O ex-governador Sérgio Cabral admitiu em depoimento nesta quinta-feira, que usou, para benefício próprio, dinheiro de caixa 2 destinado para abastecer sua campanha eleitoral ao governo do Rio. Ao ser questionado por sua defesa se teria usado os recursos para comprar algumas das mercadorias citadas no inquérito – como termos de grifes e jóias, por exemplo -, Cabral disse que sim e que tal prática “é um fato da vida nacional”. (VÍDEOS: assista à íntegra dos depoimentos de Cabral e Adriana Ancelmo)
– Vossa Excelência tem ouvido aqui muitas observações a respeito de caixa 2, sobras de campanha. Isso é um fato. É um fato da vida nacional. Reconheço esse erro. São recursos, recursos próprios e recursos de sobra de campanha, de caixa 2. São com esses recursos, nada a ver nem com a minha mulher e muito menos a ver dessa acusação de Comperj – disse ele, negando que tivesse recebido dinheiro de propina referente ao esquema de corrupção no complexo.
DEFESA DO DEBATE – Abatido, mas algumas vezes sem esconder o sorriso, o ex-governador disse defender o debate que se faz hoje contra o caixa 2 nas campanhas.
“Acho até que o trabalho feito nesse momento de ter uma outra visão sobre financiamento de campanha, como financiar as campanhas eleitorais… A questão democrática é vital, fundamental. Eu não posso negar que houve uso de caixa 2 e uso de sobras de campanha, de recursos. Em função de eu ter sido um político com desempenho eleitoral forte no estado e esses fatos são reais”.
Cabral defendeu a mulher o tempo todo: “Minha mulher não tem responsabilidade sobre esses gastos. Não tem ligação nenhuma com as pessoas que estão aí. Me sinto indignado com o nome dela vinculado a esses fatos”.
EM SILÊNCIO – Por orientação de seus advogados, Cabral ficou em silêncio quando perguntado pelo juiz e pelo procurador Athayde Ribeiro Costa. Moro formulou três perguntas, e o procurador, apenas uma.
“O senhor está arrependido das condutas que cometeu?” — perguntou Ribeiro Costa.
Em sua resposta, o ex-governador afirmou que iria apenas responder às perguntas de seus advogados. Moro optou por fazer suas perguntas mesmo após o advogado de Sérgio Cabral afirmar que o ex-governador não as responderia. Inadvertidamente, Cabral respondeu a primeira pergunta de Moro, se havia cobrado valores indevidos da empreiteira Andrade Gutierrez. “Não é verdade” — disse Cabral.
RELAÇÃO DIFÍCIL – O interrogatório, que durou meia hora, foi ocupado boa parte pelas perguntas formuladas pela defesa. Em sua defesa, Sérgio Cabral afirmou que seu governo tinha uma relação muito difícil com a Petrobras, em razão de várias ações judiciais entre o governo do estado e a empresa.
Questionado sobre sua relação com o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, que teria autorizado os pagamentos de propina a Cabral, respondeu que era apenas institucional. “Jamais tratei de qualquer assunto de apoio a campanha com o senhor Paulo Roberto. Jamais solicitei a ele qualquer tipo de apoio financeiro” — disse.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Cabral segue a linha adotada até agora com sucesso pelos ex-presidente Lula da SiIva e Dilma Rousseff, nega tudo e diz que não houve nada, não sabia de nada, sua riqueza aconteceu apenas pelo caixa dois, nunca recebeu propina. Com esse desempenho consagrador, tipo “stand-up comedy” apesar de se exibir sentado, Cabral se transforma em fortíssimo candidato à Piada do Ano. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Cabral segue a linha adotada até agora com sucesso pelos ex-presidente Lula da SiIva e Dilma Rousseff, nega tudo e diz que não houve nada, não sabia de nada, sua riqueza aconteceu apenas pelo caixa dois, nunca recebeu propina. Com esse desempenho consagrador, tipo “stand-up comedy” apesar de se exibir sentado, Cabral se transforma em fortíssimo candidato à Piada do Ano. (C.N.)
28 de abril de 2017
Dimitrius DantasO Globo
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