De acordo com o delator, o conflito dentro do PP foi levado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa aos ex-ministros Ideli Salvatti e Gilberto Carvalho então responsáveis pela Secretaria de Relações Institucionais e Secretaria-Geral da Presidência da República, respectivamente. Costa assumiu o comando da diretoria da estatal em 2004, por indicação do PP.
Em seu depoimento, o doleiro afirmou que o ex-diretor da Petrobrás disse em reuniões que necessitava de uma “indicação” do Planalto a respeito de qual ala do PP deveria receber os recursos do esquema de corrupção. As reuniões nas quais o ex-diretor fez as afirmações, segundo Youssef, foram realizadas com a presença de parlamentares do partido.
De acordo com o doleiro, o deputado Nelson Meurer (PP/PR) e o ex-ministro Mário Negromonte (Cidades, governo Dilma Rousseff) relataram terem tratado da distribuição de vantagens do esquema de corrupção na Petrobrás com Ideli e Gilberto Carvalho.
COSTA NEGA
Já Paulo Roberto Costa negou que o assunto tivesse sido levado ao Planalto. Em depoimento no final de julho, o ex-diretor de Abastecimento afirmou que ocorreram tratativas com o PP, inclusive para alterar o operador da distribuição de propinas, já que o grupo liderado por Ciro Nogueira não confiava em Youssef.
Costa negou ter conversado com Ideli ou Gilberto Carvalho sobre problemas com o PP e disse que aguardou a definição do próprio partido a respeito do grupo que deveria receber os recursos.
PAGANDO A FILIAÇÃO
Alberto Youssef disse, ainda, que o senador Ciro Nogueira (PI) recebeu US$ 150 mil para se filiar ao PP, partido que preside atualmente. Em depoimento do início de julho, o doleiro relatou que o dinheiro foi passado por ele ao ex-deputado José Janene, morto em 2010, e não foi oriundo do esquema de corrupção na Petrobrás. Segundo Youssef, o dinheiro saiu de seus recursos ‘próprios’, obtidos a partir do esquema conhecido como Banestado – escândalo da evasão de cerca de US$ 30 bilhões.
“Com relação ao senador Ciro Nogueira, o declarante afirma que a sua vinda para o Partido Progressista custou cento e cinquenta mil dólares; que este valor foi pago ao próprio Ciro Nogueira”, escrevem os investigadores em relatório elaborado a partir do depoimento de Youssef.
O relatório integra o inquérito que investiga suposta fomação de quadrilha por 39 pessoas para organizar o esquema de corrupção na Petrobras. Ciro Nogueira deixou o PFL para se filiar ao PP em 2002.
12 de setembro de 2015
Beatriz Bulla, Talita Fernandes, Andreza Matais e Julia Affonso
Estadão
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