A turbulência pela qual vem atravessando nos últimos dias o mercado de ações da China tem merecido coletâneas de análises, inconclusivas, na imprensa internacional.
De julho do ano passado a julho deste ano, o desempenho da bolsa de Shangai havia sido extraordinário, tipo padrão chinês: 150% de valorização.
Mas do último dia 8 de julho para cá, o que parecia sólido passou a desfazer-se no ar. As cotações declinaram 38% até a última sexta-feira. E o início desta semana, então, está sendo catastrófico: queda de 8,5% ontem; queda de 7,6%, hoje.
O despencar da bolsa de Shangai aterroriza não apenas o pequeno e sofrido poupador chinês - que ainda não conhecia o aspecto “cassino” do mercado de ações –, como está começando a provocar um princípio de pânico ao redor do mundo.
Somente nos últimos três dias úteis, a perda de valor das ações negociadas nas bolsas de todo o mundo beirou três trilhões de dólares. Isso mesmo, US$ 3.000.000.000.000 se dissolveram no espaço.
A questão principal ainda está sem resposta: esse desabamento é circunstancial, resultado de forças meramente especulativas, ou será, muito mais grave, sintoma de um tumor ainda não diagnosticado, na segunda maior economia do mundo, e a que mais cresce?
A memória do desastre das bolsas, em 1987, ainda está na memória dos veteranos. Chegou sem aviso, devastou tudo como um tsunami, e os economistas, que nada previram antes, foram depois pródigos em explicações. O mesmo, aliás, ocorreu com a crise que eclodiu nos últimos anos da década passada.
Para os Estados Unidos, que aos poucos foram deixando para trás os efeitos da crise econômica, a dúvida é crucial.
A nata do mundo econômico e financeiro, americano e internacional, governo e setor privado, já começa a seguir para Jackson Hole, no remoto estado do Wyoming, onde a partir de quinta-feira estarão reunidos para a edição 2015 do encontro de política econômica mais importante do mundo.
Em seu artigo semanal no NYT, o economista Paul Krugman admite que as notícias econômicas para os EUA têm sido razoavelmente boas nos últimos tempos. O problema, observa, é que o mundo, como um todo, não consegue encontrar pé, e nos últimos sete anos só tem feito sair de um pântano para se chafurdar em outro.
Tudo começou com a crise financeira provocada pela bolha criada no mercado imobiliário americano, mas que afetou também grandemente a Europa. Quando, anos depois, mal começava a Europa a se recuperar, teve de enfrentar uma forte crise de endividamento, com efeitos recessivos. Agora, o problema é com a China!
O que se vai discutir em Jackson Hole é o que devem os responsáveis pelas finanças em todo o mundo fazer para não deixar a peteca cair mais uma vez.
A recuperação nos EUA é ainda frágil, mas é de lá que partem os únicos sinais mais esperançosos de que poderemos evitar o destino do Titanic.
26 de abosto de 2015
Pedro Luiz Cardoso
De julho do ano passado a julho deste ano, o desempenho da bolsa de Shangai havia sido extraordinário, tipo padrão chinês: 150% de valorização.
Mas do último dia 8 de julho para cá, o que parecia sólido passou a desfazer-se no ar. As cotações declinaram 38% até a última sexta-feira. E o início desta semana, então, está sendo catastrófico: queda de 8,5% ontem; queda de 7,6%, hoje.
O despencar da bolsa de Shangai aterroriza não apenas o pequeno e sofrido poupador chinês - que ainda não conhecia o aspecto “cassino” do mercado de ações –, como está começando a provocar um princípio de pânico ao redor do mundo.
Somente nos últimos três dias úteis, a perda de valor das ações negociadas nas bolsas de todo o mundo beirou três trilhões de dólares. Isso mesmo, US$ 3.000.000.000.000 se dissolveram no espaço.
A questão principal ainda está sem resposta: esse desabamento é circunstancial, resultado de forças meramente especulativas, ou será, muito mais grave, sintoma de um tumor ainda não diagnosticado, na segunda maior economia do mundo, e a que mais cresce?
A memória do desastre das bolsas, em 1987, ainda está na memória dos veteranos. Chegou sem aviso, devastou tudo como um tsunami, e os economistas, que nada previram antes, foram depois pródigos em explicações. O mesmo, aliás, ocorreu com a crise que eclodiu nos últimos anos da década passada.
Para os Estados Unidos, que aos poucos foram deixando para trás os efeitos da crise econômica, a dúvida é crucial.
A nata do mundo econômico e financeiro, americano e internacional, governo e setor privado, já começa a seguir para Jackson Hole, no remoto estado do Wyoming, onde a partir de quinta-feira estarão reunidos para a edição 2015 do encontro de política econômica mais importante do mundo.
Em seu artigo semanal no NYT, o economista Paul Krugman admite que as notícias econômicas para os EUA têm sido razoavelmente boas nos últimos tempos. O problema, observa, é que o mundo, como um todo, não consegue encontrar pé, e nos últimos sete anos só tem feito sair de um pântano para se chafurdar em outro.
Tudo começou com a crise financeira provocada pela bolha criada no mercado imobiliário americano, mas que afetou também grandemente a Europa. Quando, anos depois, mal começava a Europa a se recuperar, teve de enfrentar uma forte crise de endividamento, com efeitos recessivos. Agora, o problema é com a China!
O que se vai discutir em Jackson Hole é o que devem os responsáveis pelas finanças em todo o mundo fazer para não deixar a peteca cair mais uma vez.
A recuperação nos EUA é ainda frágil, mas é de lá que partem os únicos sinais mais esperançosos de que poderemos evitar o destino do Titanic.
26 de abosto de 2015
Pedro Luiz Cardoso
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