"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

LÍNGUA NACIONAL (ANTONIO FILGUEIRAS LIMA)

LÍNGUA NACIONAL

Língua dos canoeiros e seringueiros da Amazônia,
florindo em sonoros vocábulos indígenas,
cantando na insistência das vogais:
uiara... pororoca... uirapuru...
Língua dos vaqueiros românticos do Piauí,
enchendo as grotas de aboios tristes e longos:
ecôôô... mansôôô...
Língua rimada, dos violeiros do Ceará,
língua cantada de todo o povo do Ceará!
Língua dos engenhos de açúcar de Pernambuco e
                                                    Alagoas,
doce, na ternura, como um rolete de cana,
forte, no insulto, como um trago de aguardente.
Língua piedosa da Bahia de Todos os Santos,
que é também a língua das mandingas de Jubiabá,
língua dengosa da baiana que tem tudo
e apimentada como vatapá.
Língua carioca, mistura de todas as línguas,
mosaico de todos os idiomas que há no mundo.
Língua dos garimpeiros de Minas Gerais,
faiscantes de jóias e de pedrarias!
Língua sintética dos homens-dínamos de São Paulo,
exuberante de força, de serva e de energia!
Límgua dos pampas infinitos,
cheia de hipérboles e imagens,
insubmissa e viril como um potro selvagem.
Língua que o gaúcho libérrimo fez à sua imagem...
Língua em que todas as mães brasileiras ninam
                                            seus filhos,
em que todos os lavradores nordestinos pedem chuvas
                                                    a Deus,
em que todos os desgraçados encontram palavras de
                                                  consolação...
Língua ardente, cantante, exuberante, original...
Língua da minha gente do Norte e do Sul!
Língua Nacional!


23 de janeiro de 2017
Antonio Filgueiras Lima
in Antologia poética 

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