OU COMO ENSABOAR COM MUITA ESPUMA...
Leio na Revista Veja a entrevista com o político Romero Jucá - Senador da República - e apuro que se trata de uma verdadeira lição de política brasileira, a mais verdadeira arte de falar sem dizer nada que possa comprometer ou definir posições.
Não vale a pena perder tempo com quem tem a habilidade, quase diria inata, para responder qualquer pergunta que se lhe faça, por mais incômoda ou inconveniente.
Há sempre um espaço enorme para evasivas e disse-que-disse mas que não disse...
Dou apenas três respostas, para as perguntas que lhe foram feitas, com a clara intenção de mostrar como se faz política no Brasil, e deixo aos caros e eventuais leitores a avaliação. Vamos lá...
***
O PMDB VAI ANUNCIAR O ROMPIMENTO COM O GOVERNO DILMA NO CONGRESSO MARCADO PARA 15 DE NOVEMBRO?
(A engenhosidade de não responder SIM ou NÃO)
Estamos discutindo, avaliando a situação. E estamos procurando ajudar o governo, a Agenda Brasil é um exemplo disso. Mas não podermos deixar de ser críticos. Não podemos deixar de dizer que o PMDB tem uma história que vai além do governo do PT e da presidente Dilma. O partido tem uma vida que vai além dessa aliança com o PT - uma aliança que já se esgotou. O PMDB tem de se preparar para o futuro. Não pode ficar preso a esse passado nem a este presente. Não pode ser sócio dos erros do governo porque a concepção desses erros não foi nossa. O PMDB vai ter de ter coragem de decidir.
MAS O PARTIDO PARECE QUE NUNCA ESTEVE TÃO DENTRO DO GOVERNO, DADO QUE SERÁ O PRINCIPAL BENEFICIÁRIO DA REFORMA MINISTERIAL.
O governo decidiu falar direto com as bancadas. O que ele fez foi negociar com elas e ampliar o número de suítes do Titanic. Mas para nós, do Comando do PMDB, a discussão não tinha de ser em torno do número de suítes, tinha de ser para mudar a rota do navio. E o governo mais uma vez deixou de atuar nessa direção. Mostrou estar completamente fora de sintonia com a nova realidade política das ruas brasileiras. Tudo o que o povo não quer ouvir falar é em negociação de cargos, distribuição de emendas - tudo o que não resolve estruturalmente a relação política.
MAS ESSAS SÃO PRÁTICAS COMUMENTE ASSOCIADAS AO PMDB.
Ocorre que nós estamos vivendo uma crise de representatividade política e de relação com a sociedade. Os partidos e os políticos que não entenderem isso estarão fora do jogo. Esse modelo do toma lá dá cá se esgotou. O partido que não estiver sintonizado com o que a sociedade espera vai virar um dinossauro e perecer. Nós vamos ter em 2018 uma eleição completamente diferente.
***
Esse é o tom da entrevista. Seria exaustivo e desinteressante reproduzir tudo o que foi dito por sua excelência. Afinal, nada de sério, de verdadeiro, poderia ser extraído do lugar comum das respostas dadas.
Quem está, ainda que medianamente informado, sobre a participação do PMDB na política brasileira, sabe do fisiologismo que o transformou na maior 'base de coalização' do governo.
Sabe que o papel do partido outro não foi senão lotear cargos, distribuir favores, participar de inúmeras maracutaias.
Sabe o que fez dele o maior partido do país.
Daí a extenuante sensação que contaminou o eleitor, o cidadão, quanto a qualidade dos partidos e políticos. Ambos gravitando em torno das "inúmeras boquinhas" que transformam a eleição num grande espetáculo circense.
A cada pesquisa, revela-se o desencanto, a desesperança com os que avassalaram o poder e o transformaram num show deprimente.
Lendo a entrevista fica não apenas o espanto, mas a hipocrisia que nos transmite a impressão de que o PMDB acaba de chegar ao palco e que (apesar dos ministros e outros infiltrados em estatais e secretarias) nada sabe, nada viu e nem ouviu.
Sua excelência fala em suítes e camarotes, mantendo alguma distância, como alguém que sequer sabe onde ficam, e menos ainda do conforto que oferecem.
Concluímos que a política brasileira é um grande palco iluminado, onde os atores representam a encenação de uma fantástica ópera bufa, divertindo uma platéia que pagou a entrada a preço exorbitante, como se tudo fosse apenas um grande espetáculo e não afetasse as suas vidinhas.
Baratas... Baratas por todo lado...
