Charge do Paixão. reproduzida da Gazeta do Povo |
Em relatório publicado no Globo de quinta-feira – reportagem de Henrique Gomes Batista, correspondente do jornal nos EUA – o Fundo Monetário Internacional alertou o governo brasileiro para a escalada da dívida federal, que atingiu 78% do PIB este ano, algo fantástico, em torno de 3,5 trilhões de reais. Em 2014, representava, em números redondos, 63% de nosso Produto Interno Bruto, cresceu 10 pontos em 2015 e agora chega à parcela de 78%. No ritmo em que vai – destaca o FMI – em 2021 alcançará nada menos que 93% do PIB.
O documento destaca que por esse endividamento o Brasil (Taxa Selic) paga os juros reais de 4% ao ano, os mais altos do mundo. Juros reais são o resultado do índice aplicado ao pagamento, já descontada a inflação efetivamente registrada. Entre as causas do avanço da dívida, os empréstimos do BNDES somados ao processo de recessão econômica.
O quadro brasileiro foi analisado pelo economista-chefe do Banco Mundial, Augusto de La Torre. O Brasil é o país da América Latina cujo ajuste fiscal é o mais complicado. Um dos fatores está no projeto expansionista de crédito dos últimos governos do país.
COMPLICADO? – Bota complicado nisso, acrescento eu. Sobretudo porque, ao invés da rolagem do endividamento, a administração Michel Temer procura a saída no corte de aposentadorias e pensões. Não vai achar. Tampouco na investida que anuncia para modificação na CLT. As reduções a serem obtidas por esses caminhos diluem-se no mar de juros da dívida pública.
Nesse contexto, vale acentuar o reflexo político das reformas previdenciárias e trabalhistas. Desgaste muito grande. Pois se o governo está enfrentando dificuldade para aprovar a PEC dos gastos públicos, que de fato não reduzem despesas, mas as mantêm no limite da inflação do IBGE verificada no exercício anterior, que diria a consequência junto à sociedade do corte efetivo de valores salariais. Inclusive com a derrubada de direitos adquiridos.
SEM NOÇÃO – Técnicos do Planalto confundem aposentadorias com pensões, quando aqueles que faleceram descontaram a vida toda para os dois efeitos concretos. Falta absoluta de noção do dimensionamento econômico, social e político.
Afinal de contas, como dizia Roberto Campos, todo planejamento econômico repousa sobre um contexto político. O contexto político de hoje não é nada favorável ao presidente Temer. Sua popularidade está baixa, os problemas são muito altos. E, sobretudo, haverá eleições em 2018, inclusive a sucessão presidencial.
O PSDB avançou muito nas disputas municipais. Se sentir que o panorama mostra-se contrário ao Palácio do Planalto, buscará um pretexto para sair da administração, visando escapar do desgaste político junto ao eleitorado e seu reflexo nas urnas do futuro próximo. Pois a perspectiva é a de que a legenda do PMDB poderá descer quase tanto a bandeira do PT naufragou na votação de 2 de outubro.
PT DEMOLIDO – Das maiores capitais do país, o Partido dos Trabalhadores disputa o segundo turno apenas na cidade do Recife. Não se classificou no Rio, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte. Exemplos suficientes para avaliar os estragos do desabamento.
08 de outubro de 2016
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário