No artigo anterior, nesta terça-feira, abordamos a estimativa dos valores possivelmente desviados do BNDES pelas empreiteiras que formavam o Cartel da Petrobras. Agora, vamos analisar o valor total de 91 obras financiadas pelo BNDES a essas empresas empresas de construção civil que atuavam no esquema de corrupção da Petrobras. Vamos adotar três cenários: o Otimista, com propinas de 1% sobre o valor do contrato (assumindo que apenas o PT tenha praticado o ato); o Realista, com 5% (PT+PMDB+Outros); e o Pessimista, com 10%, assumindo que agentes corruptos dos países sede da obra também subtraíram recursos.
Os valores foram fixados a partir dos relatos de delatores da Lava a Jato como os executivos da Andrade Gutierrez (AG), Odebrecht (Od) e JBS.
MUITAS FONTES – Os dados estão sendo coletados desde 2015 e foram obtidos por diversas fontes: a) da Planilha “Contratações referentes a desembolsos no apoio à exportação pelo BNDES Pós Embarque (Contratações entre 1998 e 2014)”; b) do Relatório de Auditoria do TCU, realizada no BNDES e apresentado em 2016 (Doc. AC-1413-19/16-P, contratações entre 2005 e 2014); c) do Relatório do IPEA publicado em 2017 (Financiamento do BNDES para Obras e Serviços de Empresas, período de 2002 a 2016) d) MPF; e) Estadão, Globo, Folha, Valor Econômico, Época, Congresso em Foco; f) site Sputnik.
Para o estudo, focamos apenas os empreendimentos sob responsabilidade de empreiteiras que formaram o cartel que subtraiu a Petrobras. Ao analisar essas fontes, identificamos dados de 91 empreendimentos, cujo valor total destinado para a construção delas seria de US$ 20,67 bilhões, ou R$ 77,30 bilhões (US$ 1=R$ 3,74), sem levar em conta os juros, a inflação do período (1998 a 2016) e aditivos sobre essas obras.
MENOR E MAIOR – O menor valor encontrado foi de US$ 13,87 milhões, referente a construção em Angola da Estrada Viana/Kikuxi pela Odebrecht. Por outro lado, o maior valor foi de U$ 1,5 Bilhão, referente ao Soterramento do FerroCarril Sarmiento na Argentina sob responsabilidade também da Odebrecht.
O valor médio de cada obra ficou em torno de R$ 849 milhões, enquanto que a mediana seria de R$ 512 milhões, ou seja, 50% dos contratos atingiriam essa cifra e outros 50% seriam acima deste valor. Vale ressaltar que foram encontrados 59 empreendimentos acima de US$ 100 milhões (R$ 374 milhões) e 32 obras abaixo desse valor.
Bem, aplicando os cenários sugeridos, há a possibilidade de terem sido desviados em valores totais dessas 91 obras: no cenário Otimista = desvio de R$ 773 milhões; no cenário Realista = desvio de R$ 3,86 bilhões; e no cenário Pessimista = desvio de R$ 7.73 bilhões.
Finalmente, convido o(a) nobre leitor(a) a também checar os números e fazer suas estimativas. Aí vai uma dica, acessem parte do Relatório da Auditoria do TCU.
25 de julho de 2017
Jonas Gomes da SilvaEstadão
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