EM 6 ANOS DE GUERRA, É A 1ª VEZ QUE UM GOVERNO LUTA CONTRA ASSAD
Os ataques dos EUA na Síria transformaram o conflito no Oriente Médio oficialmente em um “confronto armado internacional” e não mais uma guerra doméstica. A mudança na classificação foi anunciada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, enquanto a ONU afirma abertamente que teme uma escala militar na região e apela para que potências não recorram a respostas.
Se por anos o território sírio foi alvo de um combate que envolveu dezenas de grupos de estrangeiros, oficialmente nenhum governo externo estava lutando contra o presidente sírio, Bashar Assad. Todos os ataques de uma coalizão internacional eram contra terroristas do grupo jihadista Islâmico, ainda que muitos eram acusações de que diversos governos estavam financiando e armando grupos de oposição dentro da Síria.
Ainda assim, a crise era qualificada como um “confronto armado doméstico”, termo legal para designar uma guerra civil. Mas o cenário mudou depois do ataque dos EUA, o primeiro declarado pela Casa Branca contra o regime de Assad em seis anos de guerra.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que serve como depositário das regras da guerra, a intervenção americana seria alvo de uma reunião de seus membros com o governo dos EUA.
Na ONU, a percepção também é de que o conflito ganhou uma nova dimensão. Criticando os ataques químicos, o secretário-geral da entidade, Antonio Guterres, deixou claro que os responsáveis pelas mortes precisam ser levados à Justiça. Mas sua preocupação mais imediata é com o risco de que o confronto saia de controle. “Consciente do risco de uma escala militar, apelo para que todos se contenham para evitar qualquer ato que leve a um aprofundamento do sofrimento do povo sírio”, disse.
Repetindo um de seus mantras, Guterres insistiu que “não há outra forma de solucionar o conflito que não seja por uma solução polįtica”. “Peço para que cada uma das partes, de forma urgente, renove seu compromisso com as negociações de paz”, apelou ele, alertando que apenas um acordo pode garantir a vitória contra o terrorismo.
O português ainda mandou um recado claro ao governo americano, alertando que “o Conselho de Segurança tem a responsabilidade primeira pela paz internacional”. Em outras palavras, qualquer decisão de ataque deve ser antes aprovada pelo organismo. “Peço para que o Conselho se una e assuma essa responsabilidade”, disse.
O presidente da Comissão de Inquérito da ONU para os Crimes na Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, também insistiu que não existe uma solução militar para a guerra em Damasco e teme que a ação americana, os ataques químicos e uma nova retórica na região representem uma escalada militar no conflito que já dura seis anos.
Pinheiro indicou que a Comissão indica que não recebeu qualquer informação ou alegação de que o ataque americano tenha resultado em mortes de civis. “Como nosso mandato é investigar violações de direitos humanos, não existem bases para que façamos uma investigação sobre esse incidente”, explicou.
Na quinta-feira 6, os EUA fizeram sua primeira ofensiva militar direta contra posições do governo Assad na Síria, em retaliação ao ataque com armas químicas que provocou a morte de cerca de 100 pessoas na terça-feira. O bombardeio contra pistas de pouso, aviões e centrais de abastecimento representa uma guinada na posição do governo de Trump. (AE)
08 de abril de 2017
diário do poder
APESAR DE TERRITÓRIO SÍRIO TER SIDO ALVO DE COMBATE QUE ENVOLVEU DIVERSOS PAÍSES, NENHUM GOVERNO LUTOU CONTRA ASSAD OFICIALMENTE, ATÉ O ATAQUE DOS EUA (FOTO: REPRODUÇÃO/TWITTER) |
Os ataques dos EUA na Síria transformaram o conflito no Oriente Médio oficialmente em um “confronto armado internacional” e não mais uma guerra doméstica. A mudança na classificação foi anunciada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, enquanto a ONU afirma abertamente que teme uma escala militar na região e apela para que potências não recorram a respostas.
Se por anos o território sírio foi alvo de um combate que envolveu dezenas de grupos de estrangeiros, oficialmente nenhum governo externo estava lutando contra o presidente sírio, Bashar Assad. Todos os ataques de uma coalizão internacional eram contra terroristas do grupo jihadista Islâmico, ainda que muitos eram acusações de que diversos governos estavam financiando e armando grupos de oposição dentro da Síria.
Ainda assim, a crise era qualificada como um “confronto armado doméstico”, termo legal para designar uma guerra civil. Mas o cenário mudou depois do ataque dos EUA, o primeiro declarado pela Casa Branca contra o regime de Assad em seis anos de guerra.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que serve como depositário das regras da guerra, a intervenção americana seria alvo de uma reunião de seus membros com o governo dos EUA.
Na ONU, a percepção também é de que o conflito ganhou uma nova dimensão. Criticando os ataques químicos, o secretário-geral da entidade, Antonio Guterres, deixou claro que os responsáveis pelas mortes precisam ser levados à Justiça. Mas sua preocupação mais imediata é com o risco de que o confronto saia de controle. “Consciente do risco de uma escala militar, apelo para que todos se contenham para evitar qualquer ato que leve a um aprofundamento do sofrimento do povo sírio”, disse.
Repetindo um de seus mantras, Guterres insistiu que “não há outra forma de solucionar o conflito que não seja por uma solução polįtica”. “Peço para que cada uma das partes, de forma urgente, renove seu compromisso com as negociações de paz”, apelou ele, alertando que apenas um acordo pode garantir a vitória contra o terrorismo.
O português ainda mandou um recado claro ao governo americano, alertando que “o Conselho de Segurança tem a responsabilidade primeira pela paz internacional”. Em outras palavras, qualquer decisão de ataque deve ser antes aprovada pelo organismo. “Peço para que o Conselho se una e assuma essa responsabilidade”, disse.
O presidente da Comissão de Inquérito da ONU para os Crimes na Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, também insistiu que não existe uma solução militar para a guerra em Damasco e teme que a ação americana, os ataques químicos e uma nova retórica na região representem uma escalada militar no conflito que já dura seis anos.
Pinheiro indicou que a Comissão indica que não recebeu qualquer informação ou alegação de que o ataque americano tenha resultado em mortes de civis. “Como nosso mandato é investigar violações de direitos humanos, não existem bases para que façamos uma investigação sobre esse incidente”, explicou.
Na quinta-feira 6, os EUA fizeram sua primeira ofensiva militar direta contra posições do governo Assad na Síria, em retaliação ao ataque com armas químicas que provocou a morte de cerca de 100 pessoas na terça-feira. O bombardeio contra pistas de pouso, aviões e centrais de abastecimento representa uma guinada na posição do governo de Trump. (AE)
08 de abril de 2017
diário do poder
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