10 de outubro de 2015
m.americo
Leio na Revista Veja a entrevista com o político Romero Jucá - Senador da República - e apuro que se trata de uma verdadeira lição de política brasileira, a mais verdadeira arte de falar sem dizer nada que possa comprometer ou definir posições.
Não vale a pena perder tempo com quem tem a habilidade, quase diria inata, para responder qualquer pergunta que se lhe faça, por mais incômoda ou inconveniente.
Há sempre um espaço enorme para evasivas e disse-que-disse mas que não disse...
Dou apenas três respostas, para as perguntas que lhe foram feitas, com a clara intenção de mostrar como se faz política no Brasil, e deixo aos caros e eventuais leitores a avaliação. Vamos lá...
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O PMDB VAI ANUNCIAR O ROMPIMENTO COM O GOVERNO DILMA NO CONGRESSO MARCADO PARA 15 DE NOVEMBRO?
(A engenhosidade de não responder SIM ou NÃO)
Estamos discutindo, avaliando a situação. E estamos procurando ajudar o governo, a Agenda Brasil é um exemplo disso. Mas não podermos deixar de ser críticos. Não podemos deixar de dizer que o PMDB tem uma história que vai além do governo do PT e da presidente Dilma. O partido tem uma vida que vai além dessa aliança com o PT - uma aliança que já se esgotou. O PMDB tem de se preparar para o futuro. Não pode ficar preso a esse passado nem a este presente. Não pode ser sócio dos erros do governo porque a concepção desses erros não foi nossa. O PMDB vai ter de ter coragem de decidir.
MAS O PARTIDO PARECE QUE NUNCA ESTEVE TÃO DENTRO DO GOVERNO, DADO QUE SERÁ O PRINCIPAL BENEFICIÁRIO DA REFORMA MINISTERIAL.
O governo decidiu falar direto com as bancadas. O que ele fez foi negociar com elas e ampliar o número de suítes do Titanic. Mas para nós, do Comando do PMDB, a discussão não tinha de ser em torno do número de suítes, tinha de ser para mudar a rota do navio. E o governo mais uma vez deixou de atuar nessa direção. Mostrou estar completamente fora de sintonia com a nova realidade política das ruas brasileiras. Tudo o que o povo não quer ouvir falar é em negociação de cargos, distribuição de emendas - tudo o que não resolve estruturalmente a relação política.
MAS ESSAS SÃO PRÁTICAS COMUMENTE ASSOCIADAS AO PMDB.
Ocorre que nós estamos vivendo uma crise de representatividade política e de relação com a sociedade. Os partidos e os políticos que não entenderem isso estarão fora do jogo. Esse modelo do toma lá dá cá se esgotou. O partido que não estiver sintonizado com o que a sociedade espera vai virar um dinossauro e perecer. Nós vamos ter em 2018 uma eleição completamente diferente.
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Esse é o tom da entrevista. Seria exaustivo e desinteressante reproduzir tudo o que foi dito por sua excelência. Afinal, nada de sério, de verdadeiro, poderia ser extraído do lugar comum das respostas dadas.
Quem está, ainda que medianamente informado, sobre a participação do PMDB na política brasileira, sabe do fisiologismo que o transformou na maior 'base de coalização' do governo.
Sabe que o papel do partido outro não foi senão lotear cargos, distribuir favores, participar de inúmeras maracutaias.
Sabe o que fez dele o maior partido do país.
Daí a extenuante sensação que contaminou o eleitor, o cidadão, quanto a qualidade dos partidos e políticos. Ambos gravitando em torno das "inúmeras boquinhas" que transformam a eleição num grande espetáculo circense.
A cada pesquisa, revela-se o desencanto, a desesperança com os que avassalaram o poder e o transformaram num show deprimente.
Lendo a entrevista fica não apenas o espanto, mas a hipocrisia que nos transmite a impressão de que o PMDB acaba de chegar ao palco e que (apesar dos ministros e outros infiltrados em estatais e secretarias) nada sabe, nada viu e nem ouviu.
Sua excelência fala em suítes e camarotes, mantendo alguma distância, como alguém que sequer sabe onde ficam, e menos ainda do conforto que oferecem.
Concluímos que a política brasileira é um grande palco iluminado, onde os atores representam a encenação de uma fantástica ópera bufa, divertindo uma platéia que pagou a entrada a preço exorbitante, como se tudo fosse apenas um grande espetáculo e não afetasse as suas vidinhas.
Baratas... Baratas por todo lado...
10 de outubro de 2015
m.americo
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