"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 5 de dezembro de 2015

DILMA TERÁ DE REAGRUPAR SUAS TROPAS PARA BARRAR IMPEACHMENT


Abandonada pelo cálculo de sobrevivência política de seu criador, Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff terá de fazer o que não conseguiu durante todo o ano para evitar que a Câmara dos Deputados aprove a abertura do pedido de seu impeachment : reagrupar e coordenar suas tropas.
A decisão do PT de desistir do plano de defesa de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética contrariou o Planalto – ainda que Dilma tenha, em público, negado a barganha. Na oposição e no PMDB, isso foi visto como uma senha para a aceleração dos eventos em Brasília.
Uma ala do governo e boa parte do PT defendiam esquecer Cunha e ir para o enfrentamento do impeachment. Nas contas do Planalto, capitaneadas por Jaques Wagner (Casa Civil), o risco era grande. A impressão foi reforçada pelos péssimos números da economia divulgados na terça (1), unidos ao clima político após a prisão do líder de Dilma no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS).
O movimento fracassou, torpedeado pelo próprio PT, preocupado com o que ainda lhe sobra de imagem após anos de escândalos.
PARECE FÁCIL
A lógica petista não é, por óbvio, a da derrota. No papel, o Planalto teria uma tarefa fácil, já que são apenas 171 os votos dos quais precisa.
Desde a eleição de Cunha à chefia da Câmara, o governo sabe que só conta com uns 130 votos firmes. A margem algo superior a 200 apoios em votações recentes vinha assombrando o Planalto.
Em condições normais, o Planalto poderia cabalar facilmente os votos que lhe faltam. Talvez o consiga, a exemplo do que fez Fernando Henrique Cardoso em situação análoga em 1999, e reinicie sua gestão do zero.
A reação inicial do Planalto, com o inusual pronunciamento de Dilma, apontou para a desqualificação de Cunha devido ao caráter revanchista de sua decisão. Resta saber se funcionará, pois será o plenário que julgará Dilma, analisando ali mais do que a idoneidade de quem admitiu a votação.
RECURSO AO SUPREMO
Tentar judicializar o processo na saída, por sua vez, tem eficácia duvidosa.
O clima é francamente desfavorável a Dilma. Sua baixíssima popularidade, a paralisante crise econômica, a sombra da Lava Jato e a aproximação entre a oposição e o PMDB do vice Michel Temer pintam um quadro difícil, ainda que não irreversível.
Um impeachment pode até ter sido “precificado”, uma vez que o risco foi embutido quando o PT rifou Cunha, mas não é boa notícia para o presidenciável Lula.

05 de dezembro de 2015
Igor Gielow
Folha

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