e tornar expressiva a classe dos escritores, inclusive autores da marginalizada literatura de cordel.
JL desencadeou em 2016 a marcha dos jornalistas contra o golpe, visando restaurar a democracia no Brasil, após o golpe de estado que derrubou a “(…) valente Presidenta Dilma Rousseff (…)”, ao lado dos companheiros Solange Rodrigues, Lygia Jobim, Mário Augusto Jakobskind e deste que assina o artigo, campanha em curso no IDEA, programa de TV transmitido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói, no qual Louzeiro figura como Coordenador de Roteiros.
LUTA NA ABI – José Louzeiro encabeçou com Mário Augusto Jakobskind a Chapa Villa-Lobos que apesar de ter sido inscrita pelo confrade Carlos Newton, então Presidente da Comissão Eleitoral da ABI – Associação Brasileira de Imprensa 2016/2019, foi impedida arbitrariamente pelo atual ocupante da presidência, de concorrer à diretoria.
Para o Historiador e General do Exército Brasileiro, Nelson Werneck Sodré, autor da bíblia dos jornalistas “História da Imprensa no Brasil”, os trabalhos de José Louzeiro, “(…) alcançaram grande repercussão e encontraram grande público. O faro jornalístico e a sua maneira fácil de escrever encontraram um campo extenso e nele se exercitaram. A atividade jornalística deu ao autor tudo o que de melhor ela poderia proporcionar”.
José Louzeiro faleceu ao lado de sua filha Luciane Louzeiro, com quem passou a residir nos últimos anos, decepcionado com o covarde retrocesso social ao qual os golpistas estão submetendo o povo brasileiro.
- José Louzeiro!
- Presente!
31 de dezembro de 2017
André Moreau
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