Pois a chamada síndrome de Bournout está se tornado epidêmica e, pior, estraçalhando carreiras, dons e as saúdes física e psicológica dos trabalhadores.
Começa com pressões desumanas a que profissionais que lidam com o público estão sujeitos cotidianamente, além da precariedade dos equipamentos e da falta de treinamento e de preparo para lidar com o estresse que permeia a humanidade.
COMBUSTÍVEL – Vivemos num mundo onde o pavio curto, o nervo à flor da pele, a insatisfação generalizada são o combustível para que as pessoas se digladiem no trânsito, no trabalho, em casa, nas redes sociais.
Quem está na ponta desse processo, seja num posto de saúde lotado e sem condições básicas de atendimento humano, seja nas escolas públicas (uma verdadeira cloaca da sociedade), onde explodem todos os podres da decadente e desigual civilização – violência, drogas, sexualidade, ausência de limites e de respeito entre tantos outros – ou mesmo nos serviços de atendimentos ao consumidor, onde palavrões se multiplicam pelos péssimos produtos ou serviços e funcionários sem habilidades e mal remunerados são bombardeados pelos consumidores coléricos, vai acumulando tanto desconforto, desprazer, angústia e trauma no dia a dia que, literalmente, descompensa.
Afastamento médico, demissão, abandono de profissão, com sensação de aversão e quase fobia são consequência desse processo que tritura o corpo e a mente humana.
MATADOURO – Sintomas físicos como sono ruim, mal-estar, palpitação, tremores, aperto no peito, corpo pesado, desânimo, entre outros tantos, ampliam-se no ambiente de trabalho, prejudicando a produtividade e as relações interpessoais e pesando o ambiente. A antiga expressão de ir trabalhar é como “ir para o matadouro” é a síntese do Bournout.
A desfecho da síndrome é a robotização (o profissional entra no “piloto automático” e cumpre suas tarefas com indiferença, de forma autômata, sem prazer e motivação) ou adoece e precisa de tratamento médico e psicológico severos, numa solução radical, abandona sua profissão definitivamente.
Investir no patrimônio humano, que é o maior legado nas relações de trabalho, é fundamental. Qualquer hora escreverei sobre ecologia humana nas empresas, uma série de ações preventivas e de estímulo realizados nos ambientes de trabalho. Mas lembre-se: estar desempregado é ainda mais angustiante!
25 de setembro de 2017
Eduardo Aquino
O Tempo
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