Lisboa- Nesses tempos de acentuadas incertezas no Brasil,onde a atuação da Lava Jato desaconselha apostas sobre candidaturas às eleições de 2018,seria de grande utilidade que as esquerdas democráticas do país atravessassem o Atlântico e viessem conhecer de perto a Geringonça,o mais novo fenômeno da política portuguesa.Teriam muito a aprender e,quem sabe,poderiam exportá-lo para elevar o nível da política partidária nacional e conduzir o país a bom porto.
A expressão é velha conhecida dos brasileiros mas em Portugal está na última moda Identifica a mais bem sucedida aliança de esquerda das últimas décadas na Europa Após as eleições legislativas portuguesas de2015,quando a direita recebeu mais votos do que os socialistas mas não conquistou maioria parlamentar,as esquerdas se.uniram para reunir mais cadeiras na Assembléia da República e indicar o Primeiro Ministro.Foi uma jogada de mestre do socialista Antonio Costa,contemplado com o cargo,apoiado pelos comunistas,o Bloco de Esquerda e os verdes.
Inicialmente,a classificação foi utilizada pelo jornalista Vasco Pulido Valente para denominar a coligação.Depois,adotada pelo então líder governista no Parlamento,Paulo Portas,para desmerecê-la alegando que duraria muito pouco.A direita estava indignada com o fato de ter recebido mais sufrágios e perdido o poder.Ganhou numericamente mas não levou porque,em Portugal,manda,efetivamente,quem controla maior número de cadeiras no Parlamento.Pode-se alegar que no Brasil é igual porque,para governar,o Presidente da República também necessita de maioria no Congresso.Mas a semelhança acaba ai.A diferença reside nos métodos utilizados para compô-la. É,no entanto,preciso reconhecer que a Geringonça representa uma inovação e que nem sempre foi assim em Portugal.
Enquanto no Brasil a base governista sempre decorre da atração fatal da caneta presidencial,em Portugal dos tempos atuais foi montada com base em princípios ideológicos de forma completamente transparente.No Brasil,há loteamento dos ministérios,dos cargos dos altos escalões e troca de favores,sem nenhuma consideração pelo interesse público e que não tem representado seu desenvolvimento.Em Portugal a metodologia foi outra e está funcionando bem.Nem os comunistas nem o Bloco de Esquerda pediram,negociaram ou foram contemplados com ministérios e cargos no governo.
A negociação foi de alto nível e sensata.As esquerdas queriam ganhar o governo e,por isso,se uniram em torno do possível.Firmaram acordo apenas em torno de questões sobre as quais poderiam discordar no futuro.Este foi o grande segredo.Colocaram na mesa exigências programáticas e ideológicas convergentes,todas voltadas ao atendimento da população e interesses da nação.Nada do toma lá da cá,troca de cargos e favores.Aparentemente,houve amadurecimento político das esquerdas e processou-se uma evolução no proselitismo político das portas das ábricas e manifestações de rua para implementar,na prática, propostas e avanços políticos e sociais.Foi um acordo pragmático,mas decente e público
Foram dias e dias de negociação,com concessões de parte a parte,mas nenhuma capaz de detonar a coligação,agredir convicções políticas ou contrariar regras da União Européia.Queriam se manter juntos em favor da democracia e conseguiram.Um ano depois é o modelo mais invejado pelos socialistas de outros países europeus,onde estão em baixa,que não param de chegar à Lisboa para perceber como tal aliança foi possível,está sendo tão bem sucedida e se é possível adotá-la.Sobretudo os espanhóis querem compreender como o moderado Partido Socialista português,o Partido Comunista, de inspiração leninista,e o Bloco de Esquerda,com suas diversas correntes políticas,nomeadamente marxista e de origem trotskista,estão se entendendo elevando Portugal a se recuperar sem aplicar as teorias da austeridade que afligiram seu povo por mais de 10 anos.
O sucesso surpreende e a direita não sabe como enfrentá-lo,a não ser provocando debates de importância questionável.O déficit ficou em 2,1%,abaixo do exigido pela União Européia,o desemprego está em queda,as exportações aceleram e a economia começa a se recuperar.O assunto vem ocupando as primeiras páginas dos jornais,revistas e debates na televisão européia.Procura-se a melhor tradução para a expressão Geringonça.Na Holanda chama-se Krakende wagen,segundo membros do Partido Trabalhista,que já vieram a Portugal estudar o caso.Enquanto o candidato socialista às presidenciais na França,Benoît Hamon,apelidou de Briquebalante,e o site norte-americano Político utiliza a palavra Contraption.
No Brasil,não haveria necessidade de as esquerdas traduzirem a expressão,mas apenas se empenharem verdadeiramente em fazer o melhor pelo país.Deixarem de lado interesses pessoais ou partidários,vaidades,questões mesquinhas,cargos,ministérios e se entenderem sobre posições comuns para devolver dignidade e crescimento à nação.Somente assim,conseguiriam formar uma maioria consistente e capaz de enfrentar nas urnas o populismo,o lulismo,o fisiologismo e qualquer dos ismos adotados desde sempre como método governativo no Brasil.A Geringonça é modelo a copiar.
