Às vezes foi necessário dobrar mais do que o papel do diploma. Foi imprescindível dobrar interesses
Portugal e o Brasil devem muito a seus diplomatas. As palavras “diploma”, “diplomacia” e “diplomata” vieram do Grego e são do mesmo étimo do verbo “diplóo”, dobrar.
Às vezes foi necessário dobrar mais do que o papel do diploma. Foi imprescindível dobrar interesses, como aconteceu em diversos tratados com outras nações.
O rei português Dom João II, o “príncipe perfeito”, era muito esperto. Depois de recusar o plano que Cristóvão Colombo lhe apresentou para descobrir a América, vendo que aquele genovês meio doido tinha chegado à América Central, pensando entretanto ser o Japão, foi cuidar do Tratado de Tordesilhas. Afinal, o navegador “descobrira” boa parte do que Portugal já conhecia e mantinha em sigilo, incluindo o Brasil.
Sob as bênçãos de Rodrigo Bórgia, nome civil do papa Alexandre VI, assinou a divisão do mundo de um modo mais favorável para os portugueses do que para os espanhóis, alargando para 370 léguas os limites a leste de Cabo Verde.
Todavia o rei francês Francisco I, inconformado, perguntou: “Onde está o testamento de Adão, que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha?”. E também partiu para conquistas ultramarítimas, chegando ao Brasil, com a França Antártica, no Rio, e com a França Equinocial, em São Luís do Maranhão.
Já o Brasil, cuja integridade territorial foi mantida graças à sabedoria de governantes portugueses e brasileiros ao correr dos séculos, tornou-se ainda maior do que era, por força de palavras e ações persuasivas de seu ministério das Relações Exteriores, cuja figura histórica referencial é o Barão do Rio Branco. Mas correu um risco danado em anos recentes, como agora se começa a ver.
A Casa é mais conhecida por Itamaraty, infelizmente hoje integrado por membros que confundem diploma com “diproma”;
O erro ortográfico é pequeno, mas dá indícios de outros erros, cuja correção é urgente, ainda mais em se tratando de país com tantas fronteiras.
19 de fevereiro de 2017
in Augusto Nunes, VEJA
Portugal e o Brasil devem muito a seus diplomatas. As palavras “diploma”, “diplomacia” e “diplomata” vieram do Grego e são do mesmo étimo do verbo “diplóo”, dobrar.
Às vezes foi necessário dobrar mais do que o papel do diploma. Foi imprescindível dobrar interesses, como aconteceu em diversos tratados com outras nações.
O rei português Dom João II, o “príncipe perfeito”, era muito esperto. Depois de recusar o plano que Cristóvão Colombo lhe apresentou para descobrir a América, vendo que aquele genovês meio doido tinha chegado à América Central, pensando entretanto ser o Japão, foi cuidar do Tratado de Tordesilhas. Afinal, o navegador “descobrira” boa parte do que Portugal já conhecia e mantinha em sigilo, incluindo o Brasil.
Sob as bênçãos de Rodrigo Bórgia, nome civil do papa Alexandre VI, assinou a divisão do mundo de um modo mais favorável para os portugueses do que para os espanhóis, alargando para 370 léguas os limites a leste de Cabo Verde.
Todavia o rei francês Francisco I, inconformado, perguntou: “Onde está o testamento de Adão, que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha?”. E também partiu para conquistas ultramarítimas, chegando ao Brasil, com a França Antártica, no Rio, e com a França Equinocial, em São Luís do Maranhão.
Já o Brasil, cuja integridade territorial foi mantida graças à sabedoria de governantes portugueses e brasileiros ao correr dos séculos, tornou-se ainda maior do que era, por força de palavras e ações persuasivas de seu ministério das Relações Exteriores, cuja figura histórica referencial é o Barão do Rio Branco. Mas correu um risco danado em anos recentes, como agora se começa a ver.
A Casa é mais conhecida por Itamaraty, infelizmente hoje integrado por membros que confundem diploma com “diproma”;
O erro ortográfico é pequeno, mas dá indícios de outros erros, cuja correção é urgente, ainda mais em se tratando de país com tantas fronteiras.
19 de fevereiro de 2017
in Augusto Nunes, VEJA
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