A dança do acasalamento inclui até o PMDB de Michel Temer. Lula já havia selado as pazes com Renan Calheiros. Agora avança em acertos com peemedebistas que continuam agarrados ao governo, como o presidente do Senado, Eunício Oliveira.
COLIGAÇÕES – Separados pelo impeachment, PT e PMDB já ensaiam se unir em ao menos seis Estados. É a retomada de um casamento de interesses, rompido com brigas e acusações de traição. Os petistas se diziam apunhalados pelos ex-parceiros, que romperam o matrimônio para ficar com todos os bens, inclusive o palácio.
Com o “perdão” de Lula, todos ficam liberados para flertar novamente. O PT pisca para os oligarcas, que controlam máquinas municipais e estaduais. Os peemedebistas retribuem, ansiosos para faturar a popularidade do ex-presidente.
FUNDO PARTIDÁRIO – O dote da união é o novo fundo partidário. Somadas, as duas legendas comerão um quarto do bolo de recursos públicos. Além disso, PT e PMDB continuarão a ter as maiores fatias da propaganda na TV.
Pragmático, Lula constatou que o discurso do golpe não dá voto. Nas eleições municipais de 2016, o petismo perdeu cerca de 60% de suas prefeituras. Encolheu no Nordeste, foi dizimado no ABC paulista e só venceu em uma capital, a do Acre.
RECONCILIAÇÃO – Isso ajuda a explicar a aposta na reconciliação, mesmo que seja preciso esquecer o que aconteceu no verão passado. “Está em curso a tradição brasileira da recomposição pelo alto”, constata o deputado Chico Alencar, do PSOL.
A próxima tarefa de Lula é amaciar a militância de esquerda que foi às ruas em defesa de Dilma Rousseff. Mas isso ele já fez outras vezes, quando se uniu a inimigos históricos como Fernando Collor e José Sarney.
06 de novembro de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha
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