Em menos de três meses no cargo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, encaminhou ao diretor-geral da Polícia Federal (PF) cinco pedidos de abertura de inquérito para investigar supostos vazamentos de delações premiadas. A média é de dois por mês, relacionados tanto a propostas sigilosas de delação apresentadas à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ainda em fase de discussão, quanto a colaborações já assinadas ou homologadas pelo Supremo Tribunal Federal, mas ainda sob segredo.
Fontes próximas a Dodge relatam uma disposição da procuradora-geral em devolver a advogados termos de delações supostamente vazados à imprensa. Uma eventual decisão nesse sentido seria adotada a depender dos fatos apurados em inquéritos da PF. O ritmo de pedidos desse tipo não encontra precedente na gestão anterior, de Rodrigo Janot. Raquel e Janot são de grupos que se opõem na PGR.
DISCRIÇÃO – O grupo montado por ela para conduzir os processos da Lava-Jato relacionados a autoridades com foro privilegiado vem agindo na mais absoluta discrição.
Os procuradores, atendendo a uma recomendação expressa de Raquel, tornaram mais rígidas as possibilidades de contatos e negociações com advogados de delatores, tanto os que já conseguiram um acordo com a gestão anterior da PGR quanto os que estão na fila para tentar o benefício. Além disso, o grupo se ocupa de reunir elementos sobre delações assinadas por Janot. É o caso das colaborações dos executivos do grupo J&F, cuja rescisão foi pedida ainda na gestão de Janot.
SOBRE VAZAMENTOS – Mas a PGR mantém sob sigilo os pedidos de abertura de inquéritos para apurar supostos vazamentos de delações. A reportagem do Globo apurou que um dos casos envolve a proposta de delação de Maurício Fanini, ex-aliado do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). O pedido foi encaminhado ao diretor-geral da PF, Fernando Segovia, na última quinta-feira.
Reportagem do GLOBO publicada no sábado revelou que Fanini, em proposta de colaboração encaminhada à PGR, afirmou ter recebido dinheiro para não comprometer o governador com acusações relacionadas à Operação Quadro Negro, que investiga supostos desvios de construções de escolas públicas em prol de políticos locais.
Para a mesa de Dodge foram encaminhados ainda pedidos de investigação sobre supostos vazamentos de aspectos internacionais da colaboração da Odebrecht e também da proposta de delação de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil nos governos petistas. No primeiro caso, a solicitação partiu da própria empreiteira. No segundo, de um dos citados pelo ex-ministro, preso em Curitiba. A PGR não informa se esses casos estão entre os cinco encaminhamentos feitos à PF.
DELAÇÃO PREMIADA – Advogados que defendem delatores ou potenciais delatores relatam ter mais dificuldades para negociar propostas de colaboração com a PGR na gestão de Dodge. Um exemplo dessa nova realidade é a vivenciada por advogados do grupo J&F. No período de dois meses subsequentes à decisão de Janot de propor a rescisão do acordo de executivos do grupo, em razão de omissão e má-fé, defensores dos colaboradores estiveram uma única vez com a equipe que cuida de Lava-Jato na PGR. Nas discussões sobre o futuro da delação premiada, eles mais falaram do que ouviram. E saíram do prédio da PGR sem uma sinalização a respeito do que poderá ocorrer com o acordo.
Na gestão de Janot, as colaborações premiadas foram o carro-chefe das investigações da Lava-Jato. O STF homologou quase 120 acordos de colaboração assinados pelo então procurador-geral, que ainda deixou para sua sucessora outras negociações engatilhadas. Boa parte dos depoimentos veio a público a partir do momento em que Janot pedia a abertura de inquéritos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Rodrigo Janot também mandou investigar vazamentos e não conseguiu nada. Ao insistir nisso, Raquel Dodge está fazendo a Polícia Federal desperdiçar um tempo precioso, que poderia estar sendo destinado à caça e condenação dos corruptos. Na era da foto no celular e do pen drive, fica impossível evitar vazamentos, devido ao grande número de pessoas que têm acesso aos depoimentos e inquéritos. Além disso, os próprios advogados dos envolvidos na corrupção também fazem vazamentos, para favorecê-los ou não. Alguns “defensores”, sem nenhum caráter, vazam informações para deixar o cliente em má situação e terem argumentos para aumentar os honorários, acredite se quiser. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Rodrigo Janot também mandou investigar vazamentos e não conseguiu nada. Ao insistir nisso, Raquel Dodge está fazendo a Polícia Federal desperdiçar um tempo precioso, que poderia estar sendo destinado à caça e condenação dos corruptos. Na era da foto no celular e do pen drive, fica impossível evitar vazamentos, devido ao grande número de pessoas que têm acesso aos depoimentos e inquéritos. Além disso, os próprios advogados dos envolvidos na corrupção também fazem vazamentos, para favorecê-los ou não. Alguns “defensores”, sem nenhum caráter, vazam informações para deixar o cliente em má situação e terem argumentos para aumentar os honorários, acredite se quiser. (C.N.)
12 de dezembro de 2017
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