"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A VIDA É BEM MAIS DO QUE A POLÍTICA

ARTIGOS - CULTURA



Há mais coisas entre o céu e a terra do que supões a vossa vã ideologia política. A vida nunca foi melhor porque a política era melhor. A vida era melhor porque a política era menor. Ela não procurava se intrometer em cada aspecto da nossa existência, nunca foi tão intrusiva. O Estado não se achava redentor, não tinha todas as respostas, não se julgava messiânico.

No pensamento marxista, a solução sempre é política. O agente redentor é sempre o Estado. Mesmo o proletariado messiânico só será eficaz quando se apossar plenamente da máquina estatal para estabelecer sua ditadura. Então haverá paz, então haverá fartura, então haverá solução. Então até a família e a religião desaparecerão porque ninguém mais precisará delas, como reza o Manifesto Comunista.

Nunca passou pela mente marxista soluções ou benefícios que não passem pela política. Nunca lhes ocorreu que pessoas tementes a Deus tendem a fazer o bem e evitar o mal. Jamais pensaram que o peso de uma cultura tenha muito mais influência na felicidade de uma sociedade do que os decretos impostos por qualquer governo. Ignoram completamente a possibilidade das pessoas encontrarem por si mesmas a cura para suas mazelas. Sua crença de que o agigantamento do Estado é o caminho para o fim do Estado só não soa ridículo para quem está de algum modo lucrando com a venda dessa ideia.

Mesmo o marxismo cultural se fortalece com a ocupação dos espaços estatais. É preciso ocupar os espaços no Estado para que o Estado ocupe mais espaço, em um ciclo vicioso que se expande como um monstro insaciável.

No passado, reis eram deuses ao lado de outros deuses que não eram reis. Ao reduzir toda a realidade à matéria, e toda existência humana à mera soma das relações sociais, no pensamento marxista o Estado assume um papel de divindade sem rival. Ele nada deve a ninguém a não ser a si mesmo. Suas leis são fonte da moralidade, seus programas sociais a única redenção que o ser humano necessita. Com uma caneta ele torna eticamente correto o assassinato no útero e com um decreto ele transforma desvios sexuais em famílias.

Erramos também, pois nos deixamos atrair e arrastar mansamente para essa estatolatria. Ao culpar o governo por todos os nossos problemas e ao esperar dele todas as soluções, deixamos a porta aberta para que ele entrasse e interferisse em todas as esferas das nossas vidas. Não percebemos quão estreita é a mente esquerdista, onde nada mais cabe a não ser matéria, onde nada mais existe do que sociedade, onde o homem nada mais é do que animal produtor, onde a maior abstração possível é o Estado. Um Deus Criador e sustentador de uma ordem superior que interfere neste mundo e que deve servir de referência neste mundo sem referência é demais para uma mente marxista. Basta o Estado totalitário levado ao último grau e a redenção já será uma realidade. O comunismo perseguiu a religião porque se considera a divindade máxima expressando-se em uma realidade política que não admite competição.

Houve tempos nos quais a Teologia era a mestra das ciências, amarrando e unindo todas as esferas do conhecimento. Ela era a ciência que sancionava todas as ciências. Hoje vivemos em uma realidade onde até os cursos de Teologia buscam aprovação do MEC, isto é, do Estado. A ciência do divino, nascida e produzida por revelação, só tem validade com a sanção do Estado. Quando até mesmo o conhecimento do sobrenatural depende do Estado, isto representa uma escravidão maior do que se possa imaginar.

Não somos quem o Estado diz que somos. A verdade não depende de sanções do MEC. O certo é o errado não são definidos em uma sessão do Congresso. A verdade, a vida e os caminhos da salvação, quer presentes, quer eternos, passam bem longe das vias políticas e independem completamente do Estado.

Pensar fora da caixa também inclui libertar-se das ideias que o Estado Leviatã e seus inúmeros tentáculos produzem.


13 de janeiro de 2017
Eguinaldo Hélio Souza é pastor e conferencista.

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