Diretor-geral da PF disse a Gilmar Mendes que procuradores deram instruções para achar coisas que incriminassem o ministro. Sabem o que fez a presidente do Supremo, agora tão valentona? Nada!
Leiam título e subtítulo de uma reportagem de VEJA. Volto em seguida.
Voltei
Quem viu a reação de “Prima Carminha” à história de que a Abin estaria investigando as ações de Edson Fachin pode ficar com a impressão errada de que a meritíssima reage como uma loba sempre que, dse algum modo, a credibilidade do Supremo é abalada ou sempre que um de seus membros se torna alvo de operações obscuras.
Bem, sabemos que isso é absolutamente falso. E o sabemos de forma reiterada. No dia 1º de junho, por exemplo, o Supremo examinava uma, como posso chamar?, “tramoia jurídica” proposta pelo ministro Roberto Barroso, que reduz o alcance do foro especial por prerrogativa de função. “Tramoia, Reinaldo?” Sim, senhores! No sentido em que está no Houaiss: “maquinação secreta com o objetivo de iludir alguém ou prejudicar algo ou alguém; ardil, artifício, trampolinice”. E por que é uma trampolinice? Porque esse é um assunto do Congresso. A este cabe legislar, não ao STF. Se Barroso gosta da coisa, que se candidate a deputado ou senador. Sem contar que o fim do foro especial é, entre todas as charlatanices, a que mais seduz os desinformados e tolos. Mas me estendi demais na digressão. Volto ao ponto.
Votava-se, então, tal questão naquele dia 1º, e o senhor Barroso desceu a língua no Supremo. Dispensou-lhe o tratamento de Casa onde se fabricam impunidades. Na prática, teceu loas à Justiça de primeira instância, como se esta fosse a morada da virtude, e deu uma sova no tribunal que o tem como membro. Asqueroso! E o que fez Cármen Lúcia? Ficou calada, ouvindo passivamente os insultos.
Coube ao ainda recém-chegado Alexandre de Moraes fazer a defesa da instituição. O ministro também pediu vista. E, então, seguiu-se o inacreditável: Marco Aurélio Mello e Rosa Weber anteciparam seus respectivos votos, alinhando-se com Barroso. Como nada os impedeiria de votar a seu tempo, a postura corresponde a uma provocação barata. E o pior ainda estava por acontecer: Cármen Lúcia fez o mesmo. Isso indica que a presidente do STF não só distribui desigualmente seu zelo como pode, ela mesma, atuar de forma a ofender seus pares.
Mais grave
Mas há coisa bem mais grave do que isso.
A mesma “Veja” que traz a matéria que levou Cármen Lúcia a um chilique em forma de nota oficial havia publicado uma reportagem, COM AS FONTES DEVIDAMENTE IDENTIFICADAS, dando conta de que, durante a Operação Patmos, realizada no dia 18 de maio, agentes da Polícia Federal foram instruídos por procuradores da república a encontrar procurar, num dos endereços do senador Aécio Neves, “elementos que pudessem incriminar Gilmar Mendes”
Quem revelou a ação criminosa foi o próprio Gilmar Mendes. Nada de fofoquinha de bastidores! E o ministro disse quem lhe contara tal despropósito: ninguém menos do que Leandro Daiello, o diretor-geral da PF. Mendes fez o óbvio e cobrou explicações de Fachin, que negou de pés juntos que o colega de tribunal fosse um dos alvos.
É mesmo?
Não se esqueçam: conversas de Mendes com Aécio foram pinçadas e vazadas ao mesmo tempo em que um diálogo meu com Andrea Neves, minha fonte, foi posto para circular. Parece que a Força Tarefa, com tentáculos no Supremo, não consegue conviver com a crítica, com a divergência, com a independência.
Mendes cobrou, em conversa pessoal, uma atitude de Cármen Lúcia. E o fez também publicamente: “Se eu fosse presidente do STF, teria que tomar algum tipo de providência. Chamar o procurador-geral, por exemplo, e pedir explicações. Isso é coisa de gângsteres, de quem pensa que é possível instalar um estado policial no Brasil”.
Sabem o que fez a ministra? Preferiu não se pronunciar. Ao pé deste post, segue a matéria de VEJA.