01 de março de 2017
silvia caetano
A expressão é velha conhecida dos brasileiros mas em Portugal está na última moda Identifica a mais bem sucedida aliança de esquerda das últimas décadas na Europa Após as eleições legislativas portuguesas de2015,quando a direita recebeu mais votos do que os socialistas mas não conquistou maioria parlamentar,as esquerdas se.uniram para reunir mais cadeiras na Assembléia da República e indicar o Primeiro Ministro.Foi uma jogada de mestre do socialista Antonio Costa,contemplado com o cargo,apoiado pelos comunistas,o Bloco de Esquerda e os verdes.
Inicialmente,a classificação foi utilizada pelo jornalista Vasco Pulido Valente para denominar a coligação.Depois,adotada pelo então líder governista no Parlamento,Paulo Portas,para desmerecê-la alegando que duraria muito pouco.A direita estava indignada com o fato de ter recebido mais sufrágios e perdido o poder.Ganhou numericamente mas não levou porque,em Portugal,manda,efetivamente,quem controla maior número de cadeiras no Parlamento.Pode-se alegar que no Brasil é igual porque,para governar,o Presidente da República também necessita de maioria no Congresso.Mas a semelhança acaba ai.A diferença reside nos métodos utilizados para compô-la. É,no entanto,preciso reconhecer que a Geringonça representa uma inovação e que nem sempre foi assim em Portugal.
Enquanto no Brasil a base governista sempre decorre da atração fatal da caneta presidencial,em Portugal dos tempos atuais foi montada com base em princípios ideológicos de forma completamente transparente.No Brasil,há loteamento dos ministérios,dos cargos dos altos escalões e troca de favores,sem nenhuma consideração pelo interesse público e que não tem representado seu desenvolvimento.Em Portugal a metodologia foi outra e está funcionando bem.Nem os comunistas nem o Bloco de Esquerda pediram,negociaram ou foram contemplados com ministérios e cargos no governo.
A negociação foi de alto nível e sensata.As esquerdas queriam ganhar o governo e,por isso,se uniram em torno do possível.Firmaram acordo apenas em torno de questões sobre as quais poderiam discordar no futuro.Este foi o grande segredo.Colocaram na mesa exigências programáticas e ideológicas convergentes,todas voltadas ao atendimento da população e interesses da nação.Nada do toma lá da cá,troca de cargos e favores.Aparentemente,houve amadurecimento político das esquerdas e processou-se uma evolução no proselitismo político das portas das ábricas e manifestações de rua para implementar,na prática, propostas e avanços políticos e sociais.Foi um acordo pragmático,mas decente e público
Foram dias e dias de negociação,com concessões de parte a parte,mas nenhuma capaz de detonar a coligação,agredir convicções políticas ou contrariar regras da União Européia.Queriam se manter juntos em favor da democracia e conseguiram.Um ano depois é o modelo mais invejado pelos socialistas de outros países europeus,onde estão em baixa,que não param de chegar à Lisboa para perceber como tal aliança foi possível,está sendo tão bem sucedida e se é possível adotá-la.Sobretudo os espanhóis querem compreender como o moderado Partido Socialista português,o Partido Comunista, de inspiração leninista,e o Bloco de Esquerda,com suas diversas correntes políticas,nomeadamente marxista e de origem trotskista,estão se entendendo elevando Portugal a se recuperar sem aplicar as teorias da austeridade que afligiram seu povo por mais de 10 anos.
O sucesso surpreende e a direita não sabe como enfrentá-lo,a não ser provocando debates de importância questionável.O déficit ficou em 2,1%,abaixo do exigido pela União Européia,o desemprego está em queda,as exportações aceleram e a economia começa a se recuperar.O assunto vem ocupando as primeiras páginas dos jornais,revistas e debates na televisão européia.Procura-se a melhor tradução para a expressão Geringonça.Na Holanda chama-se Krakende wagen,segundo membros do Partido Trabalhista,que já vieram a Portugal estudar o caso.Enquanto o candidato socialista às presidenciais na França,Benoît Hamon,apelidou de Briquebalante,e o site norte-americano Político utiliza a palavra Contraption.
No Brasil,não haveria necessidade de as esquerdas traduzirem a expressão,mas apenas se empenharem verdadeiramente em fazer o melhor pelo país.Deixarem de lado interesses pessoais ou partidários,vaidades,questões mesquinhas,cargos,ministérios e se entenderem sobre posições comuns para devolver dignidade e crescimento à nação.Somente assim,conseguiriam formar uma maioria consistente e capaz de enfrentar nas urnas o populismo,o lulismo,o fisiologismo e qualquer dos ismos adotados desde sempre como método governativo no Brasil.A Geringonça é modelo a copiar.
01 de março de 2017
silvia caetano
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