"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de setembro de 2015

DISPUTA PELA PROPINA FOI LEVADA AO PLANALTO, DIZ YOUSSEF


O doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato, revelou a investigadores uma reunião que teve com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), em Brasília, para discutir “conflitos internos” no partido por causa da distribuição de recursos oriundos do esquema de corrupção na Petrobrás, que teriam chegado ao conhecimento do Palácio do Planalto.

De acordo com o delator, o conflito dentro do PP foi levado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa aos ex-ministros Ideli Salvatti e Gilberto Carvalho então responsáveis pela Secretaria de Relações Institucionais e Secretaria-Geral da Presidência da República, respectivamente. Costa assumiu o comando da diretoria da estatal em 2004, por indicação do PP.

Em seu depoimento, o doleiro afirmou que o ex-diretor da Petrobrás disse em reuniões que necessitava de uma “indicação” do Planalto a respeito de qual ala do PP deveria receber os recursos do esquema de corrupção. As reuniões nas quais o ex-diretor fez as afirmações, segundo Youssef, foram realizadas com a presença de parlamentares do partido.

De acordo com o doleiro, o deputado Nelson Meurer (PP/PR) e o ex-ministro Mário Negromonte (Cidades, governo Dilma Rousseff) relataram terem tratado da distribuição de vantagens do esquema de corrupção na Petrobrás com Ideli e Gilberto Carvalho.

COSTA NEGA
Já Paulo Roberto Costa negou que o assunto tivesse sido levado ao Planalto. Em depoimento no final de julho, o ex-diretor de Abastecimento afirmou que ocorreram tratativas com o PP, inclusive para alterar o operador da distribuição de propinas, já que o grupo liderado por Ciro Nogueira não confiava em Youssef.
Costa negou ter conversado com Ideli ou Gilberto Carvalho sobre problemas com o PP e disse que aguardou a definição do próprio partido a respeito do grupo que deveria receber os recursos.

PAGANDO A FILIAÇÃO
Alberto Youssef disse, ainda, que o senador Ciro Nogueira (PI) recebeu US$ 150 mil para se filiar ao PP, partido que preside atualmente. Em depoimento do início de julho, o doleiro relatou que o dinheiro foi passado por ele ao ex-deputado José Janene, morto em 2010, e não foi oriundo do esquema de corrupção na Petrobrás. Segundo Youssef, o dinheiro saiu de seus recursos ‘próprios’, obtidos a partir do esquema conhecido como Banestado – escândalo da evasão de cerca de US$ 30 bilhões.

“Com relação ao senador Ciro Nogueira, o declarante afirma que a sua vinda para o Partido Progressista custou cento e cinquenta mil dólares; que este valor foi pago ao próprio Ciro Nogueira”, escrevem os investigadores em relatório elaborado a partir do depoimento de Youssef.

O relatório integra o inquérito que investiga suposta fomação de quadrilha por 39 pessoas para organizar o esquema de corrupção na Petrobras. Ciro Nogueira deixou o PFL para se filiar ao PP em 2002.

12 de setembro de 2015
Beatriz Bulla, Talita Fernandes, Andreza Matais e Julia Affonso
Estadão

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