Executivos e operadores ligados à Odebrecht e ao Grupo Petrópolis, controladora da cervejaria Itaipava, foram sócios em um banco no Caribe usado para o pagamento de propina. Em delação premiada, o operador Vinícius Veiga Borin detalhou como as duas empresas usaram terceiros para adquirir o Meinl Bank Antígua, no arquipélago caribenho de Antígua e Barbuda. O objetivo, segundo os investigadores, era facilitar a ocultação dos repasses ilícitos.
Durante a 26ª fase da Lava-Jato, Operação Xepa, a força-tarefa da Lava-Jato encontrou indícios que, juntas, as duas empresas haviam movimentado pelo menos U$ 117 milhões para o pagamento de propina entre 2008 e 2014.
De acordo com Borin, a vontade das duas empresas em adquirir uma instituição bancária apareceu pela primeira vez em 2010, quando um outro banco, o AOB, também em Antígua e Barbuda, apresentou problemas de liquidez.
PAGAR E RECEBER – Os investigadores suspeitam que a instituição AOB também era usada tanto pela Odebrecht quanto pelo Grupo Petrópolis para receber recursos ilícitos. O negócio não foi adiante e ambos perderam dinheiro. A construtora perdeu US$ 15 milhões e o Grupo Petrópolis, através de Vanuê Faria, sobrinho de Walter Faria, dono da cervejaria e então representante financeiro do grupo, perdeu US$ 50 milhões.
O insucesso na compra do AOB levou os representantes das duas empresas a procurarem outro banco, segundo delatou Borin. Ainda em 2010, o executivo da Odebrecht Luis Eduardo Soares — preso em abril em ação decorrente da 26ª fase da Lava-Jato — apresentou a possibilidade de comprar uma participação em Antígua do Meinl Bank, de Viena, para a operação.
Inicialmente, o grupo pagou US$ 3 milhões mais quatro parcelas anuais de US$ 246 mil por 51% do banco. E, seguida, o grupo comprou mais 16% das ações chegando a 67% do Meinl Bank Antígua.
VENDEU SUA PARTE – No início de 2012, Vanuê Faria vendeu sua participação a representantes da Odebrecht. Além de Borin e Soares, operavam as contas da Odebrecht no paraíso fiscal Fernando Migliaccio, que está preso na Suíça, e Olívio Rodrigues Júnior. Todos eles foram alvos da Lava-Jato.
Os investigadores suspeitam que a Odebrecht transferia parte dos recursos desviados no Brasil para uma das contas do Grupo Petrópolis. Em contrapartida, segundo a força tarefa da Lava-Jato, o empresário repassaria pagamentos no mesmo valor, como propina, a terceiros em território brasileiro. O repasse seria feito através de duas distribuidoras do Grupo Petrópolis, que apareceram em uma planilha do “Departamento da Propina” da Odebrecht. No documento, elas estão associadas a valores que somam pouco mais de R$ 6 milhões.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A IstoÉ chegou a dar uma capa sobre as relações espúrias de Wálter Faria com o então presidente Lula, que mandou o BNDES bancar os negócios do cervejeiro. Isso já era sabido. A grande novidade é a sociedade de Faria com a Odebrecht na compra do banco no Caribe para fazerem negócios escusos no exterior, com destaque para a distribuição de propinas e o financiamento do caixa dois das campanhas do PT. Complica-se, assim, a situação de Marcelo Odebretch na Lava Jato. Se não fechar a delação premiada, vai cumprir uma longa temporada na cadeia e será o Marcos Valério do Petrolão. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A IstoÉ chegou a dar uma capa sobre as relações espúrias de Wálter Faria com o então presidente Lula, que mandou o BNDES bancar os negócios do cervejeiro. Isso já era sabido. A grande novidade é a sociedade de Faria com a Odebrecht na compra do banco no Caribe para fazerem negócios escusos no exterior, com destaque para a distribuição de propinas e o financiamento do caixa dois das campanhas do PT. Complica-se, assim, a situação de Marcelo Odebretch na Lava Jato. Se não fechar a delação premiada, vai cumprir uma longa temporada na cadeia e será o Marcos Valério do Petrolão. (C.N.)
20 de junho de 2016
Renato Onofre e Cleide Carvalho
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário