Depois que conseguiu escapar do processo no Supremo por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, que foi suspenso pela Câmara, o maior problema de Michel Temer e do núcleo duro do Planalto passou a ser a possibilidade de haver delação premiada de dois integrantes do chamado “quadrilhão” do PMDB – o ex-assessor presidencial Rocha Loures e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos flagrados com malas de dinheiro. Se os dois contarem tudo o que sabem, com toda certeza vão desestabilizar o governo e inviabilizar o sonho de Temer ser candidato à reeleição.
Eles foram presos no mês de junho, em operações separadas. Loures deu muita sorte e ganhou prisão domiciliar no dia 1º de julho, por decisão do ministro Edson Fachin, por isonomia, depois que a Primeira Turma do Supremo tirou da cadeia a irmã e o primo do senador Aécio Neves. Pouco depois o ex-ministro Geddel também recebeu o benefício da prisão domiciliar, no dia 12 de julho, por decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal de Brasília, mas em 8 de setembro voltaria para a cadeia, devido aos R$ 51 milhões encontrados no apartamento de Salvador.
EVITAR DELAÇÕES – Com o processo de Temer/Padilha/Moreira suspenso no STF, a prioridade do Planalto passou a ser a luta para evitar que o ex-assessor e o ex-ministro façam delação premiada. Filho de um grande empresário paranaense, que tem negócios em São Paulo e foi eleito diretor da Fiesp, Loures é um amador no mundo da corrupção. Seu constrangimento ao receber a mala de dinheiro era visível, ele não sabia direito o que fazer. Quanto a Geddel, é um filhinho da mamãe, covarde e chorão, chegou até a alegar que querem estuprá-lo na cadeira, é um vexame atrás do outro.
Para acalmar o ex-assessor presidencial apanhado com a mala de dinheiro, o Planalto prometeu a Loures que ele teria foro privilegiado, a ação iria ficar parada, acabaria prescrevendo. Mas está dando tudo errado. O ministro-relator Edson Fachin mandou desmembrar o processo, para que o ex-assessor presidencial seja processado na primeira instância federal. E nesta segunda-feira (dia 11) a Justiça Federal recebeu a denúncia oferecida pela Procuradoria contra Loures, que assim se torna réu pelo crime de corrupção passiva, no caso da mala com R$ 500 mil, recebida num restaurante em São Paulo, em abril deste ano.
GEDDEL – No caso do ex-ministro Geddel, o Planalto lhe prometeu que o Supremo vai rejeitar a prisão de réu condenado em segunda instância, ele então seria libertado por habeas corpus e seus advogados ficariam recorrendo repetidas vezes, até prescrever a pena, pois ainda nem houve sentença em primeira instância e isso vai demorar muito.
Mas Geddel não é trouxa e sua situação se agravou muito, com o envolvimento do irmão Lúcio e da mãe Marluce, também incriminados na corrupção. Assim como no caso de Loures, também para Geddel a única saída é fazer delação e colocar a culpa em quem de direito, como se diz no linguajar forense. É só uma questão de tempo.
12 de dezembro de 2017
Carlos Newton
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