Está claro para qualquer economia e para Minas Gerais em especial que a diversificação deve ser cada vez maior e que as populações precisam de alternativas para geração de renda e de empregos.O acidente provocado pela Samarco apenas reforçou a premissa que deveria estar em qualquer plano de governo comprometido com o desenvolvimento de qualidade. Exatamente por isso, é de se festejar muito a inauguração da nova fábrica de cápsulas de café que a Nestlé construiu na cidade de Montes Claros, no Norte de Minas.
Não é simplesmente uma fábrica qualquer. Como bem disse o ex-governador Antonio Anastasia, que iniciou a negociações para consolidar o projeto em terras mineiras, é o tipo de projeto que chama a atenção pelo alto valor agregado que traz consigo.
Ressalta-se que se trata da primeira unidade fabril desse tipo de produto que a Nestlé constrói fora da Europa. Iguais a essa que irá funcionar em Montes Claros, somente em cidades da Espanha, da Inglaterra e da Alemanha.
SAIU DO PAPEL
As barreiras inicialmente colocadas se fixavam na ausência de tecnologia adequada e no custo do investimento, mas, como se detecta nesse caso, quando há persistência e disposição política para enfrentar desafios, os bons projetos saem do papel.
A multinacional investiu até agora R$ 220 milhões em sua planta no Norte de Minas e vai produzir mais de 360 milhões de cápsulas.
O bom disso tudo é que o café, o leite e o chocolate que serão utilizados na fabricação de quatro variedades dessas cápsulas serão todos nacionais. Produzindo no exterior, a Nestlé comprava as sacas de café por aqui, mas gerava renda e emprego por lá.
Está na hora de os governantes se espelharem nesse case e realizarem mais fóruns, visitas, congressos, campanhas e outras honras para atrair empresas que necessitam de nossas commodities e as compram a preço de banana, como é o caso do nióbio, de Araxá. Por lá, não há sequer uma fábrica que utilize esse valoroso metal e o transforme em produto nacional.
PROJETOS FRUSTRADOS
Honras também devem se concentrar em quem tem a mínima intenção de se instalar em Minas Gerais. Já perdemos muito por não termos bons “relações-públicas”. Em um passado recente, ficamos sem investimentos que eram dados como certos, com empresas deixando Minas e se instalando em outros Estados. Foram os casos da fábrica da FCA, que foi para Pernambuco, e do polo-petroquímico, que deixou Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte, para se alojar em Camaçari, na Bahia, depois que uma carta de intenções já tinha sido assinada.
Em Sete Lagoas, o prefeito Márcio Reinaldo acaba de receber em seu gabinete os executivos da Amsia Motors, uma montadora sino-árabe que chegou a assinar uma carta de intenções com o Estado do Sergipe, mas que manifesta o desejo de construir sua fábrica brasileira aqui, em Minas.
A montadora, além de se destacar na produção de SUVs, também é vista como grande investidora em carros elétricos, o caminho para onde aponta a indústria automobilística. É hora de ir atrás. De não perder tempo.
20 de dezembro de 2015
Heron GuimarãesO Tempo
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