"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

O BRASIL EM CORO CANTA: XÔ, CUNHA


Cascais, Portugal - Sabe aquela carne que passa do ponto? Eduardo Cunha não passou apenas do ponto, apodreceu. Vê-lo presidindo os trabalhos na Câmara dos Deputados até então era repugnante, asqueroso, quando todos já sabiam que ele fora denunciado pelo STF por envolvimento em lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A imagem que vendia de um malandro carioca, astuto e sagaz dissolveu-se agora com a liminar que o afastou do cargo. Sem as prerrogativas que lhe permitiam abusar do cargo e manipular seus colegas na Comissão de Ética, Cunha agora está a um passo da cadeia. E o afastamento chegou em boa hora, no momento em que a população estranhava a atitude dele em mandar alguns de seus capachos cooptarem os ministros do STF para um “aumentozinho” de 16% nos seus salários, uma atitude descarada e cínica para quem estava sendo processado pela Corte.

O afastamento de Cunha, contudo, não invalida a votação do impeachment da Dilma que ele conduziu dentro das normalidades constitucionais. Na verdade, ambos estão atolados até o pescoço em atos de corrupção. Dilma, envolvida nos crimes das pedaladas, no caixa dois da campanha e na venda da refinaria de Pasadena, e Cunha na remessa de dinheiro para o exterior, produto de propina da Petrobrás. A decisão do STF é um ensaio para o início da recuperação ética e moral dos poderes, desde que seus ministros mantenham a coerência de suas sentenças sem apadrinhamentos nem proteção de tantos outros criminosos, a exemplo de Lula, que ainda continuam criando obstáculos à operação Lava Jato.

Cunha, agora, desprotegido, vai gastar uma fortuna com seus advogados em busca de uma defesa convincente. Sabe que tem pela frente uma indigesta luta para provar a sua inocência contrariando todas as provas de que dispõe o Ministério Público para tirá-lo de circulação por um bom tempo. Resta-lhe, porém, a alternativa de contar com a ajuda do vice que ele deixa em sua cadeira, outro despreparado e fisiológico, também envolvido na operação Lava Jato. E assim, como um dominó, cai uma peça e as outras vão juntas porque todas fazem parte da mesma origem, a da corrupção e da decadência política, onde o mais bobo naquela Casa, como diz o anedotário, “conserta relógio com luvas de boxe. E no escuro”.

A queda de Cunha certamente vai deixar Michel Temer mais à vontade para compor seu ministério, no caso da Dilma ser afastada, sem as pressões de Cunha que, enfraquecido, não pode mais dar as cartas como antes porque já usou todos os coringas que escondia para a jogada final. Temer, na intimidade, torcia para que o colega de partido fosse exortado da Câmara. Temia, é claro, ser contaminado pelas suas peraltices ao deixá-lo no comando do país quando tivesse que se ausentar em viagens ao exterior. Fica também satisfeito por não carregar esse fardo que representava o povo brasileiro no parlamento.

Cunha, entretanto, é apenas mais uma pedra no caminho de Temer, que ele involuntariamente conseguiu retirar do sapato. Se ele, no comando do país, não fizer uma reciclagem ética de suas companhias ainda terá muita dor de cabeça. O Brasil não espera apenas que o novo presidente recupere a economia, quer que ele devolva aos brasileiros os valores morais que o governo do PT e seus militantes jogaram no lixo. O mundo, aqui fora, torce para que o país volte ao crescimento e o tão sonhado crescimento sem regular, longe das figuras caricatas que até então ainda estão no comando da nação.

E o Cunha, como tantos outros malfeitores, ainda é o que existe de pior no nosso comércio exportador, uma mercadoria estragada e defeituosa para o padrão de qualidade mundial.



06 de maio de 2016
Jorge Oliveira

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