O presidente Michel Temer mudou a estratégia de defesa na ação que corre no Tribunal Superior Eleitoral – e pode cassar seu mandato. A mudança de rumo foi definida pelo Planalto na semana passada, após a convocação de Marcelo Odebrecht na ação, para depoimento do empresário nesta quarta-feira.
Para o Planalto, se Marcelo Odebrecht de fato falar, a expectativa é que ele envolva Temer diretamente em pelo menos dois episódios: um jantar em que Temer e Marcelo combinaram doações para o PMDB, em 2014, além de um caso envolvendo repasses em troca de apoio a partidos da coligação que elegeu Dilma e Temer em 2014.
SÓ BENEFICIÁRIO – Antes do “fator Odebrecht”, a avaliação do governo era que a instrução no processo, com a investigação de irregularidades envolvendo gráficas em 2014, colocava o presidente até agora apenas na condição de beneficiário na chapa Dilma/Temer. Em outras palavras: a defesa do peemedebista acredita que não havia provas diretas contra ele- e queria encerrar o julgamento da ação o mais rápido possível.
Nessa estratégia, para acelerar o processo, a defesa de Temer não havia pedido o depoimento de nenhuma testemunha no processo até aqui.
Agora, os peemedebistas já trabalham com a mudança de quadro e discutem produzir contraprova- que pode ser testemunhal, documental ou pericial- se o depoimento de Marcelo for “relevante”, nas palavras de um assessor de Temer.
ESTICAR O PROCESSO – Pela primeira vez no processo, o presidente, por meio de seus advogados, avalia pedir ue testemunhas sejam ouvidas, o que significa que a estratégia do governo passa a ser a de esticar o processo.
Se os pedidos forem indeferidos pelo relator da ação, ministro Herman Benjamin, a defesa do presidente estuda até recorrer ao plenário do TSE – o que também não estava nos planos peemedebistas.
O depoimento de Marcelo é considerado no Planalto o fato mais importante da ação no TSE, que corre desde 2015. A decisão do depoimento de Odebrecht foi tomada pelo relator da ação. Outros ex-executivos da construtora também serão ouvidos na ação nos próximos dias.
JANTAR NO JABURU – Claudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da construtora, relatou que Temer havia negociado “direta e pessoalmente” com Marcelo Odebrecht contribuições financeiras para o PMDB.
Segundo Melo, R$10 milhões teriam sido combinados no jantar, que ocorreu no Palácio do Jaburu. O ex-diretor disse que, do total de R$ 10 milhões prometido por Marcelo Odebrecht em atendimento ao pedido de Temer, Eliseu Padilha ficou responsável por receber e alocar R$ 4 milhões.
Temer já confirmou o encontro, mas diz que o dinheiro está registrado na prestação de contas ao TSE e nega caixa dois.
Se Marcelo Odebrecht disser que se trata de caixa 2, como publicou o jornal, a defesa de Temer deve chamar os presidentes dos partidos citados, como PRB, PP, PDT e PCdoB, além de seus tesoureiros para falarem na ação.
01 de março de 2017
Andréia Sadi
G1
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