Então…
Então ficamos assim: embora a reportagem de VEJA que trata do caso Gilmar não traga afirmações em off, apenas em on, a ministra preferiu posar de múmia egípcia. Quando, no entanto, um “off” assegura que a Abin estaria investigando Fachin, ah, aí a magistrada se toma de pruridos institucionais. Ela considera que se está diante de uma grave ameaça à democracia quando um boato assevera que um órgão de informação está no rastro de um ministro, mas não quando pessoas com nome, sobrenome e responsabilidade pública informam que os homens de Janot deram autorização expressa para incriminar um outro?
Penso, então, na nota que Cármen Lúcia tornou pública, que traz este trecho:
“Própria de ditaduras, como é esta prática, contrária à vida livre de toda pessoa, mais gravosa é ela se voltada contra a responsável atuação de um juiz, sendo absolutamente inaceitável numa República Democrática, pelo que tem de ser civicamente repelida, penalmente apurada e os responsáveis exemplarmente processados e condenados na forma da legislação vigente.”
Não chega a ser um bom exemplo de exercício da “Inculta & Bela”. Mas deixo isso de lado agora. Pergunto:
a: procuradores ordenarem que se encontrem provas que incriminem um ministro do Supremo é ou não coisa “própria de ditaduras”?;
b: o MPF usar uma prova ilícita contra o presidente da República, em parceria com um ministro do Supremo, é ou não coisa “própria de ditaduras”?
E, nesse caso, como se sabe, com a conivência de Cármen Lúcia, que sempre esteve informada sobre os passos dados por Fachin. Isso me leva a indagar se a ministra, ao reagir de forma tão destrambelhada, está apenas tentando proteger Fachin ou também está se protegendo?
Como se sabe e como anunciei precocemente neste blog, a conspiração, para ser plenamente bem-sucedida, segundo os desígnios daqueles que a planejaram, haveria de instalar Cármen Lúcia na cadeira de Michel Temer.
Isso, ao menos, com certeza, não vai acontecer.
Segue o texto da reportagem de VEJA que trata da agressão a Gilmar Mendes.
12 de junho de 2017
Blog do Reinaldo Azevedo
Leiam título e subtítulo de uma reportagem de VEJA. Volto em seguida.
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Voltei
Quem viu a reação de “Prima Carminha” à história de que a Abin estaria investigando as ações de Edson Fachin pode ficar com a impressão errada de que a meritíssima reage como uma loba sempre que, dse algum modo, a credibilidade do Supremo é abalada ou sempre que um de seus membros se torna alvo de operações obscuras.
Bem, sabemos que isso é absolutamente falso. E o sabemos de forma reiterada. No dia 1º de junho, por exemplo, o Supremo examinava uma, como posso chamar?, “tramoia jurídica” proposta pelo ministro Roberto Barroso, que reduz o alcance do foro especial por prerrogativa de função. “Tramoia, Reinaldo?” Sim, senhores! No sentido em que está no Houaiss: “maquinação secreta com o objetivo de iludir alguém ou prejudicar algo ou alguém; ardil, artifício, trampolinice”. E por que é uma trampolinice? Porque esse é um assunto do Congresso. A este cabe legislar, não ao STF. Se Barroso gosta da coisa, que se candidate a deputado ou senador. Sem contar que o fim do foro especial é, entre todas as charlatanices, a que mais seduz os desinformados e tolos. Mas me estendi demais na digressão. Volto ao ponto.
Votava-se, então, tal questão naquele dia 1º, e o senhor Barroso desceu a língua no Supremo. Dispensou-lhe o tratamento de Casa onde se fabricam impunidades. Na prática, teceu loas à Justiça de primeira instância, como se esta fosse a morada da virtude, e deu uma sova no tribunal que o tem como membro. Asqueroso! E o que fez Cármen Lúcia? Ficou calada, ouvindo passivamente os insultos.
