"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

JARBAS QUER RENÚNCIA DE DILMA E AFASTAMENTO DE CUNHA



Jarbas diz que nunca viu a coisa tão ruim
Representante da ala rebelde do maior partido da base aliada, o deputado federal e ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) afirma que o governo federal está envolto em um “mar de corrupção” e a presidente Dilma Rousseff (PT), “no mundo da lua”. Em entrevista à Folha, o deputado defendeu a renúncia de Dilma, mas disse que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não tem legitimidade para conduzir um processo de impeachment, por ter sido denunciado sob acusação de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
Cotado como possível candidato à presidência da Câmara, Jarbas foi o único parlamentar do PMDB a assinar a representação que pede a cassação de Cunha, a quem chama de “psicopata” e acusa de “jogar dos dois lados”. Mas ele também não poupa o Congresso. “A Câmara é uma tragédia. Eu nunca vi coisa tão ruim.”
Como o senhor vê a crise atual?
Estou na política há mais de 40 anos e nunca vi nada parecido, um momento de degradação e deterioração, uma tempestade. Crise política arrastando crise econômica, moral e ética. E o mais grave é que não chegou ao fundo do poço, porque a crise não terminou nem vai terminar agora.
Há elementos para um impeachment de Dilma?
Não, acho que ainda não. O impeachment é um processo complicado, e é preciso ter o delito, que ainda não surgiu concretamente.
Então por que o senhor defende que ela renuncie?
Porque ela perdeu as condições de governabilidade, está desacreditada. Todos os institutos de pesquisa dão a ela dez pontos ou menos de aprovação. Ela perdeu a credibilidade a partir das mentiras feitas na campanha.
Quando ela mentiu?
Ao dizer que só tomou consciência da dimensão da crise em novembro. Ela sabia de tudo. Nos debates com Aécio, sabia que o país estava em crise, que não podia prometer aquilo nem fazer o que estava fazendo. O processo de mentira foi estendido para o pós-eleição.
Ela diz que não irá renunciar…
Ela não tem condição nenhuma [de governar], o país está mergulhado num mar de corrupção e ela, no mundo da lua. Está, neste momento, desajustada. Basta ver as falas dela, não têm nexo. O desemprego está campeando, a corrupção nunca foi tão grande. É evidente: ou sai pela renúncia ou pelo impeachment.
O sr. diz que não há elementos para impeachment. Se ocorrer, seria um golpe?
Não acredito que o impeachment ocorra sem que se votem antes as pedaladas no Congresso. Acho que a oposição vai ter que esperar, embora alguns entendam que a decisão do TCU já seja um elemento fundamental. E a gente está com a Operação Lava Jato em funcionamento e pode, a qualquer momento, bater dentro do palácio.
O vice Michel Temer também deveria sair?
Não, porque aí levaria o país para uma nova eleição e tenho certeza de que não vai dar certo abrir um novo processo eleitoral agora. Primeiro porque é fora do calendário eleitoral. Se você antecipa isso para 2016, é um atropelo. O país já está na exaustão, nos últimos estertores, a economia completamente liquidada, desceria ainda mais.
Como seria um governo Temer?
Ele pode procurar fazer uma travessia correta, honesta, assumir um compromisso claro de que não será candidato à reeleição, para que não se desencadeie um processo sucessório. Ele só pode fazer essa travessia se tiver o apoio de todos, deveria buscar o apoio até do PT mais sadio. E quando o PSDB diz que apoia Temer, mas não participa, é um apoio pela metade. O maior partido da oposição tem que participar. O Michel reúne essas condições [para governar]. Eu estou inteiramente à vontade para dizer isso, mesmo que há dez anos eu não mantenha um diálogo político e partidário com ele, desde o apoio dele ao PT. Mas ele é o homem do diálogo, uma pessoa séria.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pode conduzir um processo de impeachment?
Não tem a menor condição. Se ele não reúne condições de presidir a Câmara, como é que ele vai conduzir um processo de impeachment? Ele vai tirar qualquer legitimidade desse processo. Esse cidadão é um debochado, agora passou a debochar das instituições. Ele é um psicopata. Não se confia numa pessoa sem caráter como ele. Ele joga dos dois lados. Quando ele diz que o maior escândalo de corrupção foi feito agora no governo do PT, é verdade, mas ele é um dos artífices disso, foi um dos que mais roubaram.
26 de outubro de 2015
Patrícia Britto
Folha

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