"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

DEFESA DE CUNHA PROCURA FALHAS NA DENÚNCIA DE JANOT



Antes da sessão do Supremo Tribunal Federal que decidirá sobre a aceitação das denúncias oferecidas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o senador Fernando Collor (PTB-AL), os dois acusados terão quinze dias para apresentar suas defesas prévias, por escrito. As defesas serão analisadas pelos ministros-relatores, que depois de concluírem os pareceres então colocarão em pauta as denúncias.
No caso de Eduardo Cunha, seus advogados procuram falhas nas 85 páginas da denúncia apresentada por Janot.  Eles já identificaram várias contradições, como o fato de que, em seus depoimentos originais, o doleiro Alberto Youssef e o lobista Júlio Camargo jamais terem acusado Cunha.
O nome do parlamentar do PMDB surgiu na Lava Jato em janeiro, quando o agente federal Jayme Careca, que entregava propinas encaminhadas pelo doleiro, afirmou ter levado um pacote de dinheiro à casa de Cunha, no Rio de Janeiro. Por ter sido imediatamente desmentido pelo parlamentar, o agente federal então forneceu o endereço da entrega, mas logo se descobriu que a residência apontada não era de Cunha, mas de um advogado que trabalha para o deputado estadual Jorge Picciani, presidente regional do PMDB.
YOUSSEF DEFENDEU CUNHA
Os defensores do presidente da Câmara, do escritório do ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza, dizem que é importante assinalar que, na época, o próprio doleiro Alberto Youssef desmentiu o agente Jayme Careca, afirmando que não conhecia Cunha e jamais havia mandado entregar propinas ao deputado. No dia 12 de janeiro, o advogado Antonio Basto Figueiredo, que defende Youssef, também declarou à imprensa que o doleiro não conhecia Cunha e nunca mandara dinheiro para ele.
Cinco meses depois, no dia 10 de maio, em depoimento à CPI da Petrobrás, Youssef voltou a dizer que não podia confirmar remessa de dinheiro para o presidente da Câmara. “Recebi da OAS para que fosse entregue o recurso nesse endereço. Não sabia quem era morador da residência”, disse Youssef aos parlamentares.
Os advogados de Cunha destacam que jamais houve depoimento do doleiro ou de qualquer outro delator dizendo ter dado dinheiro diretamente ao deputado. No caso de Youssef, por exemplo, ele disse ter sabido que o lobista Julio Camargo pedira propina que deveria ser destinada a Cunha, por um contrato de locação de sondas para a Petrobras. Mas na época afirmou nunca ter dado nenhuma propina ao deputado.
DE REPENTE, TUDO MUDOU
Os advogados de Cunha dizem que, de repente, tudo mudou, como novo depoimento de Camargo, dia 16 de julho. Embora o doleiro jamais tenha feito pagamentos ao deputado, na lista de pagamentos a Cunha entra uma empresa do próprio Youssef, a Devoshire Global Fund, que teria recebido parte das 34 operações feitas pelo lobista Júlio Camargo para pagar as propinas ao deputado. É esse tipo de contradição que a defesa do presidente da Câmara vai explorar.
Os advogados apontam também uma discrepância entre o depoimento de Camargo, que disse ter sido chantageado por Cunha em US$ 10 milhões, enquanto Janot afirmou que o deputado exigiu 15 milhões. Dizem, ainda, não haver comprovação que Cunha teria comparecido ao Edifício Leblon Empresarial, no Rio de Janeiro, em 17 de setembro de 2011, para se encontrar com Fernando Baiano e Júlio Camargo. Só há provas da entrada do carro de Baiano no estacionamento, entre 19h e 21h. Não há comprovação de que Cunha estaria com ele nem houve gravação da conversa entre eles, que tem “trechos” inteiros supostamente transcritos por Janot na denúncia de 85 páginas, como se fossem extraídos de um gravador. Além disso, segundo os advogados, o fato de Cunha estar no Rio naquele domingo é bobagem, porque ele mora aqui.
Em função dessas falhas na denúncia, o advogado Davi Machado Evangelista, que atua no escritório de Brasília que defende Cunha, diz que a acusação é “facilmente derrubável”, sobretudo por ser toda baseada no depoimento de Júlio Camargo, “um delator infiel, que mente”.
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PS – E não percam hoje o sensacional embate entre o senador Fernando Collor e o procurador-geral Rodrigo Janot. O parlamentar vai exibir documentos mostrando que Janot tem um passado nebuloso e uma folha corrida considerável. Ao final da sabatina, vai ser difícil saber quem é o pior – Janot ou o próprio Collor. Se minha avó Duquinha estivesse viva, diria: “Um pelo outro, eu não quero troca”. (C.N.)

26 de agosto de 2015
Carlos Newton

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