Com a possibilidade de desembarque do governo de partidos da base aliada, como PP e PR, parlamentares do PT admitem que o xadrez está ainda mais desfavorável nesta terça-feira. Alguns petistas creditam a “maré ruim” ao entorno do vice-presidente Michel Temer (PMDB-RJ), sobretudo aos ex-ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha, responsáveis, segundo eles, por virar votos importantes, caso de deputados do PP e PR que resistiam ao lado do governo.
— As conversas do Temer é que nos complicaram, principalmente com o Maurício Quintella (PR), que chutou o pau da barraca, e com o Ciro Nogueira (PP). O áudio que o Temer vazou, inclusive, pega mal para fora do Congresso, mas aqui foi muito bom para eles — admite um dirigente petista.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou o “vale-tudo” nas negociações feitas pelo grupo do vice-presidente. Ele disse que o governo é feito de “freiras” se comparado ao que vêm fazendo aliados de Michel Temer:
— Frente a esse entorno do Michel Temer articulando para todo lado, Moreira, Padilha e Eduardo Cunha, os ministros do Palácio mais parecem freiras — afirmou.
Nos últimos dias, o ex-presidente Lula teve várias conversas com o presidente do PP, mas, segundo petistas, Temer tinha mais a oferecer do que Dilma.
BUNKER NO ALVORADA
Diante do pessimismo para a votação em plenário, que ocorrerá no próximo domingo, integrantes do PT já preparam ofensivas pós-impeachment de Dilma. Eles dizem que, se afastada pelo Senado, após a votação na Câmara, a presidente ainda pode ficar no Palácio da Alvorada por seis meses, onde pretendem montar um “bunker” da resistência, nas palavras de um parlamentar aliado.
— Vamos fazer o nosso bunker, o Temer ocupa o Planalto e nós ficamos no Alvorada fazendo atos todos os dias por seis meses. Ele assumindo vai ter que botar em prática um plano econômico duríssimo e que vai nos dar munição por todo esse tempo. Chamando ele de golpista e tendo o apoio dos movimentos sociais, jovens, vamos trazer todo mundo, até o Chico Buarque — disse um petista.(reportagem enviada pelo comentarista Wilson Baptista Jr.)
14 de abril de 2016
Letícia Fernandes
O Globo
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