O marqueteiro Renato Pereira disse em delação premiada que o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), direcionou uma licitação de publicidade da pasta para sua agência, a Prole Propaganda, no ano passado. Em depoimento prestado à PGR (Procuradoria-Geral da República), o colaborador contou ter viajado para Brasília para tratar pessoalmente do acerto com o peemedebista – que assumiu o cargo em 12 de maio de 2016, com o afastamento da presidente Dilma Rousseff e sua substituição por Michel Temer.
“[Pereira] Veio a Brasília e teve uma reunião com Picciani no seu gabinete, onde ficou acertado que ganharia a conta de publicidade do ministério”, diz o depoimento.
GANHOU E DESISTIU – A concorrência para a conta do Esporte foi aberta na gestão de Picciani. A Prole, de fato, foi classificada entre as duas vencedoras do processo para dividir uma conta de R$ 55 milhões.
No dia da assinatura do contrato, no entanto, os representantes da empresa não apareceram. A agência desistiu de prestar os serviços, alegando dificuldades financeiras. A decisão foi tomada em dezembro, dias depois de o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB-RJ) ser preso por suposta participação em esquemas de corrupção que envolveriam a Prole e o marqueteiro.
Como a Folha mostrou no mês passado, o Ministério do Esporte convocou para assinar o contrato a Calia Y2, terceira classificada na licitação. A empresa – que aumentou expressivamente seus ganhos no atual governo– pertence a Gustavo Mouco, irmão do marqueteiro de Temer, Elsinho Mouco. A outra vencedora da concorrência no Esporte foi a Agência Nacional de Propaganda, que, segundo Pereira, seria próxima do ministro Picciani e teria participado de outras tratativas para fraudar licitações no governo do Rio e no Ministério da Saúde.
COMISSÃO DE 3% – O delator relatou ainda que Picciani teria acertado em 2015 comissão de 3%, em troca de direcionar a conta de publicidade do Ministério da Saúde – na época, o PMDB comandava a pasta no governo Dilma Rousseff.
O marqueteiro teria viajado a Brasília para uma reunião com um funcionário do ministério, identificado apenas como “Valter”, e o publicitário Paulo de Tarso Lobão Morais, sócio da Nacional.
“Nessa reunião ficou confirmado que a Prole seria uma das agências vencedoras da conta de publicidade do Ministério da Saúde”, afirmou Pereira. Ele explicou que, com o processo de impeachment de Dilma, o governo foi trocado, o PMDB do Rio perdeu influência na Saúde, e os planos não prosperaram.
NA CAMPANHA – Dono da agência Nacional, Lobão Morais trabalhou como marqueteiro do deputado estadual fluminense Jorge Picciani (PMDB), pai do ministro, nas campanhas de 2010 e 2014. Ele nega qualquer envolvimento em ilicitudes.
O Ministério do Esporte pagou R$ 28,2 milhões à Nacional neste ano. O contrato com a pasta vencerá em dezembro, mas em agosto o ministério firmou aditivo para aumentar em até 20% o valor dos repasses previstos para a empresa e para a Calia, parceira de contrato.
A delação de Pereira foi enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal) para homologação, mas o ministro Ricardo Lewandowski, responsável pelo caso, decidiu devolvê-la à PGR para ajustes nos benefícios negociados com o delator. Ele entendeu que os termos pactuados foram demasiadamente benéficos. Alguns, na avaliação do magistrado, são inconstitucionais.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diz o velho ditado, “tal pai, tal filho”. O atual ministro Leonardo Picciani é um fenômeno igual ao filho de Lula, Fábio Luís, que tem demonstrado grande vocação para fazer negócios, digamos assim. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diz o velho ditado, “tal pai, tal filho”. O atual ministro Leonardo Picciani é um fenômeno igual ao filho de Lula, Fábio Luís, que tem demonstrado grande vocação para fazer negócios, digamos assim. (C.N.)
16 de novembro de 2017
Fábio Fabrini, Letícia Casado e Reynaldo Turollo Jr.Folha
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