Eu estava devendo este post há tempos, mas, enfim, é o momento. Como desmascarador de fraudes intelectuais, escrevê-lo é agradável e divertido. Digamos que refutar embusteiros é praticamente um esporte.
Eis minha promessa: demonstrar que a principal fraude intelectual criada por Leandro Karnal para tentar inocentar o PT de seu projeto totalitário de poder baseado na corrupção também seria capaz de inocentar Hitler pelo Holocausto e o Maníaco do Parque por seus assassinatos e estupros. (Na verdade, seria uma “inocentação” psicológica sobre incautos, pois tudo é apenas um truque hipnótico)
Hora de desconstruirmos a fraude.
Antes, veja a implementação do truque de Leandro Karnal no vídeo abaixo:
Karnal - A corrupção no Brasil - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=j0WCvNyHaqE
13 de dez de 2014 - Vídeo enviado por Deilson Elgui de Oliveira
Trecho do Jornal da Cultura de 12/Dez/2014, no qual o historiador Leandro Karnal, da UNICAMP ...Agora é só decodificar o esquema, que possui cinco passos bem claros e que podem ser reproduzidos a todo momento para inocentar qualquer grande barbárie da humanidade. Isso, é claro, até um desmascarador de fraudes te interromper.
Veja o passo-a-passo:
Identificar o alvo da atrocidade ética (a ser inocentado)
Aplicar o espantalho e fingir que o item anterior se relaciona a falhas morais banais e comuns
Diluir a responsabilidade, com exemplos dessas falhas morais banais e comuns
Dizer que os praticantes dessas falhas morais banais e comuns são responsáveis pelas atrocidades daquele praticante das monstruosidades (e que está sendo inocentado com o truque)
Fazer o público ouvinte se sentir culpado pelas maiores atrocidades do mundo
Agora vamos aplicar o padrão de Karnal para quem quiser inocentar o PT de seu projeto totalitário de poder, bem como inocentar Hitler do genocídio e também o Maníaco do Parque de todos os seus estupros e assassinatos. Observe que o truque, como já disse, só vai funcionar para quem não percebeu a estrutura do ardil. O objetivo deste texto não é que você propague o truque, mas que o refute, sendo capaz de explicar a armação.
No primeiro passo, o argumentador psicopata vai identificar o alvo da crítica oponente. Como já mencionei anteriormente, pode ser o imperdoável projeto totalitário de poder do PT (no qual a corrupção foi apenas um meio), o genocídio de Hitler e os estupros e assassinatos cometidos pelo Maníaco do Parque.
No segundo passo, existe uma parte essencial do truque, com a aplicação do espantalho. Em suma, o objeto da crítica (a imoralidade gravíssima) é escondido para ser comparado a algo que possui apenas alguma relação com este objeto. Veja como o modelo se aplica:
O projeto totalitário de poder é escondido, para ser tratado apenas como “casos de corrupção”
O genocídio de Hitler igualmente é escondido, para ser tratado apenas como “agressões entre pessoas”
Os assassinatos e estupros do Maníaco do Parque são escondidos, para serem tratados como “atos de falta de respeito entre pessoas do sexo oposto
Após este passo, começa o item três do truque: encontrar responsáveis – em grande quantidade – pelas práticas imorais de menor grau, para fingir que eles são exemplos das práticas imorais de altíssimo quilate. Quer dizer: nós não encontramos facilmente pessoas que empreendem projetos totalitários de poder com base na corrupção, mas encontramos aqueles que pagaram propina para o fiscal da banquinha de jornal. Igualmente não encontramos praticantes de genocídio, mas encontramos muitos que já deram pontapé em jogo de futebol ou xingaram alguém no trânsito. Pelo mesmo padrão, não encontramos muitas pessoas que praticam assassinatos ou estupros em série, mas encontramos mais facilmente aqueles que fizeram uma piada grosseira para o(a) parceiro(a).
No passo quatro, portanto, é preciso responsabilizar os praticantes das falhas morais menores pelos atos (raros, felizmente) dos praticantes das grandes atrocidades morais da humanidade. Observe os verbal assault patterns:
“A corrupção não começa com o PT. Começa com aquele que passa com o carro pelo acostamento.”
“A agressão entre pessoas não começa com Hitler. Começa com aquele que xinga alguém no trânsito.”
“A grosseria entre pessoa do sexo oposto não começa com o Maníaco do Parque. Começa com aquela esposa que faz piada sobre o costume do marido tomar cerveja”.
O toque final vem com o passo cinco: fazer com que sua audiência se sinta “culpada” por – caso tenha praticado um dos atos menores – pelas maiores atrocidades da humanidade. Note que o truque funciona quando o público, hipnotizado, não percebe a transição feita no passo 1, onde o projeto totalitário de poder é tratado como “corrupções do cotidiano”, ou o genocídio é tratado por “agressões entre pessoas” e os assassinatos/estupros em série por “grosserias entre pessoas do sexo oposto. É este truque – envolvendo estratagemas erísticos bem arquitetados – que permite que alguém saia da sessão de doutrinação achando que “a corrupção do PT começou com o sujeito que passou com o carro no acostamento”.
A partir do momento em que alguém foi seduzido pelo truque de Karnal, não há mais capacidade de estabelecer um debate racional com esta pessoa, a não ser que ela seja desperta do embuste. Em muitos casos, ela não fará isso, pois parte de seu público também é composta de pessoas desonestas da extrema-esquerda. Mas Karnal tem conseguido empreender seus truques até mesmo em pessoas que não pertencem à extrema-esquerda. Nesse caso, as pessoas se encontram em colapso cognitivo. Algumas até dizem que “estão praticando pensamento crítico”, embora, como vimos nesta desconstrução (com decodificação), o truque só é digno de enganar incautos.
Seja lá como for, agora você possui instrumentos para não cair em um dos principais estratagemas de Leandro Karnal, que demonstra uma monstruosidade moral capaz de apavorar até alguns psicopatas e um nível de prática sofística que deixaria Epicuro, Marx e Goebbels humilhados.
13 de outubro de 2016
in ceticismo político
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