Numa entrevista a Mônica Scaramuzzo e Ricardo Grinbamo (O Estado de São Paulo nesta segunda-feira), Alfredo Setúbal, presidente da holding Itaú, afirmou ser difícil saber se o presidente Michel Temer chegará ao final do mandato, porque a cada dia surge uma novidade. Disse estar claro que ele ficou mais enfraquecido depois das delações, porém até hoje não se cristalizou uma pessoa que possa substituí-lo. “O Rodrigo Maia” – acrescentou – “tem sido o nome que caminha para ser candidato. Mas precisaria haver um problema ainda maior para o governo Temer cair.
De outro lado, Alfredo Setúbal, que na entrevista confirma a aquisição do Citibank pelo Itaú, sustenta a tese de que, no fundo, a eleição de 2018 é a chance que se apresenta para corrigirmos a rota do país.
AQUISIÇÕES – Alfredo Setúbal informou que a holding está realizando um programa de aquisições de ativos, no sentido inclusive de diminuir a participação do Banco Itaú no sistema Itausa. Essa participação já foi de 97%. Hoje está em 94% e a meta é diminuí-la para 90%.
Para Alfredo Setúbal, o custo do capital no Brasil é muito alto, razão pela qual a Itausa, em seu programa de aquisições, concentra-se nas empresas que possam oferecer rentabilidade entre 20 e 23%a/a. “Mas não vamos atuar nas áreas em que as tarifas dependem de fixação pelo governo”, ressalvou.
SUCESSÃO – A respeito do quadro sucessório que hoje se projeta para as urnas de 2018, Setubal selecionou quatro: João Dória, Geraldo Alckmin, Antonio Carlos Magalhães Neto e Álvaro Dias. Se vão emplacar não sei, as na minha visão são os candidatos possíveis, todos oferecem perspectivas para mudança de rota.
Alfredo Setúbal, ainda sobre o tema sucessão, disse que os nomes de Lula e Jair Bolsonaro, um mais à esquerda, outro mais à direita, dão margem a que esperemos um candidato do centro.
Sobre o aumento do imposto dos combustíveis, acrescentou que a economia não reagiu da maneira em que o governo esperava com a queda de juros. A receita do governo não cresceu.
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DEMISSÕES E APOSENTADORIAS INCENTIVADAS
DEMISSÕES E APOSENTADORIAS INCENTIVADAS
Na mesma edição de O Estado de São Paulo, Lorena Rodrigues e Eduardo Rodrigues assinam reportagem sobre o programa de demissões e aposentadorias incentivadas nas empresas estatais. Esse programa, disse Fernando Soares, secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, visa à redução da folha salarial. Mas vamos por partes.
Relativamente ao programa de demissões e aposentadorias incentivadas nos dois últimos anos, o governo federal desligou 50.364 funcionários das estatais. O objetivo era reduzir a folha mensal de pagamento em 25%. A Petrobrás foi a empresa que mais reduziu a folha de pessoal e não precisa de autorização do Ministério do Planejamento para lançar o PDV. A Caixa Econômica Federal desligou 9.740 servidores. O Banco do Brasil reduziu seu quadro de pessoal em 14%, correspondendo a 14 mi aposentadorias e demissões.
MONETARISMO MÍOPE – O problema das demissões e aposentadorias é que a questão não pode ser medida apenas à base de redução da folha mensal de salários. Há que considerar que a diminuição dos quadros de pessoal acarreta paralelamente queda nas receitas do INSS e do FGTS.
Claro. A visão monetarista não abrange as consequências dos desligamentos de pessoal. No caso do INSS acarretam a diminuição das contribuições mensais dos empregados e empregadores. No caso do FGTS a perda dos depósitos das empresas na base de 8% das folhas salariais.
Os monetaristas vêm o fato econômico, mas não percebem todos os seus reflexos indiretos.
25 de julho de 2017
Pedro do Coutto
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