Discreto, Valdemar não voltou à vida pública nem planeja ser candidato em 2018, mas isso não diminui a influência que tem em seu partido, o PR, e no mundo político. Segundo assessores, ele não tem mais cargo de comando na sigla. É um funcionário da legenda, com salário pago por meio da conta da contribuições pessoais – portanto sem dinheiro público do Fundo Partidário – e responsável por cuidar da administração financeira do PR.
FIGURA INFLUENTE – Na última semana, o Estadão ouviu mais de uma dezena de nomes da política nacional, e todos foram unânimes em afirmar que Valdemar se mantém como uma figura influente. “Tenho uma relação muito boa com o PR e com Valdemar. Ele foi muito importante nas minhas duas eleições à presidência da Câmara”, disse Maia.
Recentemente, foi atribuída ao ex-deputado federal a decisão do governo de retirar o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, da lista de privatizações e de reabrir o Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, para voos de longa distância. Em troca, 26 dos 39 deputados do PR votaram a favor do arquivamento da segunda denúncia apresentada contra Temer pela Procuradoria-Geral da República (PGR), por obstrução da Justiça e organização criminosa.
Assessores do PR negam que o presidente da Infraero, Antônio Claret, seja afilhado político de Valdemar e que ele tenha algo a ver com os aeroportos. Esses mesmos assessores, no entanto, confirmam que, em pelo menos um dos encontros de Valdemar com Temer, o tema da conversa foi a orientação dos deputados do PR na votação das denúncias. Procurado pela reportagem, o ex-deputado não respondeu.
DESDE A ERA PT – A influência do partido de Valdemar no Ministério dos Transportes não é de hoje. Vem desde 2002, quando o ex-presidente Lula foi eleito pela primeira vez. O controle da pasta e, consequentemente do seu orçamento bilionário e de seus braços, como a Infraero, foi uma espécie de prêmio ao partido e a Valdemar, responsável por emplacar José Alencar como vice-presidente de Lula, justamente no momento em que o ex-líder sindical buscava se aproximar do empresariado.
Figura central em escândalos de outras temporadas, Valdemar também é personagem de destaque em investigações recentes. Ele é citado na gravação de mais de quatro horas de uma conversa entre Joesley Batista, dono da JBS, e o executivo Ricardo Saud. “A Odebrecht estava pagando por fora. O Antônio Carlos veio aqui e me contou que estão pagando no exterior e o Valdemar Costa Neto está recebendo no exterior. Não faça isso”, diz Saud.
NOVA INVESTIGAÇÃO – No rastro da Operação Lava Jato, o ex-deputado está sendo novamente investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, desta vez por suposto recebimento de propina da Odebrecht, durante a execução das obras da Ferrovia Norte-Sul, em 2008 e 2009.
Do período da cadeia, seus aliados afirmam que ele apenas se ressente de ter sido condenado pelos “crimes errados”. Argumenta que praticou somente delitos eleitorais, o famoso caixa 2.
O ano que passou preso, no entanto, não o tirou da cena política. Foi do Complexo Penitenciário da Papuda que coordenou a eleição do PR em 2014, quando o partido fez a sua maior bancada na Câmara dos Deputados.
Políticos que conhecem Valdemar há muitos anos apontam sua capacidade de adaptação ao ambiente como o segredo para a manutenção da influência em Brasília. No ano passado, por exemplo, o ex-deputado defendia o posicionamento do PR contra o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT).
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Valdemar Costa Neto é o maior exemplo da esculhambação que reina na política brasileira. Depois de cassado por corrupção, deveria ser alijado da vida público, mas os direitos políticos são suspensos no Brasil por apenas oito anos. Nem mesmo este período de quarentena o ex-deputado cumpriu. Continuou atuando normalmente no comando do PR e não lhe aconteceu rigorosamente nada. Parodiando a atriz Kate Lira, devemos dizer que “legislador brasileiro é tão bonzinho…”. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Valdemar Costa Neto é o maior exemplo da esculhambação que reina na política brasileira. Depois de cassado por corrupção, deveria ser alijado da vida público, mas os direitos políticos são suspensos no Brasil por apenas oito anos. Nem mesmo este período de quarentena o ex-deputado cumpriu. Continuou atuando normalmente no comando do PR e não lhe aconteceu rigorosamente nada. Parodiando a atriz Kate Lira, devemos dizer que “legislador brasileiro é tão bonzinho…”. (C.N.)
06 de novembro de 2017
Isadora Peron e Ricardo Galhardo
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário