"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 8 de outubro de 2016

POR UMA DÍVIDA DE 3,5 TRILHÕES, BRASIL PAGA OS JUROS MAIS ALTOS DO MUNDO: 4% NO ANO



Charge do Paixão. reproduzida da Gazeta do Povo

Em relatório publicado no Globo de quinta-feira – reportagem de Henrique Gomes Batista, correspondente do jornal nos EUA – o Fundo Monetário Internacional alertou o governo brasileiro para a escalada da dívida federal, que atingiu 78% do PIB este ano, algo fantástico, em torno de 3,5 trilhões de reais. Em 2014, representava, em números redondos, 63% de nosso Produto Interno Bruto, cresceu 10 pontos em 2015 e agora chega à parcela de 78%. No ritmo em que vai – destaca o FMI – em 2021 alcançará nada menos que 93% do PIB.

O documento destaca que por esse endividamento o Brasil (Taxa Selic) paga os juros reais de 4% ao ano, os mais altos do mundo. Juros reais são o resultado do índice aplicado ao pagamento, já descontada a inflação efetivamente registrada. Entre as causas do avanço da dívida, os empréstimos do BNDES somados ao processo de recessão econômica.

O quadro brasileiro foi analisado pelo economista-chefe do Banco Mundial, Augusto de La Torre. O Brasil é o país da América Latina cujo ajuste fiscal é o mais complicado. Um dos fatores está no projeto expansionista de crédito dos últimos governos do país.

COMPLICADO? – Bota complicado nisso, acrescento eu. Sobretudo porque, ao invés da rolagem do endividamento, a administração Michel Temer procura a saída no corte de aposentadorias e pensões. Não vai achar. Tampouco na investida que anuncia para modificação na CLT. As reduções a serem obtidas por esses caminhos diluem-se no mar de juros da dívida pública.

Nesse contexto, vale acentuar o reflexo político das reformas previdenciárias e trabalhistas. Desgaste muito grande. Pois se o governo está enfrentando dificuldade para aprovar a PEC dos gastos públicos, que de fato não reduzem despesas, mas as mantêm no limite da inflação do IBGE verificada no exercício anterior, que diria a consequência junto à sociedade do corte efetivo de valores salariais. Inclusive com a derrubada de direitos adquiridos.

SEM NOÇÃO – Técnicos do Planalto confundem aposentadorias com pensões, quando aqueles que faleceram descontaram a vida toda para os dois efeitos concretos. Falta absoluta de noção do dimensionamento econômico, social e político.

Afinal de contas, como dizia Roberto Campos, todo planejamento econômico repousa sobre um contexto político. O contexto político de hoje não é nada favorável ao presidente Temer. Sua popularidade está baixa, os problemas são muito altos. E, sobretudo, haverá eleições em 2018, inclusive a sucessão presidencial.

O PSDB avançou muito nas disputas municipais. Se sentir que o panorama mostra-se contrário ao Palácio do Planalto, buscará um pretexto para sair da administração, visando escapar do desgaste político junto ao eleitorado e seu reflexo nas urnas do futuro próximo. Pois a perspectiva é a de que a legenda do PMDB poderá descer quase tanto a bandeira do PT naufragou na votação de 2 de outubro.

PT DEMOLIDO – Das maiores capitais do país, o Partido dos Trabalhadores disputa o segundo turno apenas na cidade do Recife. Não se classificou no Rio, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte. Exemplos suficientes para avaliar os estragos do desabamento.


08 de outubro de 2016
Pedro do Coutto

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