Quantos ministros a presidente Dilma nomeou e demitiu, desde que assumiu o governo? Entre permanentes e interinos, 157. Como ainda dispõe de três anos e três meses de mandato, se não for surpreendida pelo impeachment, tudo indica que chegará aos 200. A gente fica pensando se a maioria dos ministros dispensados fracassou. Claro que muitos viram-se nomeados sem ter a menor relação com os ministérios que assumiram, mas será exagero supor um conjunto de incompetentes.
Melhor olhar para a outra ponta da equação. Ainda que a presidente tenha sido forçada a escolher montes de ministros que não queria ou deles nem cogitava, a verdade é que esse festival de nomeações e demissões deve-se à sua incapacidade de escolher. Parece deficiência dela selecionar os melhores para cada setor, ora privilegiando nulidades, ora obrigada a ceder a pressões fisiológicas.
Nesse particular, acrescente-se também a obsessão do Lula, do PT, do PMDB e demais partidos da base oficial, de ocupar espaços de poder sem o menor compromisso com a eficiência administrativa. E a política também.
PRIMEIRO REVÉS
O resultado aí está: dois dias depois de empossado o novo ministério, o governo colheu o primeiro revés. Suas bancadas na Câmara não conseguiram número para abrir a sessão que examinaria os vetos de Madame a uma série de projetos por ela considerados prejudiciais ao ajuste fiscal. Também não pode evitar que o Tribunal de Contas da União rejeitasse as contas de 2014. Para encerrar a primeira semana de derrotas, vem o Tribunal Superior Eleitoral e decide investigar o uso de dinheiro podre na recente campanha presidencial.
Para cada lado que Dilma se volte surgem dificuldades, para não falar na vertiginosa queda de sua popularidade, nos 28 milhões de desempregados, na elevação de impostos, na onda de greves e outros tantos obstáculos que o governo atual não consegue ultrapassar.
Mesmo que a presidente supere o impeachment, fica a dúvida se conseguirá chegar ao final do mandato. Reconhecem 88% dos brasileiros ter sido um erro a reeleição de Dilma. Por isso as especulações se multiplicam, avançando além da ortodoxia político-partidária.
OUTRAS OPÇÕES
A dicotomia entre o Lula e Aécio Neves já não contém o vento de outras opções. José Serra no PMDB passa a ser alternativa para a derrota de Michel Temer. Marina Silva afinal conseguiu um partido dela, sem empecilhos. Joaquim Barbosa não deixa ninguém esquecer sua aura moralizante, através das redes sociais. Ciro Gomes ressurge mais experiente e cheio de propostas. Álvaro Dias decidiu buscar outro ninho longe dos tucanos.
Em suma, enquanto não vem nova reforma do ministério, as agruras do governo Dilma contam-se como o general João Figueiredo contava os dias até o final de seu mandato: riscando as baias com canivete para saber que faltava pouco.
08 de outubro de 2015
Carlos Chagas
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