Raras vezes temos visto períodos politicamente tão tumultuados como os atuais. Tem de tudo, desde a prisão de montes de políticos e empresários, por corrupção, até entreveros envolvendo os presidentes da Câmara, do Senado, o vice-presidente da República e a própria presidente, além de partidos rachados e a população exigindo o impeachment de Madame. No Congresso e no ministério as regras do jogo mudam a cada instante e as queixas se multiplicam diante do desemprego em massa, da alta dos impostos e do custo de vida, além da redução de direitos sociais. O governo anda em frangalhos, sem dinheiro para custear suas despesas, ao tempo em que os estados vão à falência e nossa economia entra em queda livre.
Como estamos no Brasil, isso foi até ontem, dia 18 de dezembro. A partir de hoje, antecipa-se o recesso parlamentar, os tribunais superiores entram de férias, o Executivo cruza os braços. Pernas para o ar que ninguém é de ferro. A folga deveria durar poucos dias, mas aí vem a surpresa: até 16 de fevereiro o país andará devagar, quase parando. À preparação para as festas de Natal, Ano Novo e as próprias, seguir-se-á um janeiro ocioso, só que nada de trabalhar na primeira semana de fevereiro, tempo de esquentar os tamborins, muito menos na segunda, de Carnaval.
Resultado: para funcionarmos, mesmo, apenas a partir da metade do segundo mês do novo ano. Serão 66 dias, a contar de hoje. Claro que a crise não vai se interromper, muito pelo contrário. Apenas, como compensação, sem a contribuição de Suas Excelências para ficar pior…
QUEM GANHOU, QUEM PERDEU?
No palácio do Planalto festejou-se a decisão do Supremo Tribunal Federal quanto ao rito do processo de impeachment, modificado para beneficiar o Senado e talvez o arquivamento do pedido. Por maioria, os meretíssimos nomeados durante os governos do PT compareceram com sua lealdade para Madame. Até as ruas, nos últimos dias, desfizeram prognósticos pessimistas para os detentores do poder. Claro que tudo dependerá da capacidade de o governo evitar que a situação venha tornar-se ainda mais aguda. O impeachment chegou a ser dado como provável, agora virou apenas possível.
19 de dezembro de 2015
Carlos Chagas
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