"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

BATOM NA CUECA DA CAIXA

EX-DIRETOR DA CAIXA REUNIU-SE COM VARGAS 'ENTRE 10 E 15 VEZES'
À PF, DIRETOR DE MARKETING DA CAIXA CONFESSOU "10 OU 15" ENCONTROS COM ANDRÉ VARGAS



EX-DEPUTADO CASSADO ANDRÉ VARGAS E O CONHECIDO,
CLAUIR DOS SANTOS, DIRETOR DE MARKETING DA CAIXA. 
FOTO: CAPTURA


O ex-diretor de marketing da Caixa Econômica Federal Clauir Luiz dos Santos afirmou em depoimento à força-tarefa da Operação Lava-Jato que há uma orientação do banco para que se faça atendimento de parlamentares. Os investigadores apuram se Clauir era o elo do ex-deputado federal André Vargas (ex-PT/PR), preso em abril pela Lava Jato, com um esquema de corrupção em contratos de publicidade que rendia 10% de propina, via subcontratos no setor.

Clauir teria sido indicado pelo ex-deputado para o cargo na Diretoria de Marketing na Caixa. Ele nega a indicação política e nega qualquer irregularidade em sua conduta na instituição financeira.

Em seu relato à força-tarefa, ocorrido em 23 de abril, Clauir disse que 2007 e 2013 esteve reunido "entre dez e quinze vezes" com André Vargas. O ex-diretor de Marketing declarou que 'há necessidade de atender parlamentares por orientação da própria Caixa Econômica Federal'.

Segundo a força-tarefa, a agência de publicidade Borghie Lowe, que administrava contas publicitárias da Caixa Econômica Federal, teria contratado serviços das empresas E-noise, Luis Portela, Conspiração, Sagaz e Zulu Filmes para a realização de serviços de publicidade, e as orientado a realizar pagamentos de comissões de bônus de volume nas contas de empresas controladas por Vargas e seus irmãos.

Clauir afirmou que não tem ideia da razão pela qual as empresas fornecedoras de serviço da Caixa depositaram quantias de dinheiro nas contas bancárias das empresas de André Vargas. O ex-diretor contou que eles se conheceram em 2007.

A força-tarefa da Lava Jato transcreveu assim o relato de Clauir Luiz dos Santos. "Foi apresentado a Vargas na própria Presidência da Caixa Econômica Federal; que neste período teve poucos contatos com André Vargas; que André Vargas não tinha influência dentro da Caixa Econômica Federal; que André Vargas esteve algumas vezes na Caixa Econômica Federal para conversar com o declarante; que André Vargas pedia para o declarante atender pessoas, atender projetos referentes à atuação do declarante como diretor de marketing dentre outras coisas", disse o ex-diretor. "Há necessidade de atender parlamentares por orientação da própria Caixa Econômica Federal; que André Vargas jamais solicitou pagamento de vantagem indevida, ou influenciou em algum dos contratos de marketing."

Clauir dos Santos se aposentou no dia 26 de maio de 2015, depois que a Lava Jato prendeu André Vargas e decidiu ampliar a grande investigação para além do universo da Petrobras, mirando na área de publicidade de órgãos públicos.

Ele era funcionário de carreira da Caixa, onde entrou em 1989, por concurso. Tornou-se superintendente nacional de marketing (cargo que depois passou a ser chamado de diretor de marketing) em fevereiro de 2004, após passar por processo seletivo.

"O declarante recebe cerca de R$ 38 mil pelo trabalho pela CEF, além de mais R$ 2.700 de aposentadoria por idade; que o declarante sairá da CEF em breve; que desde 2010 o declarante intenta voltar para Curitiba para se aposentar, mas ficou na empresa por pedido pessoal do então presidente Jorge Hereda", afirmou.

Clauir disse que as diretorias da Caixa Econômica Federal são indicadas pela própria presidência do banco. Ele afirmou não saber 'de onde surgiu a notícia' de que sua indicação ao cargo de diretor teria sido política e de André Vargas.

"Desde 2007 André Vargas costumava frequentar a matriz da Caixa Econômica Federal em Brasília; que entre 2007 e 2013 o declarante esteve reunido entre dez e quinze vezes com André Vargas; que fora isso o declarante não mantinha relações pessoais com André Vargas; que algumas vezes André Vargas ligava para o declarante para tratar de assuntos referentes à atuação parlamentar como presidente da Comissão da Frente Parlamentar de Regionalização da Mídia; que esses contatos telefônicos ocorreram entre 2007 e 2013?, contou o ex-diretor de marketing da Caixa.

Caixa

"O empregado Clauir dos Santos prestou voluntariamente depoimento junto ao Ministério Público Federal, tendo inclusive colocado à disposição das autoridades seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.

Clauir dos Santos é ex-diretor de marketing do banco e se aposentou em maio de 2015, dentro do Plano de Incentivo à Aposentadoria realizado esse ano.

O atendimento a parlamentares e agentes públicos faz parte das atribuições de relacionamento institucional da CAIXA.

Nos relatórios da Polícia Federal e do Ministério Público, no âmbito da Operação A Origem, não houve nenhuma denúncia relativa a prática de irregularidades pela CAIXA, pelo empregado Clauir ou por outro empregado desta empresa.

Desde que tomou conhecimento dos fatos, a CAIXA prestou integral colaboração à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, enviando documentos e informações, conforme dados constantes na peça de acusação.

A CAIXA instaurou apuração interna para os fatos objeto da investigação que envolvem as empresas IT7 e Borghi-Lowe. Os trabalhos da comissão estão em andamento com previsão de finalização no final de junho.

A CAIXA ressalta que estão suspensos, desde o dia 10 de abril, todos os pagamentos de serviços prestados pelas empresas IT7 e Borghi-Lowe. Além disso, o contrato com a Borghi venceu em abril de 2015, não tendo sido renovado.

Não foi autorizada, desde a deflagração da operação policial mencionada, a execução de novos serviços pelas empresas citadas.

A CAIXA ratifica que continua à disposição da Polícia Federal, Ministério Público, Controladoria Geral da União e Tribunal de Contas da União para os esclarecimentos necessários."(AE)



15 de junho de 2015
diário do poder

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