Coube ao ainda recém-chegado Alexandre de Moraes fazer a defesa da instituição. O ministro também pediu vista. E, então, seguiu-se o inacreditável: Marco Aurélio Mello e Rosa Weber anteciparam seus respectivos votos, alinhando-se com Barroso. Como nada os impedeiria de votar a seu tempo, a postura corresponde a uma provocação barata. E o pior ainda estava por acontecer: Cármen Lúcia fez o mesmo. Isso indica que a presidente do STF não só distribui desigualmente seu zelo como pode, ela mesma, atuar de forma a ofender seus pares.
Mais grave
Mas há coisa bem mais grave do que isso.
A mesma “Veja” que traz a matéria que levou Cármen Lúcia a um chilique em forma de nota oficial havia publicado uma reportagem, COM AS FONTES DEVIDAMENTE IDENTIFICADAS, dando conta de que, durante a Operação Patmos, realizada no dia 18 de maio, agentes da Polícia Federal foram instruídos por procuradores da república a encontrar procurar, num dos endereços do senador Aécio Neves, “elementos que pudessem incriminar Gilmar Mendes”
Quem revelou a ação criminosa foi o próprio Gilmar Mendes. Nada de fofoquinha de bastidores! E o ministro disse quem lhe contara tal despropósito: ninguém menos do que Leandro Daiello, o diretor-geral da PF. Mendes fez o óbvio e cobrou explicações de Fachin, que negou de pés juntos que o colega de tribunal fosse um dos alvos.
É mesmo?
Não se esqueçam: conversas de Mendes com Aécio foram pinçadas e vazadas ao mesmo tempo em que um diálogo meu com Andrea Neves, minha fonte, foi posto para circular. Parece que a Força Tarefa, com tentáculos no Supremo, não consegue conviver com a crítica, com a divergência, com a independência.
Mendes cobrou, em conversa pessoal, uma atitude de Cármen Lúcia. E o fez também publicamente: “Se eu fosse presidente do STF, teria que tomar algum tipo de providência. Chamar o procurador-geral, por exemplo, e pedir explicações. Isso é coisa de gângsteres, de quem pensa que é possível instalar um estado policial no Brasil”.
Sabem o que fez a ministra? Preferiu não se pronunciar. Ao pé deste post, segue a matéria de VEJA.
Então…
Então ficamos assim: embora a reportagem de VEJA que trata do caso Gilmar não traga afirmações em off, apenas em on, a ministra preferiu posar de múmia egípcia. Quando, no entanto, um “off” assegura que a Abin estaria investigando Fachin, ah, aí a magistrada se toma de pruridos institucionais. Ela considera que se está diante de uma grave ameaça à democracia quando um boato assevera que um órgão de informação está no rastro de um ministro, mas não quando pessoas com nome, sobrenome e responsabilidade pública informam que os homens de Janot deram autorização expressa para incriminar um outro?
Penso, então, na nota que Cármen Lúcia tornou pública, que traz este trecho:
“Própria de ditaduras, como é esta prática, contrária à vida livre de toda pessoa, mais gravosa é ela se voltada contra a responsável atuação de um juiz, sendo absolutamente inaceitável numa República Democrática, pelo que tem de ser civicamente repelida, penalmente apurada e os responsáveis exemplarmente processados e condenados na forma da legislação vigente.”
Não chega a ser um bom exemplo de exercício da “Inculta & Bela”. Mas deixo isso de lado agora. Pergunto:
a: procuradores ordenarem que se encontrem provas que incriminem um ministro do Supremo é ou não coisa “própria de ditaduras”?;
b: o MPF usar uma prova ilícita contra o presidente da República, em parceria com um ministro do Supremo, é ou não coisa “própria de ditaduras”?
E, nesse caso, como se sabe, com a conivência de Cármen Lúcia, que sempre esteve informada sobre os passos dados por Fachin. Isso me leva a indagar se a ministra, ao reagir de forma tão destrambelhada, está apenas tentando proteger Fachin ou também está se protegendo?
Como se sabe e como anunciei precocemente neste blog, a conspiração, para ser plenamente bem-sucedida, segundo os desígnios daqueles que a planejaram, haveria de instalar Cármen Lúcia na cadeira de Michel Temer.
Isso, ao menos, com certeza, não vai acontecer.
Segue o texto da reportagem de VEJA que trata da agressão a Gilmar Mendes.
12 de junho de 2017
Blog do Reinaldo Azevedo
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