O lobista da empresa holandesa SBM Offshore no Brasil, Júlio Faerman, confirmou em sua delação premiada que realizou a doação de US$ 300 mil dólares para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010 por meio de transferência em contas na Suíça. Segundo Faerman, ele fez pagamento de uma conta na Suíça para outra conta no mesmo país pertencente ao então gerente de engenharia da Petrobras, Pedro Barusco, que também se tornou delator.
Barusco, em depoimento até agora inédito de sua delação premiada, confirmou a operação e diz que não precisou trazer os recursos da Suíça para a campanha petista no Brasil. Segundo ele, houve uma compensação no Brasil de “crédito em propinas” que o PT teria a receber de empresas por obras na Petrobras.
“Na verdade o depoente não transferiu US$ 300 mil para a conta de ninguém, simplesmente passando ao PT um crédito em propinas a receber. Que não sabe como esse pagamento teria sido feito ao PT, se no país ou no exterior, se em forma de doação oficial de campanha ou não”, declarou Barusco.
FORA DA LEI
A atual legislação proíbe o recebimento de doações eleitorais de empresas estrangeiras. As informações foram reveladas na denúncia do Ministério Público Federal referente à corrupção da empresa SBM na Petrobras, apresentada à Justiça nesta quinta-feira (17), e que aponta pagamentos de propina desde 1997, época do governo Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Faerman, o pedido de doação ao PT foi feito diretamente pelo ex-diretor de Serviços Renato Duque, atualmente preso por conta das investigações da Operação Lava Jato. Barusco confirmou a informação.
Em março, um documento entregue a investigadores holandeses fortalece o depoimento do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco de que a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010 recebeu dinheiro da SBM.
“No ano de 2010, durante a campanha presidencial, quando [o então candidato tucano José] Serra encostou em Dilma nas pesquisas, foi solicitado por Renato Duque a intermediar o recebimento de uma contribuição de US$ 300 mil para a campanha de Dilma”, afirmou Barusco.
TROCA POR PROPINA
O ex-gerente detalha: “Como já tinha os canais financeiros estabelecidos com a SBM, recebeu o dinheiro do representante comercial da SBM em sua conta na Suíça, cedendo créditos de propina no Brasil de outras empresas com contratos com a Petrobras, as quais não se recorda neste momento”.
Questionado nos depoimentos, Barusco disse não saber se houve ou como foi a atuação dos ex-tesoureiros João Vaccari Neto e José de Filippi Júnior.
Filippi já divulgou nota anteriormente falando que a campanha de Dilma em 2010 não recebeu doação da SBM e que Barusco não atuou na captação de recursos.
O PT e o ex-tesoureiro João Vaccari Neto têm declarado que o partido só recebe doações legalmente registradas na Justiça Eleitoral. A defesa de Duque tem negado envolvimento com esquema de corrupção na Petrobras. (da FolhaPress)
20 de dezembro de 2015
Deu em O Tempo
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