"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 10 de outubro de 2015

CAIRÁ ATIRANDO?

Cunha prometer despachar todos os pedidos de impeachment na próxima terça

No jornalismo, andam chamando de “preparar armadilha” a tática cada vez mais comum de ter um montante de informação apurada, jogar um naco numa primeira manchete, esperar o alvo soltar um desmentido, soltar outra fatia de informação, ver o personagem principal tropeçar nas próprias pernas e, numa cartada final, encaixar um golpe fatal. Por mais que Eduardo Cunha demonstre segurança quando sabatinado por jornalistas, comportou-se nos últimos dias como um sofrível amador. Resultado? A imprensa passou a semana deitando e rolando com uma mesma notícia, trazendo a cada dia novos detalhes que tornavam a coisa toda cada vez mais crível – e o presidente da Câmara cada vez mais mentiroso.
Os milhões de dólares que Cunha escondeu na Suíça soam centavos quando comparados com a mais grossa parte dos escândalos recentes envolvendo o PT. Até mesmo com a atualização das “pedaladas fiscais”, que só em 2015 já chegam a R$ 38 bilhões. Mas nada disso impediu a imprensa de tornar o fato o mais importante desta sexta-feira. E de cobrar a renúncia do peemedebista como se fosse mais urgente que a da própria Dilma, a presidente que enfiou o Brasil numa recessão que já deve comer 3% do PIB em 2015 e desempregou um milhão de brasileiros.
Claro que o próprio Cunha tem culpa no cartório e merece pagar por isso. E não só por ter mentido na CPI da Petrobras e escondido grana no exterior. Mas por ter sido ele mesmo um defensor do governo que hoje o queima para se salvar. Quando milhões ocupavam as ruas em março e abril, ele chamava a ideia de um impeachment de Dilma de “inconstitucional”.
Qual a saída numa situação dessas? Por muito menos, Roberto Jefferson contou tudo o que sabia e levou para cadeia outros 24 mensaleiros. Cunha, ao que tudo indica, quer levar pelo menos um petista para fazer-lhe companhia no chão. Ou uma. Segundo Fernando Rodrigues, esse é o medo da própria Dilma. Porque o presidente da Câmara prometeu despachar na próxima terça-feira todos os pedidos de impeachment que ainda restam em sua mesa. Inclusive o principal: o de Hélio Bicudo.
A estratégia era arquivar todos liberando a oposição para entrar com um recurso e, via maioria simples, colocar em pauta processo de impedimento de Dilma. Mas… E se ele aceita um dos pedidos? E se aceita logo o de Bicudo, mais bem fundamentado com o auxílio de Janaína Paschoal e Miguel Reale Jr? É esse o principal temor do Planalto. Porque assim a oposição ganha um enorme tempo e ainda conseguirá aproveitar uma semana na qual Dilma enfileirou derrotas estrondosas nas mais variados instâncias.
Ao PT, restaria repetir o que já grita por aí: “Que moral tem Eduardo Cunha para pedir o impeachment de alguém?” Bom… Num caso desses, cada parlamentar poderá enfrentar as câmeras de todo o Brasil e responder, durante a votação, se os desvios de conduta do presidente da Câmara são motivos fortes o suficiente para manter Dilma na Presidência da República. No mais, cabe a pergunta: que moral tem o PT para exigir moral de alguém?
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado


10 de outubro de 2015
implicante

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