A história do discurso comunista divide-se, “grosso modo”, em três fases: o internacionalismo proletário de Lênin, o terceiromundismo “anti-imperialista” de Stálin a Brejnev e o multiculturalismo globalista de maio de 1968 em diante. O primeiro desapareceu do cenário. O segundo sobrevive, no mundo, apenas como resíduo nostálgico. O terceiro fez da esquerda mundial a serva inconsciente ou não-declarada do capitalismo global, que a alimenta porque sabe que a extinção de todos os valores tradicionais e culturais consagrará a economia como único fator de coesão social, instaurando por toda parte a “sociedade administrada” dos seus sonhos. Só nesse sentido pode-se dizer que “o comunismo acabou”.
A esquerda brasileira ainda não assimilou totalmente a mudança, motivo pelo qual se confunde e se atrapalha toda, tentando lutar pelo multiculturalismo com a retórica do velho terceiromundismo: tenta destruir a soberania nacional com as armas e os pretextos do “anti-imperialismo” – o que faz dela essa figura grotesca que hoje conhecemos.
O manifesto da UFPB chega a afirmar que o capital imperialista financia a extrema-direita brasileira. Sabendo-se que “extrema-direita” quer dizer “Bolsonaro”, é impossível resistir à pergunta: como é possível alguém ter atingido aquele grau de alienação em que o sujeito não tem mais a menor idéia das bases econômicas da sua própria existência? Como pode alguém imaginar que os bancos internacionais, as Fundações Ford e Rockefeller, George Soros, Jeff Bezos e similares dão dinheiro ao Bolsonaro e não aos movimentos de esquerda? É, sem dúvida, o samba-do-comunista-doido.
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Para todo esquerdista, sem exceção, é IMPOSSÍVEL raciocinar fora das premissas usuais da sua ideologia ou abandonar, mesmo por instantes, a pose de superioridade em que se abriga do discurso adversário. Sempre que um esquerdista faz um esforço sincero de compreender o adversário, acaba passando para o lado dele.
17 de novembro de 2017
Olavo de Carvalho
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