"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A REALIDADE ELEITORAL BRASILEIRA É DO TIPO "PERDOA-ME POR ME TRAÍRES"

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Lula já está fechado com Renan pai e filho nas Alagoas“Estou perdoando os golpistas deste país.” O anúncio de Lula, na última segunda-feira, foi muito mais que uma frase de efeito. O ex-presidente deu a senha para que o PT volte a se aliar com partidos que apoiaram o impeachment.
A dança do acasalamento inclui até o PMDB de Michel Temer. Lula já havia selado as pazes com Renan Calheiros. Agora avança em acertos com peemedebistas que continuam agarrados ao governo, como o presidente do Senado, Eunício Oliveira.
COLIGAÇÕES – Separados pelo impeachment, PT e PMDB já ensaiam se unir em ao menos seis Estados. É a retomada de um casamento de interesses, rompido com brigas e acusações de traição. Os petistas se diziam apunhalados pelos ex-parceiros, que romperam o matrimônio para ficar com todos os bens, inclusive o palácio.
Com o “perdão” de Lula, todos ficam liberados para flertar novamente. O PT pisca para os oligarcas, que controlam máquinas municipais e estaduais. Os peemedebistas retribuem, ansiosos para faturar a popularidade do ex-presidente.
FUNDO PARTIDÁRIO – O dote da união é o novo fundo partidário. Somadas, as duas legendas comerão um quarto do bolo de recursos públicos. Além disso, PT e PMDB continuarão a ter as maiores fatias da propaganda na TV.
Pragmático, Lula constatou que o discurso do golpe não dá voto. Nas eleições municipais de 2016, o petismo perdeu cerca de 60% de suas prefeituras. Encolheu no Nordeste, foi dizimado no ABC paulista e só venceu em uma capital, a do Acre.
RECONCILIAÇÃO – Isso ajuda a explicar a aposta na reconciliação, mesmo que seja preciso esquecer o que aconteceu no verão passado. “Está em curso a tradição brasileira da recomposição pelo alto”, constata o deputado Chico Alencar, do PSOL.
A próxima tarefa de Lula é amaciar a militância de esquerda que foi às ruas em defesa de Dilma Rousseff. Mas isso ele já fez outras vezes, quando se uniu a inimigos históricos como Fernando Collor e José Sarney.

06 de novembro de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha

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