"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 22 de julho de 2017

ANTES TARDE DO QUE NUNCA. VALÉRIO FECHA ACORDO DE DELAÇÃO COM A POLÍCIA FEDERAL


Valério vai conseguir a redução da pena
Depois de ter sua proposta de delação rejeitada pelo Ministério Público Estadual de Minas Gerais (MP-MG), o operador do mensalão Marcos Valério Fernandes fechou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal (PF) em Minas Gerais. Por citar políticos com foro privilegiado, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o acordo aguarda a homologação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Valério cumpria pena de prisão pela ação penal do mensalão na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), e foi transferido na última segunda-feira para uma unidade da Associação de Proteção e Assistência a Condenados (Apac), em Sete Lagoas (MG), a pedido da Polícia Federal.
COLABORAÇÃO – A transferência para a unidade — que propõe atendimento humanizado para a reintegração social de presos e tem vagas limitadas — era solicitada desde o ano passado pelos seus advogados. No entanto, não havia vagas disponíveis.
Na decisão que autorizou a transferência, datada da última segunda-feira, o juiz da Comarca de Contagem Wagner de Oliveira Cavalieri escreveu que a medida teve como objetivo “concluir procedimento de colaboração premiada sob análise do Supremo Tribunal Federal”.
Ele destacou que Valério “é presumidamente possuidor de inúmeras informações de interesse da Justiça e da sociedade brasileiras”, motivo pelo qual seria “inegável o interesse público em suas declarações sobre fatos ilícitos diversos que envolvem a República”.
INTERESSE PÚBLICO – Segundo o despacho, “em que pese a existência de formalidades e fila para a transferência de presos para o sistema Apac”, no caso de Valério “o interesse público se sobrepõe aos interesses individuais e, portanto, a medida deve ser deferida conforme solicitada, ou seja, independentemente de ordem cronológica ou outros requisitos”.
No início da tarde desta quarta-feira, a Superintendência da Polícia Federal em Minas Gerais confirmou a assinatura do acordo com Valério, submetido ao STF. “Devido a cláusula de confidencialidade constante do acordo, não há outras informações a serem prestadas”, informou o órgão.
A primeira versão da colaboração de Valério tinha 60 anexos e foi entregue em fevereiro deste ano à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte que informou em nota oficial, na época, não haver interesse em aceitar a delação. Na negociação com a PF, Valério apresentou mais detalhes sobre desvios operados sob sua influência. Seus depoimentos foram gravados.
CAIXA PARALELO – Nos documentos levados ao MP de Minas, Valério relatava detalhes do caixa paralelo montado por suas agências de publicidade para operar desvios em contratos assinados durante o governo Fernando Henrique (1994-2002), e nos primeiros anos de Lula no Planalto (2003-2005) e Aécio Neves no governo de Minas (2003-2005).
Valério apresentou informações sobre desvios em contratos com os Correios durante o governo Lula e no Banco do Brasil no período em que a DNA Propaganda era agência de publicidade da estatal, durante o governo FH.
Também fala sobre caixa 2 operacionalizado por ele para campanhas tucanas em Minas, desvios em Furnas e pagamentos feitos por empresas como Usiminas e Andrade Gutierrez em benefício de políticos sob sua influência.
MENSALÃO TUCANO – Valério relata, ainda, bastidores de uma operação para abafar a relação do Banco Rural com políticos tucanos em Minas, durante a CPMI dos Correios.
A assessoria de Aécio Neves divulgou nota em que informa que “desconhece o teor de declarações atribuídas a Marcos Valério” e diz que o senador “jamais participou de qualquer ato ilícito praticado por Valério”. “É preciso que acusações feitas por delatores sejam sustentadas por provas verdadeiras, sob o risco de servirem, unicamente, para que réus confessos obtenham a impunidade penal”, diz a nota.
O operador do mensalão foi condenado em 2012 a uma pena de 37 anos, 5 meses e seis dias de reclusão por peculato, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Para o publicitário Marcos Valério, é muito duro cumprir pena e ver em liberdade os dois chefes da quadrilha do PT, Lula e José Dirceu. Aliás, são chefe de quadrilha “informal”, porque no julgamento decisivo, com votos  de Celso de Mello e de Rosa Weber, o Supremo inocentou Dirceu da denúncia de formação de quadrilha. Foi a primeira vez, na História da Criminalidade Mundial, que se organizou uma quadrilha sem chefe. Parecia Piada do Ano, mas era julgamento de verdade(C.N.)

22 de julho de 2017
Thiago Herdy
O Globo

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